sábado, 10 de outubro de 2009

Conheça o Tadjiquistão

Bandeira do país


Dados gerais

Capital
Duchambe

Governo
República, chefiada pelo presidente Emomali Rahmons desde novembro de 1994

População

7,3 milhões (26% urbana)

Área
143.100 km2

Localização
Ásia Central

Idiomas
Tadjique e russo

Religião
Islamismo 97%, outras 3%

Perseguição
Algumas limitações

Restrições
Há liberdade religiosa

O Tadjiquistão é um país da Ásia Central, limitado a norte pelo Quirguistão, a leste pela China, a sul pelo Afeganistão e a oeste e norte pelo Uzbequistão. Além do território principal, inclui ainda o enclave de Voruh, no Quirguistão. É uma ex-república soviética. Sua capital é Duchambe. Seu territorio é dominado pela Cordilheira Pamir. Áreas férteis podem ser encontradas nos vales entre as cordilheiras, cortados por inúmeros rios. Algumas montanhas têm seus picos permanentemente congelados e cobertos de neve.

História e governo

Desde o domínio persa no século XII até a ocupação russa no século XIX, o Tadjiquistão esteve sob controle de forças estrangeiras durante grande parte de sua história. Quando o Império Soviético entrou em colapso, o país mergulhou em uma grande guerra civil que terminou apenas em 1993.

Desde a guerra civil, o Partido da Renascença Islâmica é oficialmente reconhecido. Outros grupos islâmicos são mais influentes nas aldeias e em certas áreas do país. O governo do país controla rigorosamente as atividades religiosas.

Emomali Rahmon, presidente do país, cumpre atualmente seu terceiro mandato. Em março de 2008, ele removeu o sufixo russo de seu sobrenome (antes era Rahmonov). O presidente recomendou que todas as crianças recém-nascidas fossem registradas com sobrenomes tadjiques - uma forma de "aumentar o patriotismo", segundo ele.

Subdivisões


O Tajiquistão está dividido em três províncias, uma região autônoma e a capital, Duchambe, possui estatuto especial. Cada província é dividida em distritos.


População

Dos pouco mais de sete milhões de habitantes, 35% possuem idade inferior a 15 anos. Os muitos grupos étnicos presentes no país incluem iranianos, russos, uzbeques e quirguizes. A língua oficial do país é o tadjique, mas o russo também é amplamente utilizado nos negócios e na administração pública.

O estudo é obrigatório e o analfabetismo praticamente não existe no Tadjiquistão. A maioria dos tadjiques é muçulmana, mas há minorias que seguem o cristianismo ou outras religiões.

Pobreza

O Tadjiquistão é um dos 20 países mais pobres no mundo. Mais de 60% de seus habitantes vivem abaixo da linha de pobreza. A pobreza generalizada continua a alimentar o tráfico de drogas e a militância islâmica.

Estima-se que o desemprego atinja mais de 30% da população. Cerca de um milhão de tadjiques emigrou à Rússia para trabalhar, deixando desequilibrada a proporção entre homens e mulheres na nação.

Drogas

Armas e drogas estão amplamente disponíveis no país. O Tadjiquistão é o principal mediador e estocador das drogas produzidas no Afeganistão e direcionadas à Rússia e países ocidentais. A falta de infra-estrutura e lei abriu espaço para atividades ilegais em partes do Tadjiquistão (80% das drogas produzidas da Ásia Central se encontram no país). Muitos dos viciados acabam presos, pois quase não há centros de reabilitação disponíveis.


A Igreja

O cristianismo chegou ao Tadjiquistão nos primeiros séculos da era cristã, trazido por missionários da Igreja Apostólica do Oriente. No entanto, sua presença na região foi dizimada pelos exércitos de Tamerlão (o último grande conquistador da Ásia Central), gerando um vazio espiritual que veio a ser preenchido pelo islamismo.

Antes da década de 1990, o Tadjiquistão fazia parte da União Soviética, e as igrejas dos russos funcionavam sob diversas restrições. A maioria de seus membros não tinha a visão de alcançar os tadjiques com o evangelho. Com a guerra civil, muitos russos emigraram e a Igreja encolheu. No entanto, a nova liberdade religiosa deu a muitos a oportunidade de pregar aos tadjiques, que, aos poucos, se convertiam.

A Igreja formada por tadjiques é bem jovem e está à procura de sua própria identidade; separada da Igreja russa, mas trabalhando em cooperação com ela. Por meio do ministério em prisões, a Igreja tem crescido consideravelmente com a conversão de ex-viciados que conhecem Jesus enquanto estão presos. A mudança em suas vidas acaba por atrair seus familiares a Cristo também.

Apesar da crescente construção de igrejas e dos bons resultados da evangelização no país, ainda resta muita coisa para ser feita. O maior grupo de cristãos atualmente ainda pertence à Igreja Ortodoxa Russa.


A perseguição

Apesar da liberdade religiosa existente no país, o cristianismo enfrenta oposição por ser profundamente associado aos russos. O islamismo, por sua vez, é tido como integrante da identidade tadjique.

A difusão do islamismo tem o apoio da propaganda iraniana e, ocasionalmente, dos soldados afegãos. Há inúmeros casos de tadjiques que abraçaram o cristianismo e enfrentaram forte oposição de suas próprias famílias.

O Comitê de Assuntos Religiosos monitora todas as atividades das igrejas, em especial das congregações tadjiques. As comunidades religiosas precisam se registrar para atuar. Quando os cristãos evangelizam ativamente, correm o risco de serem levados em julgamento e multados. Também podem ser oprimidos e agredidos.

A importação e disponibilização de livros cristãos são restritas. A única livraria cristã que existia em todo o país foi fechada - um retrocesso para a Igreja.

No dia 25 de março, o presidente assinou uma lei religiosa controversa, considerada inconstitucional por grupos de direitos humanos. A nova lei censura a publicação e importação de livros religiosos e restringe a atividade e educação religiosa de crianças. Nenhuma dessas restrições, entretanto, se aplica à comunidade islâmica.

Em maio de 2008, o Ministério de Cultura do Tadjiquistão impediu que 100 mil Bíblias no idioma tadjique, compradas pela comunidade batista local, entrassem no país. O chefe do Comitê de Assuntos Religiosos, Idibek Zieev, teria dito que o volume de Bíblias era muito grande para a comunidade batista, que tem aproximadamente mil membros. Para ele, era estranho importar tantas cópias da Bíblia num país onde 95% por cento da população é formada por muçulmanos.


Motivos de oração

1. A Igreja tadjique desfruta de certa liberdade. Ore e peça que essa oportunidade seja utilizada da melhor maneira possível.

2. Por muitos anos, o cristianismo no país tem sido dominado pela cultura ortodoxa russa e ucraniana. Agora é necessário que a Igreja se integre à sociedade tadjique. Ore para que esse objetivo seja alcançado com sabedoria.

Fontes: Missão Portas Abertas e Wikipedia (adaptados)
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FOTOS

Museu Nacional



Imagens da Capital do País, Duchambe



Mesquita

Vendedores


Um pouco da paisagem montanhosa do país


Quase um quarto da população mundial é muçulmana

INTERNACIONAL - Quase um quarto da população mundial é muçulmana, segundo estudo do Pew Center realizado em mais de 200 países e publicado nesta quinta-feira (8). A pesquisa mostra que 1,5 bilhão de pessoas no mundo são muçulmanas, cifra que representa 23% da população mundial, estimada em 6,8 bilhões de pessoas.

O estudo do Pew Center, um prestigioso grupo de estudiosos radicados em Washington, indica que a maior concentração de muçulmanos está na Ásia, onde reside mais de 60% deles.

Outros 20% se encontram no Oriente Médio e o restante distribuídos em todo o globo.

Na África, a população muçulmana não é tão grande como se pensava. Vivem ali 240 milhões de seguidores do Islã, ou cerca de 15% de todos os muçulmanos do mundo.

No Brasil, a Federação Islâmica Brasileira estima que, EM 2005, cerca de 1,5 milhão de muçulmanos viviam no país.

A pesquisa indica, por exemplo, que na Índia, que é un país de maioria hindu, residem mais muçulmanos que em qualquer outro país, com exceção da Indonésia e do Paquistão, e tem mais que o dobro de seguidores do Islã que outros lugares como o Egito.

Na China há mais muçulmanos que na Síria, na Alemanha há mais que no Líbano, e na Rússia, vivem mais muçulmanos que no Líbano e na Jordânia juntos.

Segundo a pesquisa, mais de 300 milhões de muçulmanos vivem em países onde o islamismo não é a religião majoritária.

A maioria da população muçulmana é composta de sunitas - cerca de 90% - e o restante - aproximadamente 10% - é de xiitas.

Em 2008, os católicos deixaram a primeira posição na classificação das religiões perdendo para os muçulmanos. Um total de 17,4% da população mundial era católica naquele ano, contra 19,2% que era muçulmana.

No entanto, quando se somam todos os cristãos (católicos, ortodoxos, anglicanos e protestantes) a porcentagem alcançava 33% da população mundial.

*Com informações da EFE


Fonte: UOL
via http://www.portasabertas.org.br/

sábado, 3 de outubro de 2009

VAMOS APRENDER TÉTUM (lingua nacional em Timor Leste)

• 1: Ida
• 2: Rua
• 3: Tolu
• 4: Hat
• 5: Lima
• 6: Nen
• 7: Hitu
• 8: Ualu
• 9: Sia
• 10: Sanulu
• 11: Sanulu Resin Ida
• 12: Sanulu Resin Rua
• 19: Sanulu Resin Sia
• 20: Rua Nulu
• 21: Rua Nulu Resin Ida
• 39: Tolu Nulu Resin Sia
• 40: Hat Nulu
• 100: Atus Ida
• 110: Atus Ida Sanulu
• 200: Atus Rua
• 240: Atus Rua Hat Nulu
• 900: Atus Sia
• 1000: Rihun Ida
• 7000: Rihun Hitu
• 20000: Rihun Rua Nulu
• 100000: Rihun Atus Ida
• 1000000: Tokon Ida

• Aat: Ser mau/má (v.); adj.; mal, muito (adv.); ain aat=má perna=coxo
• Acait: O centro do Centro, em Díli: tem a Missão Portuguesa, o Centro Camões, o BNU, os CTT e o "bistrot". Curiosamente, é a sigla de Associação Comercial Agrícola e Industrial de Timor.
• Água: Be hemu (para consumo), udan bem (pluvial), be foer (residual). Enfim; é aconselhável usar água mineral até para escovar os dentes.
• Ai: não é o que parece; quer dizer madeira, árvore, arbusto, pau.
• Aitarak: Um dos grupos de milícias timorenses próintegracionistas
• Aldeia dos Macacos: Carinhoso "nickname" que designa o bairro dos professores em Díli (Vila Verde)
• Amar: Hadomi, v.
• Asu: Cão, cadela, s.; ou aço (s), duro (adj.)
• Aula: uma aula em Timor é uma coisa pouco semelhante a uma aula no Brasil.
São 3x45 minutos, ou seja, 2 horas e 15 minutos cada, sem intervalo. Com turmas de 50, ou 70, ou 120 (!) alunos, dá para ter uma ideia do que é isto. Todos falam porque não existem cadeiras, secretárias, ou quadro, mas isso é o de menos...
• Ba: Ir, dirigir-se (v.); para, a (prep.); lá, mais longe, para lá (adv.)
• Bá-Fon: Corruptela do Francês, bas-fond. Espécie de discoteca, no Heliporto de Díli, gerido por tropa portuguesa e chilena. Barato e divertido, mais para as damas do que para os cavalheiros.
• Baucau: Segunda cidade de Timor, a Leste de Díli; tem um aeroporto internacional
• Bahasa: Quer dizer Língua, em Língua indonésia (bahasa indonesia, claro)
• Barak: muito(a/os/as), (det.), bastante
• Bibi: Cabra (1)
• Bogoró: Localidade junto a Bazartete, onde se situa a Escola Secundária.
Gente simpática e simples. A escola tem uma disciplina férrea, assumida com gosto pelos alunos. Como é tradicional, há formatura às 7:30 da manhã.
• Boot: Grande, adj., (Asu Boot=cão grande); part., por aglutinação, superior (biboot=irmã mais velha)
• Búfalo: Krau. O animal mais comum. Apesar da designação e do tamanho, são mais mansos do que as nossas vacas. Extraordinário espectáculo é a matança do dito, à lançada, como era, provavelmente, na Idade do Ferro. A carne é absolutamente intragável, de tão dura.
• Café: Para se beber o verdadeiro café timorense, é preciso ir às montanhas;
Câmbio: Faz-se em plena rua (apesar de ser proibido).
• Cão: Asu. existem por lá muitos Asu (asu barak?), feios, magros e maus. Constituem um prato regional.
• Carro: Kareta; quase não existem matrículas, seguros ou cartas-de-condução; circula-se pela esquerda (geralmente...)
• CATT: Comissariado de Apoio à Transição em Timor-Leste
• Cavalo: Cuda, ou Kuda.
• Clima: Tropical húmido. Médias: temperatura, 19º a 31º; humidade, 70% a 90%.
Chinês: "O" Chinês: em Díli, mistura de supermercado, drogaria, talho, mercearia, casa-de-ferragens e botequim; tem quase tudo
• CIVPOL: Corpo de Polícia Internacional; GNR e PSP têm forças integradas e
próprias
• CNRT: Conselho Nacional de Resistência Timorense
• Comer: Han, v.; come-se mal e caro
• Comoro: O aeroporto de Díli; para aviões de pequeno porte;
• Coral: Lindíssimos, apanham-se na praia,
• Correio: Existe uma única estação dos CTT, em Díli (Edifício Acait); só
aceitam USD
• Crocodilo: Lafaek. Sim, existe em Timor esse sorridente bichinho. E existe também uma lenda sobre a crocodílica origem de Timor.
• Cuda (ou Kuda): Cavalo timorense típico, mais pequeno do que os "nossos". (1)
• Dader: Dia; bom-dia, dader diak
• Darwin: A cidade mais próxima, na Austrália; os voos, a hélice, partem e chegam aqui
• Dengue: Doença tropical ainda mais perigosa do que a malária; pode ser mortal; epidémica, acompanhada de erupção e dores articulares
• Diak: Bom, boa, bem (subs., adj., adv.); melhor, maior, se composto com Liu
• Disionari: Dicionário
• Díli: A Capital do País. Com cerca de 50.000 habitantes. Ver estatísticas em World Gazeteer. Localização 8.6° S 125.6° E.
• Dinheiro: Osan
• Ensinar: Hanorin. Curiosamente, é foneticamente parecido com hanoin (entender, pensar)
• Escola: Iskola
• Escrita: Apesar de a maioria dos timorenses ser analfabeta, os que sabem escrever fazem uma espécie de transcrição fonética: kadeira, servisu, etc.
• F: F, de letra. Por algum esotérico motivo, em Timor a letra F é praticamente igual à letra P. Temos, portanto, fropissão, ferpeito, etc. Uma pequena confusão.
• Festa: De certa maneira, é o ambiente mais comum entre a comunidade internacional, especialmente em Díli. Um dos problemas de Timor não é o tédio.
• Feto: Mulher, fêmea, do sexo feminino
• Fila: Voltar, retroceder, virar, fritar, cozinhar em azeite ou banha (virando e um lado e do outro). (!!!)
• Finta: Imposto, contribuição, tributo, finta. Será isto uma reminiscência do Português arcaico?
• Foder: Harrummm, isto quer dizer muitos, det. reg. Cf. barak.
• Fugir: Halai, em Tétum, mas é mais importante saber como, quando, e para onde, se for necessário.
• Futebol: Joga bola, ou tebe bola
• Hadomi: Amar, v.
• Hakarak: Preferir, querer, desejar, apetecer
• Haklalak: Berrar, gritar, bradar
• Han: Comer, v.
• Han han: Comida
• Hanoin: Pensar (e lembrar, cogitar, etc.) Hanoin e nonok foram as 2 palavras em Tétum que mais gastei em Timor.
• Hatene: Entender, saber, conhecer. La hatene, não entendo, evidentemente; ou não sei, não conheço.
• Hau: (Ha'u) Eu, me, mim
• Homem: Mane. Evidentemente, o contrário (oposto) de Feto (mulher)

Fonte: http://meutimorlorosae.blogspot.com/

Visite tambem: http://valmirbarbosa09.blogspot.com/

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Línguas indígenas do Brasil


As línguas indígenas da América do Sul são agrupadas em famílias pelas evidências lingüísticas de relacionamentos genéticos. Agrupamentos genéticos de línguas são grupos de línguas procedentes essencialmente da mesma língua, à qual nós referimos como protolíngua.

As evidências incluem correspondências fonéticas que aparecem consistentemente em cognatas nas várias línguas. Cognatas são palavras em línguas diferentes, reconhecíveis como sendo aparentadas por serem originadas da mesma fonte. Por exemplo, os seguintes pares de palavras são cognatas em português e espanhol:

fazer hacer
filho hijo

Há uma grande diversidade genética nas línguas indígenas do Brasil. Baseado no número de línguas aparentadas dentro de um grupo, há quatro famílias e/ou troncos maiores. Uma família lingüística é um agrupamento de línguas procedentes de uma única língua. Exemplos de famílias lingüísticas fora da América do Sul são: Germânica, Latina e Eslávica. Também há duas famílias de tamanho médio e várias famílias menores, bem como várias línguas isoladas.

Um tronco lingüístico é um agrupamento de famílias lingüísticas procedentes de uma só língua. A relação entre estas famílias é mais distante em termos de tempo de separação. Por isso, as diferenças entre línguas de famílias diferentes são maiores do que as entre línguas da mesma família. Por exemplo, o tronco Indo-Europeu inclui as famílias Germânica, Latina, Eslávica, e várias outras famílias.

Uma língua isolada é uma língua que não evidencia nenhum relacionamento genético com outras línguas.

Agrupamentos maiores: Arawak (também chamado Maipuran por alguns lingüistas fora do Brasil), Carib, Macro-Gê, e Tupi.

Famílias de tamanho médio: Pano, Tucano.

Famílias menores: Arawá, Kariri, Katukina, Makú, Mura-Pirahã, Nambikuara, Yanomami.

Línguas isoladas: Ticuna, Aikaná, Koiaiá, Jabuti, Kapiwana, Trumai, Máku, Awaké, Irantxe.

Fonte: Aikhenvald, Alexandra, 1996. Amazonian Languages. Manuscrito preparado para o Terceiro Instituto Australiano de Lingüística, Canberra, Australia. 1-12 de Julho, 1996.

Aproximadamente 38% das línguas da América do Sul são consideradas "ameaçadas" porque são grupos pequenos com população de 600 pessoas ou menos. Usando este critério, são 133 línguas ameaçadas no Brasil. Destas, 105 têm uma população de 225 ou menos.

Fonte: Mary Ruth Wise, 1994.

As famílias de línguas indígenas são completamente não-relacionadas com as línguas européias como português e inglês. Como resultado, a aprendizagem de uma língua indígena pode ser um desafio (leia um artigo escrito por Greg Thomson sobre o assunto). E as complexidades envolvidas na tradução de obras escritas por autores indígenas para a língua nacional também são formidáveis. (veja Complexidades Sociolingüísticas Ocorrentes na Tradução da Literatura de Autoria Indígena para a Língua Nacional).


Fonte:
http://www.sil.org/americas/brasil/portlang.htm

sábado, 19 de setembro de 2009

Empresa lança celular com “funções islâmicas”


O Conselho Superior Islâmico aprovou o celular dotado de “funções islâmicas”, ofertado pela coreana LG aos muçulmanos, um mercado potencial estimado em 1,5 milhão de pessoas, de Casablanca até a Indonésia.
O celular carrega o Corão, com música e imagens de texto que desliza na tela seguindo a recitação, e permite a sua tradução para várias línguas. O LG II GD335 traz, ainda, o anúncio das horas de oração, o convite à oração e tem, embutida, uma bússola eletrônica que indica a direção de Meca.
Outra sofisticação dirigida exclusivamente ao consumidor islâmico é a calculadora do celular, que determina com exatidão a quantidade de “zakat” – esmola, um dos cinco pilares do Islã -, que o seguidor de Maomé deve destinar aos pobres de acordo com o volume de seus ganhos anuais.
A sueca Nokia e a norte-americana Apple correram na frente nesse mercado e ofereceram aplicações específicas para o mês de Ramadã, nono mês do calendário islâmico, quando os muçulmanos praticam o jejum, o quarto dos cinco pilares do Islã. Esse é um tempo de renovação da fé e da prática mais intensa da caridade.
“No ano passado, mais de dois milhões e meio de muçulmanos baixaram em seu celular as aplicações para o Ramadã e, com base nos pedidos dos nossos clientes, melhoramos neste ano a oferta de novas aplicações”, disse para o La Repubblica o vice-presidente da Nokia para o Oriente Médio e África, Chris Braam.
A Igreja Católica e setores dela também têm recorrido às novas tecnologias de comunicação. O papa Bento XVI criou o sítio web “pope2you”, como ferramenta para enviar preces aos enfermos.
A Associação do Senhor Jesus (ASJ), seccional brasileira com sede em Campinas, São Paulo, e que se dedica à evangelização, contratou empresa de tecnologia para criar um sítio de relacionamentos com conteúdo essencialmente católico.
A página “nação católica” tem, segundo o jornalista James Cimino, da Folha de São Paulo, mais de 13 mil usuários e funciona como o Orkut, com perfis e comunidades, como a que está dedicada aos jovens de perfil atlético, que, contudo, não cultuam o corpo, mas a alma.

ALC e Notícias Cristãs - http://news.noticiascristas.com

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Programa de Tradução Babylon lança nova versão


O renomado programa de tradução Babylon está com nova versão disponível para download. O programa é pago, mas você pode utilizá-lo por um período grátis. O Babylon 8 oferece tradução em 75 línguas, e tem à sua disposição 1.400 Dicionários, além da famosa função ‘Traduza por um só clic’. O programa funciona off-line, e possui muitas outras funções interessantes.

Para baixar o programa, o link é este aqui: http://portugues.babylon.com/index.html

A Babylon disponibilizou ainda um tradutor online, gratuito e também seu Dicionário online.

sábado, 12 de setembro de 2009

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Menina de 12 anos se casa com um cão: A India que a Globo não mostra

A India que a Globo não mostra: Menina de 12 anos se casa com um cão

Recentemente, uma menina de 12 anos foi casada com um cachorro, para que o animal a protegesse dos “maus espíritos” que a ameaçavam, no estado indiano oriental de Jharkhand.

O casamento, celebrado na localidade de Jamshedpur, aconteceu porque a menor tinha desenvolvido dentes adicionais, algo considerado como um mal augúrio pela população da região, explicou o sacerdote Naresh Manki.

“Em uma sociedade tribal, o fato de uma mulher desenvolver dentes complementares é considerado um mau presságio, que atinge não só ela, mas também os membros de sua família e toda a sociedade. Para salvá-la dos maus espíritos, a casamos com um cachorro”, disse Manki.

A pequena Soni teve que enfrentar o atípico casamento por ser uma “manglik”, uma pessoa astrologicamente maldita para o casamento, segundo a tradição hindu.

“As bodas são realizadas como um casamento normal, também se organiza um banquete para aqueles que participam da cerimônia”, acrescentou o clérigo.

Não é a primeira vez que na Índia são realizados casamentos entre homens e animais ou, inclusive, árvores, já que alguns astrólogos acreditam que isso liberta a pessoa de certas maldições ou do azar que os astros lhe atribuíram.

Nem sequer as estrelas da poderosa indústria do cinema indiano, Bollywood, escapam do influxo destes atavismos. No final de 2006, a atriz e miss mundo Aishwarya Rai, também uma “manglik”, teve que se casar simbolicamente com a imagem do deus hindu Vishnu, como passo prévio para poder desposar-se com o também astro de cinema Abhishek Bachchan.

Fonte: Arca Universal / Gospel+

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Curandeiros em Moçambique

Moçambique tem 1,5 milhão de pessoas contaminadas pelo vírus HIV. A cada ano, a Aids mata 100 mil moçambicanos. Essa nação extremamente pobre, do tamanho dos estados de Goiás, Maranhão e Ceará juntos, tem 72 mil curandeiros e apenas 500 médicos para cuidar de seus 20 milhões de habitantes. Uma legião de agências financiadoras e milhões de dólares prometidos por programas internacionais ainda não foram capazes de reverter a tendência de crescimento da epidemia. País de língua portuguesa, Moçambique é um dos parceiros do Brasil em um programa de cooperação que, sem custos exorbitantes e com muita dedicação dos seus participantes, vem conseguindo atenuar o impacto da Aids no país, que registra 218 mil novas infecções pelo HIV por ano.

A epidemia da Aids se transformou em uma fonte de lucro para os curandeiros de Moçambique, que prometem recuperar a saúde dos doentes desesperados.

Em todos os jornais há anúncios dos curandeiros – também chamados de “nyanga”, ou médicos tradicionais, que afirmam conseguir o que os médicos convencionais não conseguem.

Não só garantem curar a Aids, mas também se oferecem para obter aumentos salariais para seus clientes, resolver problemas espirituais ou mentais e solucionar questões amorosas.

O “nyanga” Kennet Mudine, que vive em um bairro periférico de Maputo, cerca de trinta minutos de automóvel do centro da capital, é um dos curandeiros mais conhecidos, devido ao grande volume de publicidade que coloca na imprensa.

Mudine recebe seus clientes, que devem tirar seus sapatos, em seu “consultório”, repleto de plantas, raízes e peles de cobras e outros animais.

Perguntado pela EFE sobre como consegue curar uma doença como a Aids, que a medicina moderna considera incurável, Mudine apontou para algumas raízes especiais, que segundo ele garantiu, acabam com a doença.

“Tratei muitas pessoas aqui, incluindo índios e sul-africanos, e tive muito êxito”, disse o curandeiro. Mudine comentou o caso de uma mulher, Lucia, a quem chamou para dar seu testemunho. “Eu estava muito debilitada e nem podia andar, mas depois do tratamento posso comer, andar e trabalhar”, disse por telefone. Kennet Mudine pediu que as autoridades competentes testassem seus tratamentos. No entanto, alegando “segredo profissional”, negou-se a identificar as raízes ou outros remédios utilizados para curar os doentes de Aids, para não estragar seu negócio.

Apesar de insistir que pode curar a Aids, o “nyanga” reconheceu que essa é “uma doença perigosa” e recomendou que sejam tomadas precauções para evitar a infecção.

O curandeiro lamentou que muitos dos doentes que trata sejam jovens, aos quais muitas vezes não cobra, já que não têm dinheiro para pagar, embora normalmente peça um milhão de “meticais” (cerca de 22 dólares / 18 euros).

Outro curandeiro de outro bairro periférico de Maputo, que se chama “o doutor Soba”, com menos de 30 anos, também garante que tem conhecimentos que superam os dos médicos convencionais, o que lhe permite curar doenças como a Aids.

Mas adverte que para combater a Aids é preciso começar o tratamento em menos de um mês depois do contágio, porque se for mais tarde, sua “intervenção não surte nenhum efeito”. “Recebo aqui muitas pessoas que querem tratamento, mas primeiro as mando fazer um teste para ver há quanto tempo estão infectadas”, acrescentou.

“Quando os pacientes estão muito mal, aconselho que eles recorram a um médico convencional”, disse. O tema destes “charlatões” de Moçambique que dizem poder curar a Aids é cada vez mais controverso. São muitos os que ficam indignados pelo fato dos jornais publicarem seus anúncios, quando sabe-se que a Aids não tem cura. O Diretor Nacional de Saúde de Moçambique, João Fumane, disse à EFE que esse é “um assunto extremamente complexo, e é complicado dizer que os curandeiros não podem fazer publicidade nos jornais”.

Pessoalmente, Fumane prefere que as pessoas que desconfiam ter Aids façam testes em hospitais convencionais, em vez de procurar os curandeiros, porque estes “podem extorquir dinheiro da pessoa desesperada”.

A diretora do Departamento de Medicina Tradicional do Ministério da Saúde, Adelaide Bela Agostinho, declarou: “Eu não tenho argumentos para dizer que os médicos tradicionais tratem ou não esta doença. Como vou dizer que seus tratamentos funcionam se não fizemos análise daquelas raízes e outros produtos que utilizam?”, pergunta.

“Cientificamente, ou seja, através da medicina moderna, não há cura (da Aids), mas eles dizem que curam, e eu não posso dizer que é mentira sem analisar aquelas raízes”, acrescenta Agostinho. “É preciso levar em conta que muitos remédios são fabricados à base de raízes. Por exemplo, há um remédio contra a malária que foi descoberto há milhares de anos e ninguém queria acreditar que aquelas raízes podiam curar a malária”, disse.

Moçambique tem uma das taxas mais elevadas na África subsaariana de infecção do HIV, que causa a Aids, já que dos 18 milhões de habitantes, 2 milhões são soro positivo. Calcula-se que há 700 novos casos por dia. Apenas 8 mil pessoas têm acesso aos remédios anti-retrovirais, enquanto cerca de 120 mil pessoas deveriam tomá-los.

Fumane garante que o governo de Moçambique, com a ajuda da Fundação Clinton e do Fundo Global contra a Aids, a Tuberculose e a Malária, poderá atender 400 mil doentes dentro de quatro anos.

Fonte: http://www.evangelizabrasil.com

Para maiores informações sobre o Projeto PORTA INTERNACIONAL da AMME Evangelizar e os países de Língua Portuguesa, acesse: http://www.evangelizabrasil.com/2008/10/27/porta-internacional/ Fale com a missionária Alessandra Moreto pelo e-mail porta.mz@evangelizabrasil.com ou pelo telefone 0800 772 1232. Para contribuir com o programa PORTA Internacional, deposite sua oferta para AMME no Banco do Brasil, agência 3279-4, conta corrente 35.278-0. Para ser um mantenedor, ligue para 0800 121 911.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O papel da tradução da Bíblia na história das missões – Robert Dooley


Roberto Dooley, palestra avulsa no CLM, junho de 2003

O adolescente de 16 anos João Ferreira de Almeida, dois anos depois de se converter lendo um folheto evangélico em espanhol, começou a primeira tradução da Bíblia na língua português. Órfão, ensinado em latim dentro da igreja católica, viajando na companhia de um tio, em 1644 ele se encontrou na ilha de Java na Indonésia, que era uma colônia holandesa, mas que pertencera a Portugal, e tinha muitos falantes nativos de português. Como adolescente traduziu os evangelhos e Atos, mas sem acesso nem conhecimento das línguas bíblicas originais, o hebraico e o grego, portanto deixou a tarefa por alguns anos. Anos depois a retomou, quando teve a oportunidade de estudar as línguas originais, e refez a sua tradução anterior. A tradução levou até o fim da sua vida aos 63 anos. Ele morreu antes de terminar o Antigo Testamento (o pesadelo de cada tradutor), e a tradução foi completada por um outro luso-indonesiano. Recebeu bem pouco e só por seu trabalho no Novo Testamento; o pagamento foi de 30 reis, posteriormente aumentado para 50. Fora da comunidade evangélica, ele é pouco conhecido. Se você o procurar na Enciclopédia Barsa, você vai encontrar Almeidas que eram médicos, poetas, escritores, políticos, mas não vai achar João Ferreira de Almeida. Além de ser o primeiro a traduzir a Bíblia em português, foi um missionário na Indonésia, Ceilão (Sri Lanka) e Índia. Almeida era um missionário-tradutor, um dos primeiros depois da reforma. Seu trabalho mudou a história do evangelho no Brasil e em outros países lusofones. Ele não recebeu seu galardão nesta vida, nem viu o fruto do seu trabalho fora de Indonésia, mas galardão tem, sim, e fruto deu.

João Ferreira de Almeida entendeu algo que eu tomo agora como meu tema, que é o seguinte: a Bíblia na língua materna é o elemento mais essencial para o êxito, a longo prazo, no campo missionário, e a história mostra isso. Esse tema, em si, talvez seja um ponto pacífico entre vocês, mas ele tem implicações que podem mudar a sua vida, como mudaram a minha.

A história mostra que, quando missionários levam o evangelho a lugares onde antes ele nunca penetrou, entre outras línguas e culturas, a tradução bíblica é o elemento mais essencial para o seu êxito. Certamente há exceções, mas via de regra, onde a Bíblia não é bem entendida há confusão espiritual (superstição, sincretismo, etc.) e, se existirem igrejas, elas tendem a ser divididas em dois níveis ou camadas: no nível superior, há uma elite eclesiástica que tem acesso à Bíblia, que pontifica e ensina a todos os demais — os do nível inferior — o que eles devem crer. Isso pode ocorrer de propósito ou sem querer; ocorreu durante uma grande parte da história da igreja católica e também em certos trabalhos evangélicos. Mas onde a Bíblia é traduzida na língua do povo, os crentes comuns se tornam nobres, no sentido daquilo que aconteceu na cidade da Beréia, depois que as pessoas ouvirem o evangelho pregado pelo apóstolo Paulo: “Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (Atos 17.12). A igreja se torna nobre e forte quando ela basea sua fé diretamente na palavra de Deus.

O meu tema é o segunte: segundo a história, a tradução bíblica é essencial à missão a longo prazo. Esse tema vou apresentar através de três pontos principais, começando com o que aconteceu quando o próprio Deus começou o trabalho evangélico missionário, enviando seu Filho Jesus Cristo.

Ponto 1: Quando Deus enviou Jesus, enviou-o com uma grande pancada de tradução.

Vejam bem, isso é diferente do que afirmar que a tradução é arraigada na encarnação. Isso é um ponto importantíssimo, mas meu ponto aqui não é teológico, mas sim, histórico. Ele tem a ver com tradução que acompanhou a vinda de Jesus a este mundo dois mil anos atrás.

Quando Jesus nasceu na Palestina, o hebraico do AT, como uma língua falada, estava quase morto. Ele era ouvido apenas nos sinagogas e nas escolas dos rabinos. Os judeus palestinos falavam uma outra língua, o aramaico, que é aparentada com o hebraico mas distinta deste. No sinagoga, era necessário que a leitura das escrituras em hebraico fosse seguida de uma interpretação em aramaico, uma prática que já existia na época de Esdras e Neemias: “Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia” (Ne 8.8).

No mundo mediterrâneo fora da Palestina, a língua mais usada para o comércio e o estudo era o grego; isso era antes que o latim fosse dominante no império romano. O grego era a língua franca do império. Mas além disso, muitos desses falantes do grego falavam, em casa, uma outra língua local. Então, se a mensagem de Cristo iria ter qualquer impacto pelo mundo afora, não poderia ser no hebraico do AT. Era necessário alguém fazer ajustes lingüísticos. Quem os fez foi o próprio Deus. A maneira que ele os fez é crucial. Ele não os fez ressuscitando o hebraico e fazendo com que todo o mundo o entendesse. Quando Deus enviou Jesus e inaugurou a proclamação do evangelho, ele fez os ajustes lingüísticos através da tradução.

Na tradução, Deus seguiu duas estratégias distintas: uma estratégia usando a língua majoritária ou a língua franca, para alcançar o maior número possível de pessoas; e usou também uma estratégia de língua materna, pela qual cada grupo é alcançado na língua do coração. A estratégia de língua majoritária corresponde à igreja no seu aspecto universal, no qual todos os crentes fazem parte num só corpo e numa só comunhão. A estratégia de tradução na língua materna corresponde à igreja no seu aspecto indígena no senso largo da palavra, que refere ao fato de que, em toda etnia e em toda cultura, as pessoas devem se sentir em casa com o evangelho, ele precisa pertencer à vida delas, tocando toda parte da sua cultura. Nos lugares e épocas onde existe ou existiu a igreja universal sem a igreja indígena, ela tende a ser centrípeta, centralizada, hierárquica, institucional e, no seu estado final, morta. De outro lado, onde existe a igreja indígena sem a comunhão da igreja universal, ela tende a se sentir isolada, esquecida, periférica, sozinha. Então, quando Deus enviou seu Filho Jesus, ele fez os necessários ajustes lingüísticos usando as duas estratégias de tradução — na língua majoritária e também nas diversas línguas maternas.

a. O primeiro passo foi tomado mais de dois séculos antes de Cristo, quando traduziram o AT do hebraico para o grego. Esta tradução foi chamada a septuaginta, pode bem ter sida a primeira tradução de uma obra tão volumosa em qualquer língua. Os judeus usaram a septuaginta durante apenas três séculos, mais ou menos: dois séculos antes da vinda de Jesus e um depois. Por que eles pararam de usá-la? Justamente porque a septuaginta, nas mãos dos cristãos, havia se tornado uma arma muito eficaz na divulgação do evangelho. Até a complementação do NT, a Bíblia da igreja cristã era a septuaginta. Foi isso que os bereianos usaram para verificar se a mensagem de Paulo era verdadeira. E foi através da sua compreensão do AT, na língua grega da septuaginta, que achou que era, de fato, assim. Foi por causa disso, que aconteceu em muitos lugares, que os judeus descrentes começaram a criticar a septuaginta como tradução, e ainda chegaram a dizer que o AT hebraico não poderia ser traduzida a princípio — a mesma posição que mulçumanos bem ortodoxos tomam hoje referente ao Corão. Mas para os judeus descrentes, era tarde demais: durante aquele primeiro século AD, a septuaginta havia servido com muito efeito na divulgação do evangelho. Portanto, o trabalho missionário cristão começou dentro essa breve janela de tradução bíblica judaica.

b. Jesus evidentemente ensinou no aramaico. Quando os soldados romanos estavam livrando o apóstolo Paulo do alvoroço dos judeus descrentes no templo, ele parou na escada e lhes falou assim: “‘Irmãos e pais, ouçam agora a minha defesa.’ Quando ouviram que lhes falava em aramaico, ficaram em absoluto silêncio” (At 22.1-2, NVI). Eles prestaram atenção. Aconteceu o mesmo quando Jesus ensinou o povo: ele ensinou no aramaico, e eles escutaram. Fez, sim, parte da sua encarnação, usar a língua do povo. Mas quando os apóstolos chegaram ao ponto de escrever os evangelhos e as palavras de Cristo, ficaram diante de uma questão lingüística: em que língua escrever? O hebraico do AT era quase morto, o aramaico era limitado à Palestina e o oriente médio antigo. Todos estes países pertenciam, queira ou não, ao império romano, cuja língua franca era o grego. Portanto, para o maior número possível poder entender, escreveram o NT em grego. (Se eles basearam seus evangelhos num ou outro documento em aramaico, isso não é relevante aqui.) O importante aqui é o seguinte: para eles escreverem em grego, foram obrigados a traduzir as palavras de Cristo do aramaico. É o único caso que conhecemos das escritas sagradas originais de qualquer religião serem numa língua diferente da do seu fundador. No NT original, grego, as palavras de Cristo já ficaram em forma traduzida. Portanto, no AT e no NT, na língua grega, ilustram a estratégia de tradução em língua majoritária. Deus estava anunciando o evangelho ao mundo, da forma mais abrangente possível.

c. O grego era a língua franca do comércio e da cultura, mas uma grande parte dos seus falantes falavam, em casa, uma outra língua local. Deus não negligenciou essas outras línguas, e sim, fez uma coisa bem especial para elas quando enviou seu Santo Espírito no dia de pentecostes. O aniversário da igreja foi sinalizado por uma enxurrada/saraivada de tradução – neste caso, tradução oral. Lemos em Atos 2 “Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Somos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem, tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?” (vv 9-11). Poucos dias antes disso, Jesus havia dito aos seus discípulos que iriam receber o poder do Espírito Santo para serem suas testemunhas até os confins da terra, e logo depois, em Atos 2, Deus inaugurou a sua campanha missionária traduzindo seu testemunho, através do poder do Espírito, nas línguas maternas dos seus ouvintes.

Então, temos a tradução do AT do hebraico para o grego, a tradução das palavras de Cristo do aramaico para grego (estas duas traduções sendo feitas na estratégia de língua majoritária), e também temos, no dia de pentecostes, a primeira proclamação pública do evangelho, traduzida pelo próprio Espírito Santo nas várias línguas maternas. É isso o que eu quero dizer quando digo que Jesus veio junto com uma pancada/“chuva” de tradução. Isso não é surpreendente, se a tradução é essencial para o trabalho missionário, porque foi exatamente isso que Deus estava iniciando, enviando Jesus e inaugurando a proclamação do evangelho.

Nestes eventos todos, podemos fazer uma observação sobre a atitude de Deus quanto às línguas. Parece que, para Deus, não importa qual língua é usada, pode ser uma ou outra, com uma pequena ressalva que fica como uma constante: precisa ser sempre numa língua que os ouvintes usam e entendem bem. Fazemos uma outra observação: No cristianismo, em contraste com as outras religiões, não há um lugar santo para todo o mundo fazer romaria ou peregrinação, nem existe uma língua santa de status elevada. (Por isso, não têm muito sentido as piadas sobre a língua que vamos falar no céu.) Todos os lugares, todas as línguas podem ser santas ao Senhor, todas podem ser usadas para os Seus propósitos.

Ponto 2: Ao longo da história das missões, a tradução bíblica tem sido um passo chave para o evangelho pegar em novas línguas e culturas.

a. Você reconhece quanto deve ao Lobinho? Ulfilas ou Wulfila ‘Lobinho’ (311-382) nasceu entre os godos, uma tribo extremamente bélica, num lugar na Europa onde atualmente fica o país da România. Anos antes, seus avôs haviam sido levados para lá como cativos. Mandaram Lobinho para Constantinopla para estudar, onde ele aprendeu latim e grego. Ele também conheceu o evangelho e se converteu a Cristo. Resolveu, então, voltar como evangelista aos godos. Ele elaborou um alfabeto para sua língua — que, até então, havia sido apenas uma língua oral — e traduziu a Bíblia. A tribo inteira se converteu e, a partir deles, a fé se espalhou para outras tribos européias que eram ancestrais dos alemães, dos ingleses e de outros povos. Na geração após o Lobinho, os mesmos godos conquistaram Roma. Uma coisa boa foi que Roma foi conquistada por bárbaros cristãos, o que aconteceu é que o cristianismo não se extinguiu com a extinção do império romano. No seu território original ele se encolheu bastante, e poucos séculos depois a parte oriental do antigo império romano foi subjugada pelo Islã mas, através dos godos, o evangelho já tinha um novo centro na Europa do norte, onde Islã não o alcançou, e de onde, séculos depois, o evangelho iria surgir com uma renovada força e clareza, na reforma alemã. Obrigado, Lobinho.

b. Mil anos depois do Lobinho, João Wycliffe e seus associados traduziram a Bíblia pela primeira vez em inglês (1383). Wycliffe não tinha o benefício de bons manuscritos nas línguas originais — ele traduziu do latim — e, naquela época, não havia imprensa, nem xerox. Portanto, todas as primeiras Bíblias em inglês eram copiadas à mão. Mas estas cópias, os seguidores de Wycliffe levaram pelas estradas da Inglaterra toda, pregando a mensagem em inglês. Muitos deles foram mortos, mas as escrituras na língua materna não podiam ser tão facilmente extinguidas. No seu tempo seguiu a reforma inglesa, e depois a emigração religiosa para a América. Obrigado, João Wycliffe e seus colegas.

c. Em maio de 1521, Martinho Lutero foi levado perante um tribunal eclesiástico, presidido pelo Imperador Carlos V, na cidade de Worms. Dntre as acusações contra ele foram citadas as seguintes: que ele perverteu o ensino da igreja sobre a santa ceia, que ele negou a autoridade do papa, que ele era um cismático e que ele reconheceu apenas a autoridade das escrituras. Eram acusações gravíssimas, e a defesa de Lutero caiu em ouvidos surdos. No fim dos procedimentos, três coisas ocorreram: Lutero foi condenado, seus livros foram queimados em praça pública, e ele mesmo foi apreendido por amigos que o levaram ao castelo de Wartburg. Até o fim do ano em curso, ou seja, num período de seis meses, ele traduziu o NT para o alemão. Uns anos depois, ele terminou o AT também. O que eu quero destacar aqui, é que Lutero respondeu às acusações de heresia, traduzindo as escrituras na língua do povo. Sendo Lutero, obviamente ele respondeu de outras formas também. Mas sua melhor resposta, a longo prazo, foi a Bíblia em alemão, porque, através dela, ficou claro, para todos os nobres “bereianos” de fala alemã, o que era heresia e o que era evangelho puro. Se você quer que aquele povo onde você trabalha entenda bem o evangelho, se você quer evitar erro e confusão, então a estratégia melhor, a longo prazo, não será ficar ensinando uma determinada teologia, por mais certa que seja, mas será a tradução das escrituras na língua do povo.

d. João Eliot era um jovem inglês formado na universidade de Cambridge para ser pastor. Ele foi para América no ano1631, um ano depois da fundação da colônia de Massachusetts e da cidade de Boston. (Isto se deu três anos após o nascimento, em Portugal, de João Ferreira de Almeida.) A João Eliot foi entregue uma igreja na vila de Roxbury perto de Boston. Essa igreja ele pastoreou fielmente durante 58 anos. Durante este tempo, ele começou a trabalhar com índios da tribo massachusetts que moravam por perto. Ele aprendeu sua língua, fez uma descrição gramatical, pregou o evangelho e traduziu a Bíblia. Ela foi publicada no ano1663, a primeira Bíblia em qualquer língua a ser publicada na América. (Naquele mesmo ano, Almeida voltava da Índia à Indonésia, onde começou a re-traduzir a Bíblia em português usando as línguas bíblicas originais.) Cerca de 4000 índios massachusetts se converteram; foram conhecidos pelo nome “índios que oram”. Poucos anos depois, ainda durante a vida de João Eliot, a tribo foi exterminada quase completamente, por guerra e doenças, como tem acontecido muitas vezes na América do Norte e do Sul. A notícia boa é que antes desta tribo desaparecer, muitos aceitaram Jesus como salvador, para o crédito eterno de João Eliot.

e. A era das missões modernas é geralmente datada como iniciando com o trabalho do inglês William Carey, batista e sapateiro que foi á Índia um pouco mais de 200 atrás. Lá, ele traduziu a Bíblia para várias línguas. Na verdade, o primeiro missionário protestante na Índia foi mesmo João Ferreira de Almeida, 130 anos antes de Carey. A idade das missões modernas, seja iniciada com Almeida ou com Carey, começou com tradução bíblica. Posteriormente, algumas agências missionárias ficaram dentro da estratégia da língua majoritária, trabalhando em lugares onde a Bíblia já existia; portanto, elas negligenciavam a estratégia da tradução na língua materna, que também fazia parte do modelo que Deus usou na vinda de Cristo. Aí, quando surgiu o movimento moderno da tradução bíblica no século vinte, ela ressuscitou a estratégia da tradução na língua materna e a aplicou à tarefa ainda inacabada. Estamos agora mais ou menos 70 anos dentro deste movimento. Ele começou com três eventos importantes:

· O Instituto Lingüístico Summer realizou um programa de treinamento lingüístico em 1935 e, depois, quatro dos cinco formandos foram ao México, junto com o diretor, Tio Cam Townsend, para começar o trabalho de tradução. Destacamos aqui a visão concedida a Tio Cam pela tradução da Bíblia em todas as línguas maternas do mundo.

· Em 1946 foi inventado o primeiro computador, o ENIAC. Antes do computador, para cada tradução do NT era necessário datilografá-la 25 vezes, em média, e cada vez, além dos erros existentes serem corrigidos, novos erros de datilografia eram introduzidos. Hoje em dia, tradutores da Bíblia no mundo inteiro estão convencidos de que Deus mostrou essa invenção ao homem principalmente em beneficio do trabalho deles.

· Foi nesta mesma época e uns anos depois que a lingüística moderna começou a descobrir o que fazer com a sintaxe. De fato, o estudo da sintaxe já existia desde tempos antigos, mas seu tratamento não ia muito além de classes de palavras e usos retóricos de sentenças. Sua aparência na lingüística moderna pode ser datada pelo primeiro livro importante de Noam Chomsky, Estruturas sintáticas (1957). Em 1965 veio um segundo livro Aspectos da teoria da sintaxe, mas dois anos antes, Joseph Greenberg havia começado a segundo round da revolução sintática moderna com seu artigo, “Universais gramaticais com atenção especial à ordem de elementos significativos” (1963), ou seja, apenas 40 anos atrás é que a lingüística moderna passou a ter mais rigor e argumentação científica, não apenas na morfologia e fonologia como também na sintaxe, começou a sair do seu campo original extremamente restrito, na análise do inglês e poucas outras línguas européias, e aceitou o desafio de dar conta a todas as línguas humanas.

Portanto, no ponto da história onde nos encontramos atualmente, há três armas principais — a visão pela tradução em cada língua materna, o computador e a lingüística moderna com seus métodos e alcance global — que Deus está usando na tarefa ainda inacabada de tradução bíblica.

f. Voltemos mais uma vez na história para ver o outro lado da moeda, ou seja, um lugar onde a Bíblia não foi traduzida na língua do povo, mas chegou em forma de uma língua estrangeira. Trata-se da Irlanda. Já que meu sobrenome é irlandês, os Dooley têm uma parte da sua história ali (e outra parte com os índios cherokee da Oklahoma). No século depois que Lobinho traduziu a Bíblia na língua dos godos, Santo Patrício chegou na Irlanda com as escrituras em latim. Patrício, como Lobinho, estava voltando para o lugar onde havia antes morado como cativo, mas enquanto Lobinho seguiu a estratégia de tradução na língua materna, Patrício seguiu a estratégia que usava apenas a língua majoritária. Quando as escrituras são introduzidas numa língua estrangeira, a cultura pode ser radicalmente mudada, mas uma mudança se torna obrigatória que não tem nada a ver com o evangelho em si. Já que as escrituras não passaram por uma mudança lingüística, é necessário que O PRÓPRIO POVO passe por uma mudança lingüística. Se é para as pessoas entenderem e usarem as escrituras, elas são obrigadas a adquirir uma outra língua. Seria uma forma de proselitismo lingüístico: os convertidos são obrigados a assimilar uma característica secundária do missionário — a língua dele — para atuarem como convertidos no sentido pleno. O proselitismo lingüístico é contrário às melhores práticas missiológicas e também às conclusões do conselho de Jerusalém registradas em Atos 15. Naquela ocasião, novos convertidos dentre os gentios não foram obrigados a serem prosélitos do judaísmo através da circuncisão ou obediência à lei de Moisés. O Pastor Tiago articulou o princípio assim: “Portanto, julgo que não devemos pôr dificuldades aos gentios que estão convertendo a Deus” (v 19, NVI). O proselitismo lingüístico é uma dificuldade desnecessária para novos convertidos. Já a tradução na língua materna torna em realidade o que o apóstolo Paulo disse em Romanos 10.8: “A palavra está perto de você”. Quando a mensagem fica numa língua estrangeira, a palavra permanece distante, difícil. É tão difícil que, nessas circunstâncias, o que geralmente acontece é que o povo não consegue adquirir a língua da Bíblia e sua compreensão das escrituras fica subdesenvolvida, e os poucos que conseguiram as escrituras se tornam uma elite e ocupam o nível superior de uma hierarquia cristã. Foi isso o que aconteceu na Irlanda nos séculos após Santo Patrício. O país foi radicalmente cristianizado e até exportou a cristianismo e a erudição clássica por toda parte da Europa. Mas na Irlanda mesmo, apenas a elite cristã – principalmente os monges – tinham condições de conhecer as escrituras. O povo comum nunca aprendeu latim ou conseguiu entender as escrituras em qualquer língua, até que, mais de mil anos após Patrício, a língua inglesa foi introduzida. A Irlanda é um lugar de muitas tragédias. Uma delas é que a religião — tanto protestante quanto católica — tem se tornado um rótulo político, estreitamente identificada com metas políticas. Mas outra tragédia subjaz à primeira: as escrituras nunca chegaram na língua gaélica-irlandesa trazendo uma reforma espiritual. Ao invês disso, elas permaneceram sendo acessíveis somente em latim, dessa forma inoculando o povo contra a reforma, que nunca houve. 12 séculos depois de Patrício, a Bíblia foi finalmente traduzida em gaélico-irlandês (1689), mas essa foi uma tradução protestante que nunca penetrou na igreja católica. Nunca foi feita uma tradução católica. Na época presente, é bastante tarde: apenas 13% do povo entende irlandês e mesmo estes falam principalmente o inglês. Até hoje, a missa é rezada em latim. Como diz o teólogo africano Kwane Bediako: “Ter as escrituras durante muitos anos, a não ser que elas existam na língua materna, não produz muitas conversões ou muita maturidade”.

Ponto 3: Não é tarde demais para ser um portador da palavra.

Em Ap 5.9, há um hino a Cristo com as palavras, “com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação”. A tarefa inacabada pode ser expressa nestes termos: A palavra ainda precisa chegar a todos os que o sangue comprou. A compra foi feita por Jesus através do sangue; a nossa parte é levar a palavra.

Meu tema, que a tradução bíblica é essencial para o êxito, a longo prazo, das missões, pode ser óbvio. Para mim o é. Quando um grupo tem o evangelho, mas ainda não tem as escrituras na sua língua, está tentando viver a vida cristã sem a palavra de Deus. Quanto mais tempo passar assim, mais difícil será aprender usar as escrituras na vida diária e na vida da igreja. Às vezes, ouvimos assim: “Sabemos que a tradução da Bíblia é bem importante, mas outras coisas são mais urgentes.” O que a história ensina é o seguinte: A importância da tradução deve trazer para nós a sua própria urgência, como ela trouxe para aquele adolescente, falante do português, três séculos e meio atrás, na ilha da Indonésia.

Referências:

The Cambridge history of the Bible. 3 vols. Cambridge University Press. 1963-1970.

ANDERSON, Gerald H. Bibliographic dictionary of Christian missions. Macmillan, 1998.

CARVALHO, Marcelo Sales de. Senhor, também quero ser um “João”!, biografia de João Ferreira de Almeida. s.d.

DYE, T. Wayne. The Bible translation strategy: an analysis of its spiritual impact. Dallas: Wycliffe Bible Translators, 1980.

SANNEH, Lamin. Translating the message: the missionary impact on culture. Maryknoll: Orbis, 1989.

SLOCUM, Marianna com Grace WATKINS. The good seed. Orange, CA: Promise Publishing Company, 1988.

SMALLEY, William A. Translation as mission: Bible translation in the modern missionary movement. Macon, GA: Mercer University Press, 1991.

WALLS, Andrew F. The translation principle in Christian history. In: The missionary movement in Christian history: studies in the transmission of the faith. Maryknoll: Orbis, 2001. p. 26-42.

http://www.sil.org

http://www.wycliffe.org

Fonte: http://tradutoresbiblicos.wordpress.com
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