quarta-feira, 29 de abril de 2015

África, o continente pioneiro

Smartphones podem custar até US$ 25 no continente
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Smartphones podem custar até US$ 25 no continente
Será que os pequenos drones de carga são a resposta para alguns dos problemas mais prementes da África? Um grupo de engenheiros europeus, financiado pela IBM, acha que sim. Batizados com o apelido de "mulas voadoras", e atualmente em desenvolvimento, cada um desses drones será capaz de transportar 10 kg de carga e percorrer distâncias de até 120 km para levar medicamentos a comunidades isoladas ou alimentos a refugiados. Eles foram projetados para que tenham baixo custo e sejam robustos o bastante para serem ser usados em diversas áreas do continente africano.
Além disso, talvez sirvam como modelo experimental para varejistas como a Amazon, que, por conta de normas rígidas, não têm como testar com tanta liberdade esse tipo de aeronave em países ricos. Planeja-se a realização de voos experimentais na África ainda este ano. Como seu espaço aéreo não é congestionado, o continente é considerado uma arena de testes ideal. E suas estradas precárias significam que a demanda por um sistema de transporte aéreo de cargas de baixo custo é imensa.
Experiências como essa apontam para uma notável mudança em curso na África. Um continente que por muito tempo aceitou do Ocidente soluções tecnológicas de segunda mão, cada vez mais cria suas próprias inovações. É claro que boa parte disso é viabilizado por avanços tecnológicos realizados em outros lugares. Atualmente, até nos vilarejos africanos mais isolados são comuns os telefones celulares. A Ericsson calcula que até 2013 o número de linhas móveis chegará a 930 milhões, quase uma para cada africano. A disseminação dos smartphones, alguns dos quais chegam a custar não mais que US$ 25, deve expandir o acesso à internet para 50% da população do continente num período de dez anos.
Isso permite que hoje os africanos possam ir além de simplesmente copiar tecnologias usadas em outros lugares e adaptá-las às suas circunstâncias. Em alguns casos, criam-se inovações que também podem ser usadas em países ricos. O dinheiro móvel é o melhor exemplo. Uma tecnologia que há muito tempo tenta se consolidar no Ocidente (embora os pagamentos online agora pareçam estar ganhando mais solidez, depois do surgimento do Apple Pay) transformou a realidade econômica em lugares como o Quênia, onde milhões de pessoas sem acesso a instituições bancárias foram incorporadas ao sistema financeiro. Isso, por sua vez, estimulou mais uma onda de inovação.
As empresas estão usando o dinheiro móvel para vender seguros de vida - alguns deles para pessoas portadoras de infecções como a Aids. Os celulares não só reduzirão os custos com o recolhimento de prêmios de pequeno valor, como também permitirão que as seguradoras lembrem os clientes de tomar seus remédios. Outra companhia inovadora é a Olam, do setor de agronegócio e com ações listadas na bolsa de Cingapura. A empresa firmou contratos com 30 mil fazendeiros da Tanzânia para o fornecimento de café, algodão e cacau por meio de um sistema de telefonia móvel, impulsionando a lucratividade de todos.
Novas tecnologias também podem fazer uma grande diferença na educação. Embora em todo o mundo existam empresas desenvolvendo apps para smartphones e iPad que ensinem as crianças a ler, escrever e fazer contas, essas inovações prometem ter um impacto muito maior na África, onde os sistemas educacionais são fracos e as crianças com frequência têm de percorrer longas distâncias a pé ou pagar valores proibitivos para frequentar a escola.
Os aplicativos e as escolas de ensino à distância não têm como oferecer um ensino tão bom quanto o das melhores instituições educacionais públicas ou privadas, mas só uma elite muito pequena tem acesso a elas. Comparados com as escolas em que a grande maioria dos africanos estuda, esses novos recursos parecem impressionantes. A principal vantagem do uso da tecnologia no ensino é a redução do impacto de dois defeitos presentes em muitas escolas que atendem o grosso da população na África: absenteísmo docente e aderência mínima aos conteúdos curriculares. Entre as empresas que fazem uso intensivo dessas inovações está a Bridge International Academies, que é parcialmente financiada pela Pearson, coproprietária da revista The Economist. A instituição conta com mais de 100 mil alunos de educação infantil e ensino fundamental no Quênia, pagando cerca de US$ 5 por mês para frequentar escolas de baixo custo que recorrem à tecnologia para seguir currículos padronizados.
O impacto das empresas de tecnologia na sociedade africana também advém de mudanças nos meios de comunicação. A cidade queniana de Nakuru nunca teve um jornal próprio. Seus 300 mil habitantes sempre tiveram de recorrer ao boca a boca para se informar sobre acontecimentos locais. Isso mudou no ano passado, quando o site de notícias HiviSasa (algo como "Agora Mesmo"), começou a publicar trinta reportagens diárias sobre incêndios, homicídios, formaturas escolares, melhorias hospitalares e diversas outras coisas que pouco interesse têm para quem não é de Nakuru. Em 13 de março, a manchete do site era: "Professora é resgatada depois de cair em vaso sanitário com 15 metros de profundidade".
A inovação na África é auxiliada por uma singular confluência de circunstâncias econômicas e políticas. A débil presença estatal implica, de modo geral, baixos níveis de regulamentação, permitindo que os engenheiros testem coisas que em outros lugares são proibidas ou que teriam de passar por processos de aprovação altamente burocráticos. Além disso, a precariedade da infraestrutura tradicional, seja sob a forma de rodovias ou de cabos de telecomunicação, significa que as novas tecnologias e os novos modelos de negócio enfrentam poucos concorrentes já estabelecidos.
Esse ambiente de negócios atrai um número crescente de companhias ocidentais. A Microsoft financia uma pequena empresa que vem desenvolvendo sistemas de Wi-Fi para áreas extensas, capazes de cobrir regiões inteiras a menos de um centésimo do custo da telefonia móvel existente. Esses sistemas usam frequências não alocadas, incluindo algumas anteriormente reservadas para as redes de televisão, já que as emissoras vêm adotando cada vez mais as transmissões digitais, que precisam de menos largura de banda. A intenção é levar o mesmo modelo para comunidades rurais no Ocidente.
A tecnologia vem abrindo mercados africanos que havia muito permaneciam fechados ou que simplesmente não existiam, diz Jim Forster, um dos primeiros engenheiros da Cisco, que atualmente atua na área de capital de risco. O Facebook se associou a operadoras de telefonia para oferecer conexão de internet de graça por meio de uma iniciativa conhecida como internet.org. A expectativa da empresa é conquistar os africanos antes que eles se tornem usuários de mídias sociais locais. Lançado na África no ano passado, o programa já se expandiu para países pobres de outros continentes. De todas as empresas de tecnologia ocidentais, a IBM talvez seja a mais entusiasmada com a África. Sua presidente, Virginia Rometty, faz visitas regulares ao continente e fala de "inovações fantásticas" que estão sendo criadas pelos africanos.
A revolução das inovações ainda está em sua infância na África. Mas é provável que ganhe ritmo, sobretudo porque novos modelos e formas de oferecer financiamento a startups também estão sendo desenvolvidos. Um exemplo é a empresa de crowdfunding EmergingCrowd, que começou a operar em Londres na semana passada. Seu objetivo é ligar investidores e empresas em mercados emergentes, em especial na África. Um dos primeiros a levantar recursos com seu auxílio foi o Bozza, um mercado para produtores africanos de música e cinema que têm dificuldade para comercializar suas obras. "Os problemas que a África enfrenta não são necessariamente problemas americanos ou europeus", diz a fundadora da EmergingCrowd Emma Kaye. "E o mais provável é que as soluções venham da própria África."
© 2015 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. TRADUZIDO POR ALEXANDRE HUBNER, PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM.

terça-feira, 21 de abril de 2015

O alfabeto tibetano


Escrita tibetana é um abugida originado da família Brahmi usada para escrever a língua tibetana bem como as línguasbutanesasiquimladakhi e por vezes a balti. A forma impressa da escrita é denominada escrita uchen (tibetanoདབུ་ཅན་Wyliedbu-can; "com uma cabeça") enquanto que a escrita cursiva a mão e usada no dia a dia é chamada escrita umê script (tibetanoདབུ་མེད་Wyliedbu-med; "sem cabeça").

História[editar | editar código-fonte]

alfabeto tibetano foi composto no século VII pela tradução de textos sagrados do budismo. Derivado das escritas cursivas utilizadas nessa altura na Índia central, foi composto com um manifesto cuidado de simplificação, graças a um rigoroso conhecimento da fonética. A criação foi atribuída a Thonmi Sambhota, ministro do primeiro rei tibetano convertido ao budismo, que teria trazido, em livros sagrados, estas escritas das Índias.

Essa escrita está intimamente ligada à etnia tibetana, porém, é também usada por línguas tibetanas faladas no Butão, em partes da Índia e do Nepal e mesmo no Paquistão.1Além disso, a escrita tibetana influenciou a criação de outras escritas como a limbu e lepcha2 e a ’phags-pa.2 . A escrita tibetana apresenta muitas formas romanizadas.3

Descrição[editar | editar código-fonte]

"Escrita Tibetana"
A escrita Tibetana tem 30 consoantes, também conhecidas como radicais.
ཀ kaཁ khaག gaང nga
ཅ caཆ chaཇ jaཉ nya
ཏ taཐ thaད daན na
པ paཕ phaབ baམ ma
ཙ tsaཚ tshaཛ dzaཝ wa (não era originalmente parte do alfabeto)4
ཞ zha 5ཟ zaའ 'a 6
ཡ yaར raལ la
ཤ sha 5ས saཧ ha 7
ཨ a
Texto policrômico à esquerda do centro é o mantra primário do Budismo tibetano,Sânscrito – IAST “Om Mani Padmeṃ"
Como ocorre como na maior parte das línguas Indianas, cada consoante inclui uma vogal /a/ inerente. Um aspecto único da escrita tibetana é que as consoantesa podem ser escritas simplesmente como radicais, ou podem ser escritas de outras formas, como, por exemplo, com sobrescritos e subscritos.A posição sobrescrita sobre o radical é reservada para as consoantes (sons) r, l, s, enquanto que as posições subscritas sob o radical é para as consoantes y, r, l, w. Para entender como isso funciona, pode-se observar o radical do carácter "ka" ao se tornar "kra" ou "rka". Em ambos os casos, o símbolo para "ka" é usado, mas quando o R está entre aconsoante e a vogal, é adicionado um subscrito. Por outro lado, quando o R vem antes do conjunto consoante + vogal, adiciona-se um sobrescrito.(Conf. Daniels) R realmente muda de forma quanto está acima da maior parte das outras consoantes; assim temos རྐ rka. Há, porém, uma exceção a isso no grupo consonantal རྙ rnya. De forma similar, as consoantes w, r, y mudam sua forma quando estão junto a outras consoantes - ཀྭ kwa; ཀྲ kra; ཀྱ kya.
Além de serem escrita com sobre e subscritos, algumas consoantes podem também ser pocionadas em posições de pré-escritas, pós-escritas ou mesmo pós-pós-escritas. Por exemplo, as consoantes g, d, b, m, ’a ("’a chung") podem ser usadas em posição pré-escrita, à esquerda, de outros radicais, enquanto que a posição após o radical (pós-escrita) pode ser tomada por dez das consoantes ( g, n, b, d, m, ’a, r, n̄, s, l. A terceira posição, a pós-pós-escrita, é usada somente para as consoantes d e s (Conf. Daniels).
As vogais usadas na escrita tem os sons a, i, u, e, o. A vogal a é inerente a cada dos radicais de consoantes, mas as demais devem ser indicadas por marcas (diacríticos). Assim: ཀ ka, ཀི ki, ཀུ ku, ཀེ ke, ཀོ ko. As vogais i, e, o são posicionadas sobre a consoante como diacríticos, enquanto que a vogal u é posicionada sob a consoante (conf. Daniels). No Tibetano antigo havia o diacrítico gigu 'verso' de significado desconhecido. Não há distinção ente vogais longas e curtos no tibetano antigo, exceto para palavras externas à língua, em especial aquela vindas di Sânscrito.
No sistema Tibetano de escritas as sílabas são escritas da esquerda para a direita 8 As sílabas são separadas por um “tseg” (); Como muitas palavras Tibetanas são monossilábicas, essas marca é por vezes não usada, sendo substituída por um espaçor para separação de palavras.
Mesmo que alguns dialetos Tibetanos apresentem Tons, como a língua em si própria não tinha esses tons quando da criação da escrita, os mesmos não são expressos na escrita. Como os tons se desenvolveram a partir de característcas segmentais, eles podem ser inferidos pela também ser identificados nas palavras tibetanas. Como nas outras escritas indianas, dígrafos consonantais são por vezes feitos caracteres um sobre o outro na vertical. Infelizmente, algumas fontes para informática não atendem a essa caracterísca da escrita Tibetana, não podendo ser aqui apresentados de forma correta.

Transliteração do Sânscrito[editar | editar código-fonte]

Conforme o IAST

Vogais[editar | editar código-fonte]

DevanagariIASTTibetanoSinais dependentes de vogais DevanagariIASTTibetanoSinais dependentes de vogais
a auཨཽ
āཨཱརྀྲྀ
iཨིརཱྀ
īཨཱཱིིལྀླྀ
uཨུལཱྀ
ūཨཱཱུུअंaṃཨཾ
eཨེअँཨྃ
aiཨཻअःaḥཨཿཿ
oཨོ 

Consoantes[editar | editar código-fonte]

DevanagariIASTTibetano DevanagariIASTTibetano
kada
khadhaདྷ
gana
ghaགྷpa
ṅapha
caba
chabhaབྷ
jama
jhaཛྷya
ñara
ṭala
ṭhava
ḍaśa
ḍhaཌྷṣa
ṇasa
taha
thaक्षkṣaཀྵ
As consoantes retroflexas "cerebral" do Sânscrito ट ठ ड ण ष (ṭaṭhaḍaṇaṣa) são representadas pela reversão das letras ཏ ཐ ད ན ཤ (ta, tha, da, na, sha) para ter-se ཊ ཋ ཌ ཎ ཥ (Ta, Tha, Da, Na, Sa).
È um regra clássica de transliteração च छ ज झ (ca cha ja jha) para ཙ ཚ ཛ ཛྷ (tsa tsha dza dzha), respectivamente. Atualmente, ཅ ཆ ཇ ཇྷ (ca cha ja jha) também podem ser usados.

Unicode[editar | editar código-fonte]

Bloco em Unicode Tibetano é U+0F00–U+0FFF.9 Esse inclui letras, dígitos, várias pontuações e símbolos especiais usados em textos religiosos.

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Ir para cima Chamberlain 2008
  2. ↑ Ir para:a b Daniels, Peter T. and William Bright. The World’s Writing Systems. New York: Oxford University Press, 1996.
  3. Ir para cima Ver, por exemplo [1]
  4. Ir para cima No antigo Tibetano não há letra w, que era, porém, um dígrafo para 'w.
  5. ↑ Ir para:a b No caso de Zh e Sh, o h significa palatização.
  6. Ir para cima h ou apóstrofo (’) geralmente significa aspiração.
  7. Ir para cima A letra h isolada implica fricativa glotal surda.
  8. Ir para cima Asher, R. E. ed. The Encyclopedia of Language and Linguistics. Tarrytown, N. Y.: Pergamon Press, 1994. 10 vol.
  9. Ir para cima Unicode block U+0F00 – U+0FFF; Tibetan script.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Em inglês
  • Asher, R. E. ed. The Encyclopedia of Language and Linguistics. Tarrytown, N. Y.: Pergamon Press, 1994. 10 vol.
  • Beyer, Stephan V. (1993). The Classical Tibetan Language. Reprinted by Delhi: Sri Satguru.
  • Chamberlain, Bradford Lynn. 2008. Script selection for Tibetan-related languages in multiscriptal environments. International Journal of the Sociology of Language 192:117-132.
  • Csoma de Kőrös, Alexander (1983). A Grammar of the Tibetan Language. Reprinted by Delhi: Sri Satguru.
  • _____ (1980–1982). Sanskrit-Tibetan-English Vocabulary. 2 vols. Reprinted by Delhi: Sri Satguru.
  • Daniels, Peter T. and William Bright. The World’s Writing Systems. New York: Oxford University Press, 1996.
  • Das, Sarat Chandra: “The sacred and ornamental characters of Tibet”. Journal of the Asiatic Society of Bengal, vol. 57 (1888), pp. 41–48 and 9 plates.
  • Das, Sarat Chandra (1996). An Introduction to the Grammar of the Tibetan Language. Reprinted by Delhi: Motilal Banarsidass.
  • Jäschke, Heinrich August (1989). Tibetan Grammar. Corrected by Sunil Gupta. Reprinted by Delhi: Sri Satguru.

Referências externas[editar | editar código-fonte]

Placa de resgistro de veículo deJammu e Caxemira, em escritas Latina e Tibetana

Referências Unicode[editar | editar código-fonte]

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