terça-feira, 28 de agosto de 2012

Vídeo: Como armazenar água da chuva


O programa SC Agricultura foi até o Oeste Catarinense para mostrar o passo a passo da construção de uma cisterna, prática muito utilizada na prevenção contra as estiagens. 24/08/12 - TV Epagri - 8:55

http://www.agrosoft.org.br

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Oportunidades para servir junto aos Médicos Sem Fronteiras



Nota do blog: A MSF é uma ONG secular, não é uma Missão cristã.

 No Brasil e no exterior:

Saiba como se candidatar e conheça as vagas que estão abertas.

No exterior 

Trabalhar com Médicos Sem Fronteiras é uma decisão marcante, profissional e pessoalmente. A equipe de MSF no exterior presta assistência médica a populações que vivem em situação de crise: em conflitos armados, epidemias, pandemias, catástrofes naturais ou ainda aos excluídos do sistema de saúde.

A cada ano, mais de 3 mil pessoas, de cerca de 40 nacionalidades e de diferentes profissões, partem para trabalhar nos projetos da organização.

MSF busca profissionais qualificados, experientes, motivados e flexíveis, capazes de se adaptar a outros contextos e culturas e viver em condições às vezes difíceis.

Clique aqui e faça o quiz profissional de MSF

No Brasil

Ao contrário do que se imagina, as pessoas que atuam com Médicos Sem Fronteiras não são voluntárias. Na verdade, os profissionais que trabalham com MSF são contratados da organização. Para trabalhar conosco, eles passam por um processo de seleção normal, têm carteira assinada e todos os direitos trabalhistas. Isso é necessário porque atuamos em contextos difíceis e quanto maior a dedicação e a estabilidade de nossos profissionais, maior é o compromisso com o trabalho e melhor é o desenvolvimento dos projetos.

Nota do blog: A MSF é uma ONG secular, não é uma Missão cristã.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Censo 2010: população indígena é de 896,9 mil, tem 305 etnias e fala 274 idiomas


No Censo 2010, o IBGE aprimorou a investigação sobre a população indígena no país, investigando o pertencimento étnico e introduzindo critérios de identificação internacionalmente reconhecidos, como a língua falada no domicílio e a localização geográfica. Foram coletadas informações tanto da população residente nas terras indígenas (fossem indígenas declarados ou não) quanto indígenas declarados fora delas. Ao todo, foram registrados 896,9 mil indígenas, 36,2% em área urbana e 63,8% na área rural. O total inclui os 817,9 mil indígenas declarados no quesito cor ou raça do Censo 2010 (e que servem de base de comparações com os Censos de 1991 e 2000) e também as 78,9 mil pessoas que residiam em terras indígenas e se declararam de outra cor ou raça (principalmente pardos, 67,5%), mas se consideravam “indígenas” de acordo com aspectos como tradições, costumes, cultura e antepassados.
Também foram identificadas 505 terras indígenas, cujo processo de identificação teve a parceria da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) no aperfeiçoamento da cartografia.
Essas terras representam 12,5% do território brasileiro (106,7 milhões de hectares), onde residiam 517,4 mil indígenas (57,7% do total). Apenas seis terras tinham mais de 10 mil indígenas, 107 tinham entre mais de mil e 10 mil, 291 tinham entre mais de cem e mil e em 83 residiam até cem indígenas. A terra com maior população indígena é Yanomami, no Amazonas e em Roraima, com 25,7 mil indígenas.
Foi observado equilíbrio entre os sexos para o total de indígenas (100,5 homens para cada 100 mulheres), com mais mulheres nas áreas urbanas e mais homens nas rurais. Porém, percebe-se um declínio no predomínio masculino nas áreas rurais entre 1991 e 2010, especialmente no Sudeste (de 117,5 para 106,9) Norte (de 113,2 para 108,1) e Centro-Oeste (de 107,4 para 103,4).
A pirâmide etária indígena tem a base larga e vai se reduzindo com a idade, em um padrão que reflete suas altas taxas de fecundidade e mortalidade, bastante influenciadas pela população rural. Em 2010, havia 71,8 indígenas menores de 15 anos ou de 65 anos ou mais de idade para cada 100 ativos. Já para os não indígenas, essa relação correspondia a 45,8 inativos para cada 100 em idade provável de atividade.
Na área rural, a proporção de indígenas na faixa etária de 0 a 14 anos (45,0%) era o dobro da área urbana (22,1%), com o inverso acontecendo na faixa de 65 anos ou mais (4,3% na rural e 7,0% na urbana). A pirâmide etária dos indígenas residentes fora das terras indígenas indica baixa fecundidade e mortalidade. Já para os indígenas residentes nas terras, a pirâmide etária ainda é resultante de uma alta natalidade e mortalidade. Metade da população indígena tinha até 22,1 anos de idade. Nas terras indígenas, o índice foi de 17,4 anos e, fora delas, 29,2 anos.
O Censo 2010 investigou pela primeira vez o número de etnias indígenas (comunidades definidas por afinidades linguísticas, culturais e sociais), encontrando 305 etnias, das quais a maior é a Tikúna, com 6,8% da população indígena. Também foram identificadas 274 línguas indígenas. Dos indígenas com 5 anos ou mais de idade 37,4% falavam uma língua indígena e 76,9% falavam português.
Mesmo com uma taxa de alfabetização mais alta que em 2000, a população indígena ainda tem nível educacional mais baixo que o da população não indígena, especialmente na área rural. Nas terras indígenas, nos grupos etários acima dos 50 anos, a taxa de analfabetismo é superior à de alfabetização.
Entre os indígenas, 6,2% não tinham nenhum tipo de registro de nascimento, mas 67,8% eram registrados em cartório. Entre as crianças indígenas nas áreas urbanas, as taxas são próximas às da população em geral, ambas acima dos 90%.
A análise de rendimentos comprovou a necessidade de se ter um olhar diferenciado sobre os indígenas: 52,9% deles não tinham qualquer tipo de rendimento, proporção ainda maior nas áreas rurais (65,7%); porém, vários fatores dificultam a obtenção de informações sobre o rendimento dos trabalhadores indígenas: muitos trabalhos são feitos coletivamente, lazer e trabalho não são facilmente separáveis e a relação com a terra tem enorme significado, sem a noção de propriedade privada.
Em 2010, 83,0% das pessoas indígenas de 10 anos ou mais de idade recebiam até um salário mínimo ou não tinham rendimentos, sendo o maior percentual encontrado na região Norte (92,6%), onde 25,7% ganhavam até um salário mínimo e 66,9% eram sem rendimento. Em todo o país, 1,5% da população indígena com 10 anos ou mais de idade ganhava mais de cinco salários mínimos, percentual que caía para 0,2% nas terras indígenas.
Somente 12,6% dos domicílios eram do tipo “oca ou maloca”, enquanto que, no restante, predominava o tipo “casa”. Mesmo nas terras indígenas, ocas e malocas não eram muito comuns: em apenas 2,9% das terras, todos os domicílios eram desse tipo e, em 58,7% das terras, elas não foram observadas.
Essas e outras informações podem ser vistas na publicação “Censo 2010: Características Gerais dos Indígenas – Resultados do Universo”, que pode ser acessada no link:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_gerais_indigenas/default_caracteristicas_gerais_indigenas.shtm
Terras indígenas em 2010 correspondiam a 12,5% do território nacional
No âmbito do Censo 2010, as 505 terras indígenas reconhecidas compreendiam 12,5% do território brasileiro (106.739.926 hectares), com significativa concentração na Amazônia Legal. Foram consideradas “terras indígenas” as que estavam em uma de quatro situações:declaradas (com Portaria Declaratória e aguardando demarcação), homologadas (já demarcadas com limites homologados),regularizadas (que, após a homologação, foram registradas em cartório) e as reservas indígenas (terras doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela União). No momento do Censo, o processo de demarcação encontrava-se ainda em curso para 182 terras.
Em 2010, o Brasil tinha seis terras indígenas com mais de 10 mil indígenas, 107 entre mais de mil e 10 mil, 291 entre mais de cem e mil e 83 com até cem indígenas. A terra com maior população indígena é Yanomami, localizada no Amazonas e em Roraima, com 25,7 mil indígenas, 5% do total.
Cartograma – Número de terras indígenas e superfície, segundo a situação fundiária
78,9 mil pessoas se declararam de outra cor ou raça, mas se consideravam indígenas
A população indígena residente no Brasil contabilizada pelo quesito cor ou raça foi de 817,9 mil pessoas. Esse é o número usado pelo IBGE para comparações com os Censos 1991 e 2000. Além delas, foram também agregadas ao grupo as pessoas que residiam em terras indígenas e se declararam de outra cor ou raça, mas se consideravam indígenas de acordo com tradições, costumes, cultura e antepassados, entre outros aspectos. Esse contingente somou 78,9 mil pessoas (um acréscimo de 9,7% sobre o total de indígenas do quesito cor ou raça), resultando em um total de 896,9 mil indígenas em todo o país, dos quais 36,2% residiam em área urbana e 63,8% na área rural. Entre as regiões, o maior contingente ficava na região Norte, 342,8 mil indígenas e o menor no Sul, 78,8 mil. Um total de 517,4 mil (57,7% do total nacional) residiam em terras indígenas, dos quais 251,9 mil (48,7%) estavam na região Norte. Considerando a população indígena residente fora das terras, a maior concentração foi encontrada no Nordeste, 126,6 mil.
Pardos eram 67,5% das pessoas de outra cor ou raça que se consideravam indígenas
Nas 488 terras indígenas onde foi captada informação sobre a população residente, as pessoas que se declararam como indígena no quesito cor ou raça, 438,4 mil, correspondiam a 77,2%. As que não se declararam, mas se consideravam indígenas, eram 78,9 mil (13,9%). Também havia 8,8% de pessoas residentes nas terras que não se declararam e não consideravam indígenas e sem declaração. Entre as regiões, o Nordeste apresentou a maior proporção de pessoas que não se declararam, mas se consideravam indígenas, 22,7%. No Ceará, esse percentual chegou a 45,5%.
A maior proporção da população residente em terras indígenas que se declarou de outra cor ou raça, mas se considerava indígena, foi de pardos (67,5%). A proporção se repetiu em quase todas as regiões e chegou a 74,6% no Norte. Só no Centro-Oeste os pardos ficaram em segundo lugar, com 33,0%, enquanto os brancos concentravam 60,4%.
População indígena na área rural tem predomínio masculino, mas observa-se declínio
Em 2010, a razão de sexo (número de homens para cada 100 mulheres) da população indígena se manteve estável em relação a 2000 (100,5 e 99,0, respectivamente), indicando equilíbrio entre os sexos. Na análise por situação de domicílio, a razão de sexo segue o padrão da população não indígena: mais mulheres nas áreas urbanas e mais homens nas áreas rurais. A área urbana da região Norte foi a única que apresentou tendência de crescimento masculino (de 89,4 homens para cada 100 mulheres em 1991 para 95,9 em 2010). Já na área rural percebe-se um declínio no predomínio masculino, especialmente no Sudeste (de 117,5 para 106,9) Norte (de 113,2 para 108,1) e Centro-Oeste (de 107,4 para 103,4). Na comparação das terras indígenas com outras áreas, observou-se predomínio masculino em 341 terras (70% do total). A TI Paraná do Paricá (AM) apresentou a menor razão de sexo: apenas 52,9 homens para cada 100 mulheres.
Indígenas nas áreas rurais e em terras indígenas são predominantemente jovens
A pirâmide etária indígena tem a base larga e vai se reduzindo com a idade. Esse padrão reflete suas altas taxas de fecundidade e mortalidade, influenciadas pela população rural. Entre 2000 e 2010, a proporção de indígenas entre 0 a 14 anos de idade passou de 32,6% para 36,2%, enquanto o grupo etário de 15 a 64 anos de idade foi de 61,6% para 58,2%.
A razão de dependência (quociente entre as populações inativas, de 0 a 14 anos e com 65 ou mais anos de idade, e a população em idade ativa, entre 15 e 64 anos) mostrou que, em 2010, havia 71,8 inativos para cada 100 ativos. Para os não indígenas, essa relação era de 45,8 inativos para cada 100 ativos. O índice de envelhecimento populacional indígena (quantidade de pessoas de 65 anos ou mais para cada 100 de 0 a 14 anos) de 15,5 idosos para cada 100 jovens, corresponde à metade do da população não indígena (30,8).
Na área rural, a proporção de indígenas na faixa etária de 0 a 14 anos (45,0%) era o dobro da área urbana (22,1%), com o inverso acontecendo na faixa de 65 anos ou mais (4,3% na rural e 7,7% na urbana). Entre as regiões, a tendência e as proporções foram as mesmas para as crianças e adolescentes na área rural. Já na área urbana, no Sudeste, o contingente de 0 a 14 anos foi de 14,6%, menos da metade da região Norte (33,2%).
Os indígenas residentes fora das terras indígenas acompanhavam o padrão da estrutura por sexo e idade da população não indígena, com baixa fecundidade e mortalidade, e, também, uma razão de dependência baixa e com idade mediana alta. Em 93,6% das terras, a população até 24 anos ultrapassava os 50%. Em seis terras, não foram encontrados indígenas com mais de 50 anos de idade: Itatinga (RJ), Maraã Urubaxi (AM), Sepoti (AM), Batovi (MT), Baía do Guató (MT) e Mundo Verde/Cachoeirinha (MG). A maior proporção de indígenas de 50 anos ou mais (42,9%) foi encontrada na TI Mapari (AM). Metade da população indígena total tinha até 22,1 anos. Nas terras indígenas, esse índice foi de 17,4 anos e, fora delas, 29,2 anos. Na comparação entre homens e mulheres, a população total e a que residia fora das terras indígenas repetiram o padrão dos não indígenas, com a idade mediana das mulheres ligeiramente mais alta do que a dos homens (21,8 anos para eles e 22,3 para elas no geral, 28,3 anos para eles e 30,2 para elas fora das terras); nas terras, foram 17,7 anos para eles e 17,0 para elas.
Analfabetismo chega a 33,4% para os indígenas de 15 anos ou mais em áreas rurais
Entre 2000 e 2010, a taxa de alfabetização dos indígenas com 15 anos ou mais de idade (em português e/ou no idioma indígena) passou de 73,9% para 76,7%, aumento semelhante ao dos não indígenas (de 87,1% para 90,4%). Porém, entre os indígenas, em 2010, a taxa de alfabetização masculina (78,4%) era superior à feminina (75,0%). Na área rural, a taxa de analfabetismo chegou a 33,4%, sendo 30,4% para os homens e 36,5% para as mulheres. Já nas terras indígenas, 67,7% dos indígenas de 15 anos ou mais de idade eram alfabetizados. Para os indígenas residentes fora das terras, a taxa de alfabetização foi 85,5%. Tanto dentro das terras quanto fora delas os homens tinham taxas de alfabetização superiores às das mulheres. Nas terras, as gerações mais jovens eram mais alfabetizadas que a população acima dos 50 anos, cujas taxas de analfabetismo (52,3% para o grupo entre 50 e 59 anos e 72,2% para 60 ou mais anos) eram maiores que as de alfabetização (47,7% e 27,8%, respectivamente).
Na área rural, 38,4% das crianças indígenas não tinham certidão de nascimento
A proporção de indígenas com registro de nascimento (67,8%) era menor que a de não indígenas (98,4%), 27,8% dos indígenas tinham Registro Administrativo de Nascimento e Óbito de Índios (RANI), feito pela FUNAI, e 7,4% deles não tinham qualquer tipo de registro. As crianças indígenas residentes nas áreas urbanas tinham proporções de registro em cartório (90,6%) mais próximas às dos não indígenas (98,5%). Mas, o número de crianças residentes na área rural é 3,5 vezes maior do que na área urbana e a proporção de registrados é significativamente menor (61,6%). Na área rural, 7,6% das crianças indígenas de até 10 anos não tinha qualquer tipo de registro. Nas terras indígenas, 63,0% dos indígenas com até 10 anos eram registrados em cartório e, fora delas, eram 87,5%. O percentual de crianças com o RANI dentro das terras (27,8%) era três vezes superior ao das crianças residentes fora (8,7%). Já o percentual de crianças não indígenas residentes nas terras, registradas em cartório, chegou a 96,2%. Os indígenas que não tinham nenhum tipo de registro nas terras indígenas correspondiam a 7,4% e os não indígenas, 2,4%.
Censo 2010 contou 305 etnias indígenas
O Censo 2010 investigou, pela primeira vez, o pertencimento étnico, sendo “etnia” a comunidade definida por afinidades linguísticas, culturais e sociais. Foram identificadas 305 etnias a partir das pessoas que se declararam ou se consideraram indígenas. Dentro das terras indígenas, foram contadas 250 e, fora delas, 300.
A maior concentração de etnias fora das terras indígenas ocorreu para etnias com até 50 pessoas e não se observou etnia com população acima de 10 mil indígenas. Já dentro das terras o maior agrupamento foi na classe de população entre 251 e 500 indígenas. Do total de indígenas declarados ou considerados, 672,5 mil (75%) declararam o nome da etnia, 147,2 mil (16,4%) não sabiam e 53,8 mil (6,0%) não declararam. Dentro das terras, 463,1 mil (89,5%) declararam etnia e 53,4 mil (10,3%) não responderam. Para os indígenas residentes fora das terras, 209,5 mil (55,2%) declararam etnia e 146,5 mil (38,6%) não sabiam.
A etnia Tikúna tinha o maior número de indígenas (46,1 mil), resultado influenciado por 85,5% deles que residiam em terras indígenas. Os indígenas da etnia Terena estavam em maior número fora das terras (9,6 mil). Nas terras indígenas, as etnias Yanomámi, Xavante, Sateré-Mawé, Kayapó, Wapixana, Xacriabá e Mundurukú não estavam presentes nas 15 mais enumeradas fora das terras. Já fora das terras, as não coincidentes eram Baré, Múra, Guarani, Pataxó, Kokama, Tupinambá e Atikum.
Em 2010, 293,9 mil indígenas falavam 274 idiomas
No Brasil, foram contabilizadas 274 línguas indígenas faladas, excluindo as originárias dos outros países, denominações genéricas de troncos e famílias linguísticas, dentre outras, sendo a Tikúna a mais falada (34,1 mil pessoas). Nas terras, foram declaradas 214 línguas e 249 foram contabilizadas tanto nas áreas urbanas quanto rurais localizadas fora das terras.
Dos 786,7 mil indígenas de 5 anos ou mais de idade, 293,9 mil (37,4%) falavam uma língua indígena, 57,3% dentro das terras e 12,7% fora delas. O português era falado por 605,2 mil (76,9%) e era falado por praticamente todos os indígenas fora das terras (96,5%).
A proporção de indígenas entre 5 e 14 anos que falavam língua indígena era de 45,9%, 59,1% dentro das terras e 16,2% fora delas. Na faixa entre 15 e 49 anos e para aqueles com 50 anos ou mais, o percentual de falantes declinava com o aumento da idade (35,8% e 28,5%). Dentro desses três grupos etários, nas terras indígenas, quase todos os falantes de língua indígena não falavam português, sendo o maior percentual para os indígenas de 50 anos ou mais (97,3%), enquanto que, fora das terras, nessa mesma faixa etária, o Censo 2010 revelou o menor percentual, 40,7% de falantes somente de língua indígena.
Dentro das terras, 97,9% dos indígenas que recebiam até um salário mínimo falavam língua indígena e não falavam português, enquanto fora das terras o percentual declinou para 50,6%. Entre os sem rendimento, 96,6% dos residentes nas terras indígenas falavam apenas língua indígena. Fora das terras, a proporção era de 68,7%.
Análise de rendimentos indica relações diferenciadas dos indígenas com o trabalho
O Censo 2010 indicou que 52,9% dos indígenas não tinham qualquer tipo de rendimento, proporção ainda maior nas áreas rurais (65,7%). Porém, vários fatores dificultam a obtenção de informações sobre o rendimento dos trabalhadores indígenas: muitos trabalhos são feitos coletivamente, lazer e trabalho não são facilmente separáveis e a relação com a terra tem enorme significado, sem a noção de propriedade privada.
Na categoria “sem rendimento”, as diferenças entre homens indígenas e não indígenas (51,9% contra 30,7%, respectivamente) são maiores do que entre as mulheres (53,9% contra 43,0%). Entre as mulheres indígenas e não indígenas da área urbana, praticamente não há diferença (41,6% e 41,9%); a variação entre os homens é um pouco maior (31,6% e 28,8%). Na área rural, a proporção de mulheres indígenas sem rendimento (64,5%) é um pouco menor que a dos homens (66,7%), diferente da comparação dos não indígenas (50,4% para mulheres e 40,4% para homens). Ocorre que muitas das mulheres indígenas, juntamente com seus filhos, desenvolvem atividades rentáveis ligadas ao artesanato.
Em 2010, 83,0% dos indígenas de 10 anos ou mais de idade recebiam até um salário mínimo ou não tinham rendimentos, percentual concentrado na região Norte (92,6%, sendo 66,9% sem rendimento). Já o Sudeste apresentou a menor proporção, tanto de pessoas que recebiam até um salário mínimo (25,9%) quanto das sem rendimentos (34,7%). Para os não indígenas, a proporção de pessoas de 10 anos ou mais de idade sem rendimento foi de 37,0% e das que recebiam até um salário mínimo, de 27,5%.
Em todo o país, 1,5% da população indígena com 10 anos ou mais de idade ganhava mais de cinco salários mínimos, percentual que caía para 0,2% nas terras indígenas, onde 65,8% dos indígenas não tinham rendimentos, enquanto, entre os indígenas residentes fora das terras, a proporção caiu para 39,5%. Nas terras, predominam atividades agrícolas de subsistência e os rendimentos monetários nem sempre são a melhor forma de aferir remuneração.
Nas unidades da Federação, variaram bastante as proporções de indígenas sem rendimentos e com até um salário mínimo, dentro e fora das terras. Nas terras, os dois estados com maiores números de indígenas com rendimentos acima de um salário mínimo foram Espírito Santo (19,3%) e Santa Catarina (16,8%). Fora das terras, o rendimento, de modo geral, era melhor, sendo menos favorável no Acre (11,2%), Amazonas (10,7%) e Ceará (14,6%).
Em 85,4% das terras, mais de 50% dos indígenas não tinham rendimento em dinheiro, nem benefício. Em 96,1% das terras, 50% dos indígenas de 10 anos ou mais de idade recebiam até um salário mínimo mensal e, em cinco delas, nenhum indígena recebia qualquer rendimento: Zo’E (PA), Sagarana (RO), Rio Omerê (RO), Batovi (MT) e Ava Canoeiro (GO).
Maior parte dos domicílios indígenas é ocupada por um só núcleo familiar
Os domicílios particulares permanentes cujo responsável se declarou indígena correspondem a 0,4% do total de domicílios do país; o percentual nas áreas rurais (1,2%) é seis vezes maior que o das áreas urbanas (0,2%).
Segundo o Censo 2010, 63,3% dos domicílios indígenas tinham unidades domésticas nucleares (responsável, cônjuge e filhos solteiros). Para as unidades domésticas estendidas (nuclear acrescida de outros parentes), o percentual correspondeu a 19,1% e, para as compostas (estendidas acrescidas de não parentes), a proporção foi de 2,5%. A maior responsabilidade pelos domicílios indígenas é masculina, com um excedente de 82%. Entre não indígenas, a prevalência da responsabilidade masculina fica em torno de 58%.
Ocas ou malocas são apenas 12,6% do total de domicílios indígenas
O Censo introduziu um novo tipo de domicílio particular permanente, a “oca ou maloca”, aplicada só às terras indígenas. Estas habitações, usadas por várias famílias, podem ou não ter paredes, variam de tamanho e geralmente são cobertas de folhas, palhas ou outras matérias vegetais. Apenas 12,6% dos domicílios eram do tipo “oca ou maloca”; no restante, predominavam casas. Só em 2,9% das terras, todos os domicílios foram classificados como “oca ou maloca” e, em 58,7% das terras, essas moradias não foram observadas.
Na região Norte, 70,9% dos domicílios indígenas não têm banheiro
Em 2010, 36,1% dos domicílios indígenas não tinham banheiro. Nas áreas urbanas, 91,7% dos domicílios indígenas tinham um ou mais banheiros e apenas 8,3%, nenhum. Essa situação se inverte nos domicílios rurais: 31,2% com um ou mais banheiros e 68,8% sem banheiro. Entre as regiões, o Norte se destacou, com 70,9% dos domicílios sem banheiro.
Os domicílios indígenas, principalmente nas áreas rurais, apresentaram os maiores déficits em esgotamento sanitário, com predominância do uso da fossa rudimentar (65,7%). Nas áreas urbanas, a rede geral de esgoto ou pluvial associado com fossa séptica lidera os percentuais, com 67,5%. Nesse quesito, em todas as regiões brasileiras, a situação era desfavorável em relação aos não indígenas e foi pior no Norte: 29,3% dos domicílios indígenas e 40,5% dos não indígenas não tinham o serviço. No país, foram 57,8% dos domicílios com responsáveis indígenas com esgotamento sanitário.
Apenas em 2,2% das terras indígenas todos os domicílios estavam ligados à rede de esgoto ou fluvial ou tinham fossa séptica; em 52,3%, nenhum domicílio era atendido por esses sistemas. Em 84,1% das terras, numa faixa de 75% a 99% dos domicílios, o tipo de esgotamento era fossa rudimentar, vala, rio, lago ou mar ou outro tipo. Do conjunto de domicílios que tinham algum tipo de esgotamento, a fossa rudimentar tinha as maiores proporções, principalmente no Sul (60,9%), Centro-Oeste (55,5%) e Nordeste (55,0%).
No Brasil, 60,3% dos domicílios indígenas contavam com rede geral de abastecimento de água, contra 82,9% dos não indígenas. No Norte, só 27,3% tinham rede geral. A região liderava na categoria “outra forma de abastecimento”, com 44,6%. Desse contingente, 85,1% vinham de rios, açudes, lagos e igarapés. Aqui também havia uma categoria específica, de “poço ou nascente na aldeia e fora da aldeia”, só pesquisada nas terras.
Nas terras, 33,6% dos domicílios tinham rede de abastecimento de água; a maioria usava poço ou nascente, dentro ou fora da propriedade. Em 57,1% das terras, nenhum domicílio estava ligado à rede, presente na totalidade dos domicílios apenas em 3,3% das terras.
Poucos domicílios das terras indígenas eram atendidos por coleta de lixo (16,4%), que não chegou a nenhum domicílio em 325 terras indígenas (66,7%) e apenas em 1,8% das terras abrangia todos os domicílios. Em 18,3% das terras, todos os domicílios queimavam o lixo na propriedade. O lixo de todos os domicílios era jogado em terreno baldio ou logradouro em seis terras: Areões (MT), Zo’E (PA), Aripuanã (MT), Badjonkore (PA), Riozinho do Alto Envira (AC) e Mundo Verde/Cachoeirinha (MG).
A energia elétrica, proveniente de companhia distribuidora ou outras fontes, dentro das terras, foi contabilizada em 70,1% dos domicílios, Do total de terras indígenas, 10,3% não tinham qualquer tipo de energia elétrica e em 10,9% todos os domicílios tinham algum tipo.
Comunicação Social
10 de agosto de 2012

domingo, 12 de agosto de 2012

Organizações acusam governo brasileiro de não ouvir indígenas


Um estudo realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e que será publicado em setembro de 2012 afirma que 454 empreendimentos concluídos, previstos ou já em andamento no Brasil afetam, de alguma maneira, 333 terras indígenas. E, segundo avaliação do Cimi, nenhum dos 158 povos afetados foi devidamente consultado pelo governo federal antes do início das obras, como determina a lei.

Segundo o estudo, que foi antecipado à DW Brasil, pouco mais da metade desses empreendimentos visam a exploração energética, como usinas hidrelétricas, e 34% deles são obras de infraestrutura, como estradas. Há ainda projetos nas áreas de mineração, agronegócio e ecoturismo.

Organizações de apoio aos povos indígenas e representantes doMinistério Público Federal (MPF) engrossam o coro e acusam os sucessivos governos brasileiros de ignorar, desde 1988, o artigo 231 da Constituição, que determina a consulta direta às comunidades afetadas antes da implementação de qualquer obra ou empreendimento.

O Brasil também estaria descumprindo um compromisso acertado em âmbito internacional após a ratificação, em 2004, da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em abril do ano passado, a Organização dos Estados Americanos (OEA) chegou a pedir que o governo brasileiro suspendesse as obras da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, por não ter consultado os povos na bacia do rio Xingu. Os trabalhos chegaram a ser embargados, mas no fim do ano passado eles foram liberados pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).

O governo se defende e garante que, no caso específico de Belo Monte, as oitivas (consultas às comunidades afetadas) foram realizadas, e põe a culpa na falta de um modelo padrão para a realização das consultas. Para os críticos, o governo vem apenas realizando reuniões entre autoridades públicas e comunidades indígenas, que na maioria das vezes servem apenas para comunicar os projetos já em andamento, sem de fato ouvir a opinião dos habitantes da região.

Não é só Belo Monte

Belo Monte ganhou notoriedade internacional e acabou virando um caso emblemático do alegado atropelo das autoridades brasileiras sobre os direitos dos indígenas de participar ativamente dos projetos que afetam suas áreas. Mas está longe de ser o único. O Ministério Público Federal tem entrado com diversas ações na Justiça para embargar obras que não atendem à Convenção 169.
Há poucos dias, por exemplo, o TRF1 determinou a paralisação imediata das obras de outra usina, a de Teles Pires, na divisa entre os estados do Pará e do Mato Grosso. Entre as irregularidades apontadas está a falta de consulta prévia aos povos indígenas afetados pelo projeto.

O secretário-adjunto do Cimi, Saulo Feitosa, que coordenou o estudo sobre os impactos de empreendimentos em terras indígenas, diz que a maioria das obras citadas no levantamento está localizada na Amazônia e na região Centro-Oeste, onde também estão cerca de 90% das áreas destinadas a ocupações de povos indígenas no país.

Essas áreas apresentam um enorme potencial energético e, apesar das críticas de ambientalistas, a presidente Dilma Rousseff já ressaltou inúmeras vezes que o Brasil não deixará de explorar o filão.

"Há uma previsão de que nos próximos 50 anos o número de hidrelétricas na Amazônia chegará a 302", ressalta Feitosa. Justamente por causa das dimensões dos projetos do governo, defende o secretário-adjunto do Cimi, as populações precisam ser informadas e consultadas. "Se há um planejamento energético a médio ou longo prazo, isso tem que ser dito para que os povos possam medir as consequências dos impactos, já que suas terras vão ser afetadas várias vezes."

Biviany Rojas, advogada da organização ambientalista Instituto Socioambiental (ISA), ressalta que o Brasil foi pioneiro no mundo em estabelecer direitos específicos aos indígenas em sua Constituição e lamenta que o país não consiga cumprir a própria lei. "Num estado democrático não se pode negar a pessoas que habitam uma terra, como os povos indígenas, a possibilidade de discutir como e o quê vai ser feito nela", critica.

Feitosa também culpa a pressão de empresários dos setores da mineração, do agronegócio e do setor energético pela ausência de oitivas "feitas de maneira correta" com os povos indígenas. "Para o governo é conveniente não consultar" a fim de atender, segundo ele, os interesses desses grupos econômicos e políticos. "Muitos grupos políticos são da própria base de apoio do governo."

Portaria controversa

No início de ano, o governo criou o grupo de trabalho interministerial (GTI) para estabelecer normas de consulta direta aos indígenas, evitando a chuva de críticas e de processos judiciais. Formado por representantes de 26 órgãos públicos -- entre eles o Itamaraty, a Funaie o Ministério de Minas e Energia (MME) -- e de comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais, o GTI deve finalizar um modelo para as oitivas até o fim de 2013.

"Tem havido consulta prévia", defende Sílvio Albuquerque, representante do Itamaraty no GTI e um dos coordenadores do grupo. Segundo ele, "a regulamentação do mecanismo de consulta vai permitir com que as autoridades tenham procedimento padrão em situações semelhantes".

No entanto, no dia 16 de julho, a publicação de uma portaria pelaAdvocacia Geral da União (AGU) provocou indignação entre as organizações indígenas. Segundo as entidades, a portaria inviabilizaria os trabalhos do GTI por dispensar a consulta no caso de obras consideradas "estratégicas". Sob pressão da Funai, uma semana depois de editado, o texto foi suspenso pela AGU por 60 dias.

"A portaria é totalmente contraditória e tem um intenção política muito clara: tumultuar o processo. Mesmo sem força de lei, ela impede a ação de órgãos sob orientação da AGU, como a Funai, e cria argumentos para que os invasores tradicionais das terras indígenas possam justificar suas ações com base nela", critica Feitosa.

Albuquerque reconhece que a edição da portaria acabou gerando uma desconfiança entre os interlocutores dos povos indígenas no GTI. Ele admite que o texto da AGU pode ser mudado quando o prazo para a suspensão acabar.

"Um componente essencial neste processo é a existência de boa fé e transparência na relação entre povos consultados e governo", afirma o diplomata. "E minha expectativa é de que o trabalho que começamos em janeiro termine com uma proposta concreta que atenda às expectativas dos povos indígenas, quilombolas e também daOrganização Internacional do Trabalho e do governo federal".

terça-feira, 7 de agosto de 2012

África: O Deserto de Afar



via blog Curiosidades e Culturas



O Deserto de Afar

O fascinante deserto de Afar é conhecido como o lugar mais quente do planeta. O deserto Afar não tem nada que ver com outros desertos como o Saara, já que em vez de areia, está cheio de sal (porque antigamente foi um lago enorme).

O fato de estar coberto de sal cria um cenário todo branco e fascinante. Fica no Nordeste de África e estende-se a quatro países: Eritreia, Etiópia, Jibuti e Somália. Os seus habitantes mais importantes são os Danaquil (ou Afares), de origem etíope, e os Issas, de origem somali. Estão divididos em centenas de tribos.

Os Afares e os Issas podem ser classificados em três grupos: pastores agricultores, que cultivam a terra junto das fontes de água e criam animais; pastores nómadas, que circulam com os rebanhos por terras onde haja erva; e os que optaram por viver nos centros urbanos.

Os agricultores cultivam sorgo, milho, trigo, sésamo, favas, batata-doce, bananas, melão e algodão.



Os pastores criam camelos, ovelhas, cabras, cavalos e burros.

Os Afares Os Afares são perto de dois milhões. Mais de metade vive no Leste da Etiópia. Cerca de 600 mil habitam no Sul da Eritreia; outros 600 mil ocupam todo o Jibuti, e uma minoria – cerca de 60 mil – moram na Somália.

Este povo permanece nestes lugares há pelo menos 2800 anos. Eles foram os que sofreram mais com a independência da Eritreia em relação à Etiópia, e do Jibuti com respeito à Somália, porque esse facto dividiu famílias.

A sociedade afar divide-se em duas classes: os «Asaemara» são a nobreza, a classe dominante, os políticos, e os «Adaemara» são o «povo».



A maioria é nômade. Vivem da criação de gado: ovelhas, cabras, vacas e camelos. Alguns dedicam-se à extracção de sal. Um afar para ser notável deve cumprir dois requisitos: ser um guerreiro forte e vingador e ter gado.

A vingança é uma prova de honra e a maior demonstração de valor viril. As mulheres afares desprezam os pretendentes que nunca mataram um homem. Elas desejam alguém que ostente um bracelete de ferro, sinal indicador de que matou dez inimigos.

Por outro lado, um adulto que não tem gado é um homem de pouco valor: ninguém dá importância à sua palavra. A opinião tem mais força e dignidade consoante o tamanho do rebanho.

Todos os acontecimentos importantes da vida social – nascimentos, iniciações, casamentos, alianças, mortes e sucessões – implicam doações, intercâmbios ou sacrifícios de gado.

A iniciação dos rapazes é a circuncisão e a das raparigas é a excisão (mutilação sexual feminina). Os matrimónios são monogâmicos em geral. Os mais ricos podem ter mais mulheres. As jovens são dadas em matrimónio a partir dos dez anos. De preferência, os noivos são primos. Os pais do noivo pagam o dote da noiva.

Os Afares constroem as casas com estacas de madeira, erva seca e folhas de árvores. Tem um formato oval. As camas são esteiras. Montar o acampamento é responsabilidade das mulheres. Quando viajam, todo o material é carregado pelos camelos. Uma cerca com espinhos rodeia o acampamento, para prevenir os ataques de animais selvagens ou dos inimigos.

A carne, a manteiga e o leite são os principais alimentos dos Afares. O leite é um ingrediente importante na tradição da hospitalidade. Quando se dá leite quente a um hóspede, o anfitrião assegura-lhe total protecção e se, porventura, ele for assassinado, a sua morte é vingada como se fosse a de um membro do clã.

Os Afares converteram-se ao Islão no século X, depois do contacto com os árabes. Todavia, mantém alguns traços das religiões naturais. Por exemplo, crêem que certas árvores têm poderes sagrados.

Em certos ritos ungem os corpos com uma espécie de manteiga. Atribuem um grande poder aos restos mortais das pessoas e, todos os anos, celebram a festa dos mortos, chamada «Rabena». Muitos levam amuletos de coro ao pescoço que contêm ervas e versos do Alcorão.

Os Issas Quinze milhões de issas vivem espalhados por oito países no Nordeste de África. Nove milhões vivem na República da Somália, dois quais dois milhões são nómadas.

Na Etiópia vivem entre três e cinco milhões. Habitam em tendas feitas de peles e couros presos em varas de madeiras curvas. O curral dos animais fica perto das casas. São as mulheres que montam o acampamento que congrega a família alargada. No caso de poligamia, cada mulher tem uma tenda. O número de divórcios é elevado. A custódia dos filhos é decidida segundo os sexos: os pais ficam com os filhos e as mães com as filhas. O primogénito da primeira esposa é quem herda a chefia. Em caso de guerra, o conselho dos chefes de família escolhe um líder para a ocasião. Quando viajam, levam as estacas, a pele, o couro e outras madeiras nas costas de camelos. Quando encontram um local para se instalar, agrupam-se e fazem ao redor da área uma cerca com arbustos torcidos e espinhos. São um dos grupos mais homogéneos de África: falam uma língua comum, professam o Islão como única fé e partilham a mesma herança cultural.

Cada clã issa identifica-se através da ligação a um antepassado comum e por ocuparem sempre os mesmos terrenos. A existência de poços é que dita a escolha destas propriedades. As mulheres e as crianças pequenas cuidam das ovelhas e cabras, enquanto os homens e os rapazes mais crescidos apascentam os camelos e as vacas. Deles retiram o leite, o seu principal alimento. A carne é só para ocasiões especiais. As crianças aprendem a história e as tradições do povo através da poesia.

Os Issa têm uma memória extraordinária e cantarolam contos folclóricos para se divertir nas longas caminhadas durante a noite. A seca, a fome e a guerra têm dispersado muitos para os países vizinhos e dividido os seus lares. Os que fugiram para o Iémen e a Etiópia enfrentam mais guerra, mais pobreza e mais rivalidade entre os clãs. A esperança de vida é de 46 anos.

Outras tribos Na Eritreia, além dos Afares, vivem uns 107 mil Bejas. Eles foram os primeiros pastores de África (2700 a. C.). São hospitaleiros e gentis com os outros clãs mas facilmente litigam com os estrangeiros.

Seguem um «islamismo popular», que é uma mistura da fé islâmica com as suas crenças tradicionais. Contêm tribos menores, como os Ababde, Hedareb, Bisharin e os Hadendoa. No Centro deste país moram os Tigrinya e os Bilen; no Norte – e Nordeste da Etiópia –, os Tigre; no Sudoeste, os Saho, os Kunama e os Nara; e, no Noroeste, os Rashaida.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Casas de baixo custo resistentes a terremotos

Casas de baixo custo resistentes a terremotos
O sistema de alvenaria integral usa um conjunto entrelaçado de suportes feitos com barras de aço de construção - ou vergalhões -, as mesmas usadas para a construção de lajes e concreto armado. [Imagem: Orta et al.]


Sistema de alvenaria integral
Engenheiros da Universidade Politécnica de Madri, na Espanha, projetaram e construíram várias casas de baixo custo resistentes a terremotos.
Embora países ricos, como o Japão, detenham grande tecnologia para a construção de edifícios resistentes a abalos sísmicos, o Haiti não se recuperará tão cedo do terremoto que devastou o país em 2010.
Foi pensando em criar uma alternativa de baixo custo, acessível para regiões mais pobres, que Belén Horta e seus colegas desenvolveram um novo sistema de construção, que eles batizaram de IMS (Integral Masonry System: sistema de alvenaria integral).
Antiterremoto de baixo custo
Os resultados dos testes práticos, com construções reais, feitas com vários tipos de materiais, provaram que uma casa construída com este sistema estável suporta terremotos fortes, que submetam a construção a acelerações de até 1,8 g.
Além disso, passado o tremor, basta que as eventuais trincas sejam consertadas para que a construção retorne ao seu nível original de resistência.
E isso foi obtido usando apenas materiais de construção disponíveis em áreas muito pobres, como adobe, tijolos furados, blocos de concreto e aço de construção.
Casas de baixo custo resistentes a terremotos
Um dos protótipos de casa resistentes a terremotos - a maior a ser testada foi construída com 72 metros quadrados. [Imagem: UPM]
Suportes entrelaçados
O sistema de alvenaria integral usa um conjunto entrelaçado de suportes feitos com barras de aço de construção - ou vergalhões -, as mesmas usadas para a construção de lajes e concreto armado.
Esses suportes são dispostos de forma a terem interseções em três direções, criando uma malha muito resistente aos sacolejos aleatórios de um terremoto.
Vem então o mais interessante.
O interior dos suportes de aço pode ser preenchido com o material de construção que estiver disponível, o que inclui de tijolos comuns a barro usado para fazer adobe, e até rejeitos.
Por cima, uma única laje comum é suficiente para dar rigidez à construção.
Recuperável
O que torna o sistema de alvenaria integral ainda mais interessante para áreas pobres é que ele dispensa o concreto, podendo ser feito inteiramente com materiais locais - apenas o aço de construção precisaria ser trazido de fora.
"Além disso, esse sistema de construção alternativo possibilita reconstruir as casas afetadas por um terremoto com a mesma segurança necessária para enfrentar outra catástrofe futura," dizem os pesquisadores.
LEIA TAMBÉM:
Bibliografia:

Experimental study of the Integral Masonry System in the construction of earthquake resistant houses.
Belén Orta, Rosa Bustamente, José María Adell
Materiales de Construccion
Vol.: 62 (305): 67-77
DOI: 10.3989/mc.2012.63810

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

2º Congresso Indígena da JMN em SP


Congresso Indígena, que acontecerá nos dias 01 e 02 de setembro de 2012 na Primeira Igreja Batista, no bairro Liberdade em São Paulo.
Não será cobrada a inscrição. E para os 100 primeiros que se inscreverem através do e-mail regionalsaopaulo@missoesnacionais.org.br, será oferecida hospedagem gratuita. Os congressistas pagarão apenas as refeições.

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