terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mianmar: Razões econômicas


Monges noviços brincam enquanto um policial protege um templo budista onde moradores locais se encontram com representantes da ONU e da polícia birmanesa, em Kyauk Ka Char, Mianmar. 

O país avançou significativamente na erradicação das plantações de papoula de setembro de 2011, ameaçando a sobrevivência de agricultores pobres, que dependem da cultura de ópio para comprar alimentos. 

Com o cessar-fogo pondo fim a anos de conflitos entre o governo e insurgentes étnicos, a representantes da ONU e homens da polícia birmanesa estão percorrendo o Estado de Shan, grande produtor de ópio, para saber dos agricultores  suas necessidades de assistência. 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Linguee: Um dicionário online e uma máquina de busca de traduções

Linguee nova versão

O Linguee é um dicionário inteligente que não mostra apenas a tradução de uma palavra em específico. Seu grande diferencial é dar uma ideia geral sobre o que significa uma palavra ou expressão com diversas frases de exemplo. Desta maneira é muito mais fácil entender a semântica de uma expressão, frase ou palavra.

A boa notícia é que, o que era bom, agora está melhor. O Novo Linguee conta com diversas novidades que melhoraram a interpretação de palavras, novos recursos e um visual muito mais bonito e de fácil compreensão.

A ferramenta de tradução mais eficiente da Web combina um dicionário redacional com uma máquina de busca de traduções. A notícia espalhou-se e o Linguee já é uma das startups mais bem sucedidas do último ano: a divulgação e o entusiasmo do(a)s nosso(a)s usuário(a)s resultaram em mais de 1,5 milhão de consultas diárias e fez do Linguee um dos dicionários mais utilizados do planeta!

O Linguee está com um visual muito mais moderno, além de novas funções de fácil utilização. Entre as novidades está a sugestão dinâmica de exemplos de frases traduzidas, integração e outras diversas fontes de tradução. Através desta ferramenta é possível traduzir desde palavras usuais até palavras mais complexas que poderão ser encontradas nos seus mais variados contextos de ocorrência.


Sobre o Linguee

O Linguee.com.br é um dicionário online e uma máquina de busca de traduções. Em comparação a outros dicionários online existentes, o Linguee oferece a pesquisa em cerca de mil vezes mais material bilíngue traduzido. Ele foi fundado em dezembro de 2008 após mais de um ano de desenvolvimento por Gereon Frahling e Leonard Fink. Em Maio de 2010, a versão final foi lançada online e em agosto de mesmo ano, foram incluídas as versões em português-inglês, espanhol-inglês e francês-inglês, todas mantendo o mesmo caráter único e a alta qualidade da versão alemã. O Linguee está entre os 100 websites mais visitados da Alemanha e é um dos dicionários online mais utilizados do mundo.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sobre o Projeto Vídeo nas Aldeias, que há 14 anos forma diretores cinematográficos indígenas

Vicente Carelli é antropólogo e fundador do Projeto Vídeo nas Aldeias, que há 14 anos forma diretores cinematográficos indígenas



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Quais são os êxitos do Projeto Vídeo nas Aldeias? 
A coleção de DVDs Cineastas Indígenas, com documentários dirigidos pelos índios formados pelo nosso projeto, e as obras premiadas internacionalmente (como o filme Priara Jô. Depois da Guerra, o Ovo), que levam a intimidade indígena para o público. Algo que eu nem sonhava quando comecei tudo.

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Como os índios enxergam as produções? 
Os índios, quando percebem a possibilidade da produção da imagem, se empolgam na preparação dos seus rituais e cantos mais apreciados e se lamentam por não terem imagens de seus avós. Estar na tela também torna a possibilidade de ser reconhecido mais palpável, não como um índio genérico, mas como um xavante, um kuikuro, um panará, um povo.

É diferente do que vemos na TV?
Os índios não se identificam com sua imagem na TV, sempre acham que inventam coisas ou omitem o mais importante. Nos filmes, querem mostrar o que consideram mais bonito: cerimoniais e festas. O cinema com o qual trabalhamos é o de documentar o cotidiano, o humor das pessoas, as alegrias, as broncas. É um olhar que, para além de nossas diferenças culturais, humaniza o índio, homem como a gente, que ri e se surpreende com as mesmas coisas, que adula seu filhote como a gente faria.


Saiba mais:

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Peru: Tribo recém-descoberta atira flechas contra turistas

Violência marca encontro de tribo amazônica no Peru com civilização.

[O Globo, 31 jan 12] Uma tribo de índios até há pouco totalmente isolada na Amazônia peruana começou a fazer aparições esporádicas nas margens dos rios da região e chegou mesmo a lançar flechas contra turistas que costumam fazer um roteiro ambiental na área e contra um funcionário do Parque Nacional Manu, onde ficam suas terras. Um nativo de um outro grupo, que ajudava um arqueólogo a fazer estudos na área e já teria travado algum contato com a tribo, teria sido flechado no coração e morrido.
Autoridades peruanas afirmaram ontem que estão lutando para manter eventuais visitantes longe da tribo e evitar novos problemas. O comportamento do pequeno grupo de índios mashco-piro intriga os cientistas. Aparentemente, o grupo passou a se aproximar mais da margem do rio e se mostrar mais agressivo devido a pressões impostas pelo desmatamento ilegal e a exploração de óleo e gás. Pequenos aviões da companhia de petróleo têm sobrevoado a área, no sudeste do Peru. Além disso, segundo especialistas, eles estariam se sentindo acossados por turistas que, em algumas ocasiões, teriam deixado roupas junto aos rios, como forma de atraí-los para as margens.
De acordo com ribeirinhos do estado de Madre de Dios, os índios foram vistos pela primeira vez em maio do ano passado. Em novembro, um arqueólogo espanhol que trabalha na região fez as fotos que ilustram a matéria — divulgadas ontem pela ONG Survival International e consideradas as mais detalhadas já feitas de um grupo indígena isolado, que nunca manteve contato direto com outros grupos.
— Tem havido um aumento dos conflitos e da violência contra pessoas de fora que apareçam em sua terra ancestral — afirmou, em entrevista à BBC, a pesquisadora da ONG Rebecca Spooner, lembrando que eles estariam se sentindo acossados com o comportamento dos forasteiros.
No ano passado, eles teriam disparado uma flecha sem ponta contra um guarda florestal do parque e turistas, como forma de avisar que não queriam visitas.
Para conseguir as fotos, o arqueólogo espanhol Diego Cortijo se manteve a uma distância de 120 metros e contou com a ajuda de um telescópio acoplado a uma câmara. Ele estava acompanhado do nativo de um outro grupo, Nicolas Shaco Flores, que, há 20 anos vinha tentando manter contato com a tribo, para quem costumava deixar alguns utensílios. Ele teria, inclusive, chegado a conversar com alguns deles. Cinco dias depois de as fotos serem tiradas, no entanto, Flores foi morto com uma flecha no coração. Muitos acreditam que os mashco-piro seriam os responsáveis, embora isso não esteja totalmente comprovado.
— O fato de eles se aproximaram ocasionalmente das margens para conseguir machetes e outros utensílios não significa que queiram contato e uma prova disso são os recentes atos violentos — sustenta Rebecca, que não sabe dizer quem teria matado Flores. — Já protestamos agora e no Parque Nacional de Manu não há mais turistas. Mas vamos enviar um abaixo-assinado com 150 mil assinaturas ao governo para que tome medidas também contra os madeireiros, que subornam autoridades locais para entrar.
— Ele estava com sua filha e seu genro cultivando o solo quando tudo aconteceu e só os dois conseguiram escapar — afirmou o arqueólogo, em entrevista ao jornal espanhol “El Mundo”. — Não se sabe quem o matou, mas duvido que tenham sido os indígenas do grupo que conhecia, com os quais nunca havia tido problemas.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

CHOMSKY, LEVY-STRAUSS E MAUSS - Pensadores e antropólogos reconhecem: é necessário que exista um Deus


Ronaldo Lidório

     A filosofia antropológica é uma das minhas áreas de interesse, sobretudo as teorias que giram em torno das formas normativas para agrupamentos sociais. Nos últimos tempos tenho lido pensadores contemporâneos que, em algum instante de suas conclusões teóricas, propuseram a não existência de Deus. Já estudava Chomsky há algum tempo e recentemente interessei-me por outras mentes brilhantes que igualmente iniciaram suas carreiras acadêmicas tentando dispensar teoricamente a existência do Eterno na formulação social humana. Minha pequena pesquisa pessoal tinha como alvo avaliar as conclusões finais em seus estudos já que todo pensador possui valores ainda inconclusivos ao longo da pesquisa. Como interessado na antropologia sinto-me atraído pelo que podemos chamar de ‘acuo filosófico’. Um momento dialético em que o pensador (ou uma sociedade pensante) conclui, mesmo com amargura e não raramente revolta acadêmica, a necessidade do Eterno sem o qual a humanidade torna-se empírica e filosoficamente inviável. Reconheço como leitor da Palavra que não há aí nenhuma luz que os conduza a Deus. Somente a Graça o faz. Entretanto há certamente uma escuridão que faz compreender o vácuo existencial sem a concepção de Deus. 
     Lendo o pensamento científico destes pensadores torna-se quase facilmente perceptível a sua divisão conclusiva em dois grupos. Aqueles que se frustram existencialmente e inconcluem suas teorias como Nietzche com seu niilismo onde se torna "negador de Deus" (1) e posteriormente (como seria diferente?) negador da vida sendo claramente influenciado pelo trauma da morte do pai, ministro luterano, já por algum tempo enlouquecido, quando ainda era criança. Ou por Kafka em seu ceticismo disfuncional onde jamais chegou a conceber sentido para a vida e vendo o mundo como "uma sociedade esquelética sem qualquer fim" (2) e sem conseguir detectar ‘a fonte da formulação deste cenário socio humano que chamamos de vida’ (3) que aparentemente era seu alvo inicial. Seguem-se a estes, outros como Derrida, Freud, atualmente Goleman e quase todos à sombra de Darwin sem mencionar Kant com seu racionalismo irônico onde diz ter "destruído Deus para depois o reinventar, apenas em benefício da necessidade teísta de Lampe, seu criado". (4) 

     O segundo grupo é formado por aqueles que, ao fim, conseguem achar humildade de espírito suficiente para concluir que, mesmo não defendendo cientificamente a existência de Deus, a vida (especialmente a humana) não poderia ser concebida sem a presença interventora do Eterno. Rendem-se, não à adoração a Deus, mas à sua necessidade, para eles próprios existirem. Dentre eles encontramos Levy-Strauss, Chomsky, Mauss e o próprio Kant, em seus arroubos de iluminação. 

     Gostaria inicialmente de destacar Noam Chomsky, um dos mais respeitados lingüistas do século XX, conhecido por sua busca axiomática das estruturas de comunicação e influente no mundo acadêmico e filosófico. Judeu, filho de um estudioso da língua Hebraica, tentou ele explicar racional e empiricamente as raízes de comunicação socio-humana quando, desenvolvendo seus principais estudos em Harvard foi tomado pela síntese teórica, óbvia ao seu ver, da ‘cognição inata’. Em poucas palavras trata-se da compreensão de que a comunicação socio-cultural foi desenvolvida antes dos agrupamentos sociais. Ou seja, toda a estrutura de comunicação humana, verbal ou semiótica, foi criada antes do ser humano se agrupar. Ele afirma que ‘a liberdade lingüística e a criatividade não são adquiridas, mas sempre existiram de forma apriorística" (5) e finalmente sucumbe reconhecendo que usuários de linguagem jamais poderiam compreender novas estruturas gramaticais sem jamais as ter encontrado na prática, o que torna a linguagem inata, e primeira, antes da dispersão social. Chomsky concluiu a necessidade do Eterno para que a humanidade pudesse se comunicar. 

     Chomsky trata também em outros estudos da aquisição da linguagem e a sua competência pressupondo a criatividade como sendo algo nascido do "estímulo/resposta" (6). Entretanto mais uma vez conclui que a linguagem, por sua estrutura socio-comunicativa, não poderia ter sido assimilada. Antes precisaria ter sido criada pré-homem. Afirma que ‘a linguagem não possui, como muitos imaginavam, um status autônomo, ..... mas sim a expressão do sujeito psicológico’ (7). Segundo o lingüista Saussure (8) ‘primeiro surgiu a parole (fala), depois a langue (estrutura gramatical)’. Garnins reconhece que ‘a fala surgiu com o primeiro homem, portanto não evoluiu com as escalas pré-humanas, e indica o dedo de Alguém que, antes do homos, já se comunicava’ (9). Mais uma vez não podemos entender aqui qualquer apologia teológica mas ver tão somente pensadores e filósofos reconhecendo a necessidade de Deus. Um acuo filosófico. 

     Claude Levy-Strauss é um dos mais renomados, e citados, antropólogos em nossos dias. Filho de pais artistas, intuitivo e acadêmico, completou sua agregation em filosofia na Sorbonne nos anos 30 e até mesmo teve uma rápida passagem por São Paulo como professor de antropologia. Sua obra clássica (As Estruturas Elementares do Parentesco) possui clara e forte influência de Mauss (que alías chegou próximo das suas conclusões chamadas ‘místicas’). Em sua tese inicial Levi-Strauss estuda o agrupamento humano em uma perspectiva evolutiva e assim esperava-se encontrar ao longo das pesquisas etnológicas uma paralela evolução dos valores humanos. Entretanto, para surpresa do racionalismo e existencialismo reinantes na época, Levy-Strauss analisa os agrupamentos humanos históricos e presentes sob a ótica de uma pesquisa empírica e conclui que os valores sócios culturais sem sombra de dúvidas eram pré-estabelecidos. Em outras palavras, o valor moral existiu antes dos agrupamentos humanos se dispersarem para a formação de grupos maiores. Utilizando o estudo antropológico de alguns axiomas gerais como o incesto ele concluiu que tais valores existiam antes da formação da sociedade alvo. Se o homem ainda não havia tido ‘história’ suficiente para, ele mesmo, desenvolver seu padrão moral e transmiti-lo a grupos posteriores, qual a raiz do padrão moral ? Não há resposta fora da pessoa de Deus. Levy-Strauss menciona que ‘...o princípio da vida não pode ser unicamente explicado por uma versão do funcionalismo (vive-se para um fim) nem tampouco empiricamente por fatos condenados a falares por si mesmos... De fato, sistemas de parentesco mantêm a natureza em xeque pois o incesto, a priori, não é um fenômeno natural, evolutivo, mas sim axiomático, pré-existente’ (10). 

     Curiosamente passei a ler um pouco mais de Mauss, que fortemente influenciou Levy-Strauss. Apesar de não possuir conclusões tão expressivas ele expõe exaustivamente o conceito de ‘mana’. ‘Mana’ para Mauss é uma inexplicável sobrenaturalidade sem a qual as sociedades tornar-se-iam inviáveis. A conclusão nesta fase inicial de Mauss foi a de unicidade. A humanidade é uma pois vivemos sob a sombra de um só ‘mana’. Chegou a esta conclusão após o estudo exaustivo etnográfico de três grupos, os Potlatch na América, os Kula no Pacífico e os Hau da Nova Zelândia. Afirmou, ao fim, que ‘passo a crer em meios necessariamente biológicos de se entrar em comunicação com Deus’ (11). Não pensemos entretanto que ‘comunicação com Deus’ provém de uma concepção teológico/revelacional. Ele jamais chegou perto disto. Entretanto reconhece que sem ‘mana’, a existência autônoma do Eterno interventor, a sociedade como existe hoje seria inconcebível pois ‘todos os grupos culturalmente definidos concordam, buscam e reconhecem submissão do invisível sobre a natureza humana’ (12). Mais uma vez enfatizo que não há apologia teológica mas sim reconhecimento da necessidade de conceber Deus, sem o qual invibializaria a própria transmissão cultural. 

     Temos aqui, portanto, uma tríade de conclusões filosóficas as quais, distintas e teóricas, desembocam na expectativa por Deus. Chomsky reconhece a necessidade de Deus para justificar a existência da comunicação pré-social e pré-evolutiva. Levy-Strauss o faz para conseguir explicar a existência de um padrão moral na raiz dos agrupamentos sociais e Mauss torna-se quase obcecado pelo ‘existente espiritual‘ que chama de ‘mana’ sem o qual a transmissão de cultura se tornaria inviável. 

     Como temos a Revelação Bíblica, que expõe um Deus existente e redentor a busca do homem não precisamos de conclusões filosóficas para fundamentar nossa fé. Entretanto faz bem à alma perceber que, mesmo na escuridão anti-teísta, homens, imagem de Deus, não conseguem parar de buscar no Eterno o Ser iniciador e mantenedor social. E isto me faz pensar que, no vácuo existencial do pecado, sob a escuridão da incredulidade e ante as hostes do inferno, a existência de Deus é a único alento perante o desespero de um homem a procura do sentido da vida, qualquer vida. Não há vida sem Deus. 

     Notas 
(1) Human All Too Human, Cambridge Univ. Press 1986 
(2) The Diaries of Franz Kafka, Peregrine 1964 
(3) Literature and Evil, G. Bataille, 1973 
(4) Crítica da Razão Prática – Grandes Filósofos, Ed. Globo 1952 
(5) Do Estruturalismo à pós modernidade, John Lechte, Difel 1994 
(6) Chomsky: Selected Readings, J. Allen, Oxford University Press. 1971 

(7) Language and Problems of Knowledge, Cambridge, MIT Press 1988 
(8) Ferdinand de Saussure, chamado de "pai da lingüística e do estruturalismo" nos círculos de Genebra no início do sec XX 
(9) Signs and System, Holdcroft, Cambridge Univ Press 1991 
(10) The Bearer of Ashes, D. Pace, Boston 1983 
(11) As técnicas do corpo, Marcell Mauss, Editora da Univ de São Paulo 1974. Na verdade Ele aqui se referia a Pascal quando afirmou instruiu: "Ajoelhe-se, mova os lábios em oração e você acreditará em Deus". 
(12) Do Estruturalismo à pós modernidade, John Lechte, Difel 1994 
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