sábado, 18 de agosto de 2018

Você sabe o que é estresse hídrico?


https://www.oeco.org.br
Mesmo repleto de rios, mares e oceanos, nosso planeta tem disponível apenas cerca de 2,5% a 3% de água doce, isto é, água propícia para o consumo de cerca de 7 bilhões de seres humanos. Estes percentuais seriam suficientes para abastecer toda a população global, mas há um problema: água doce é um recurso natural que não se distribui igualmente e boa parte é de difícil acesso (localizada em rios, lagos, geleiras e aquíferos). Abundante em alguns países, escasso em outros, é usado intensamente pela agricultura, indústria e em atividades domésticas – só que de forma cada vez mais insustentável.
Além das razões acima, ainda se pode acrescentar os desequilíbrios ambientais (poluição dos rios, seca, enfraquecimento dos lençóis freáticos, etc.), o desperdício e a má distribuição da água por parte dos órgãos gestores.
Quando a demanda por água de um número de habitantes e o consumo médio por habitante supera a oferta, ou seja, a quantidade e a capacidade de distribuição de água existente, uma determinada cidade ou região, está caracterizada uma situação de estresse hídrico.
A falta de acesso à água potável deixa os países mais pobres ou marcados por histórico de conflitos militares, instabilidades políticas e sociais, como é caso dos países do Oriente Médio e África, em grave estado de vulnerabilidade: o estresse hídrico pode limitar (e limita) o crescimento econômico, restringindo atividades empresariais e agrícolas. E também afeta a capacidade de produzir alimentos suficientes para alimentar as populações.
Em breve o mundo atingirá a marca de 9 bilhões de pessoas, 2 bilhões a mais que temos hoje. Se apenas um terço deste total adotar padrões de consumo de uma pessoa da classe média, será necessário produzir 50% a mais de alimentos, a oferta de energia terá de crescer 45% e o consumo de água aumentará 30%: a pressão sobre os recursos naturais do planeta se tornará insustentável. E, nada sendo feito para mudar padrões de consumo, dois terços da população global poderão sofrer com escassez de água doce até 2025, de acordo com a ONU (que, aliás, declarou 2013 como o Ano Internacional da Cooperação pela Água).
O Brasil, rico neste recurso natural - detém cerca de12% do total das reservas de águas doces do planeta -, já sente os reflexos da escassez. Aqui as condições de acesso não são equânimes: a região hidrográfica Amazônica (Norte e Centro-Oeste) equivale a 45% do território nacional e detém 81% da disponibilidade hídrica. As regiões litorâneas (Sul, Sudeste e Nordeste), que respondem por apenas 3% da oferta nacional, abrigam 45% da população do país. Em outras palavras, onde se concentram cada vez mais brasileiros, há cada vez menos água. A fórmula para o estresse hídrico.
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), dos 29 maiores aglomerados urbanos do país, 16 precisam buscar de novas fontes de água para garantir o abastecimento até 2015.
O problema também tem um aspecto social. O consumo entre regiões, e até entre municípios, é extremamente desigual. Enquanto um cidadão do Rio de Janeiro usa 236 litros de água por dia, o consumo em Alagoas é de 91 litros. Outro exemplo: o consumo de água na Região Metropolitana de São Paulo é 4,3 vezes maior do que a água que há disponível para todo o estado.
O estresse hídrico não se limita à escassez de água. Saneamento também é uma causa. O consumo humano exige que a água seja limpa e tratada, mas o crescimento das cidades destrói fontes de água (mananciais). As águas superficiais -- água que não penetra no subsolo, correndo ao longo da superfície do terreno, e acabando por entrar nos lagos, rios ou ribeiros -- são poluídas pelo lançamento de esgoto, efluentes industriais e até mesmo venenos usados em larga escala na agricultura. No Brasil, 73% dos municípios são abastecidos com águas superficiais, sujeitas a todo tipo de poluentes.
A concentração urbana tem sido sinônimo de degradação ambiental. Até mesmo as águas profundas são atingidas pela degradação e da exploração em excesso: a falta de saneamento adequado na região Nordeste, por exemplo, fez com que o esgoto alcançasse poços. Um grave problema, se considerarmos que nos últimos anos, ocorreu um aumento significativo no consumo de água subterrânea no país. Agrava a situação, uma política pública de saneamento básico que tem se mostrado irregular e deficiente, em todas as esferas da administração pública (federal, estadual e municipal).
O estresse hídrico é, portanto, maior nas regiões que concentram maior população, não necessariamente nas mais secas. Hoje, as áreas urbanas consomem 60% da água doce do planeta e, se confirmadas as projeções da ONU, até 2050, 70% da população mundial estará concentrada em grandes cidades, causando maior pressão a um sistema agora já está à beira da insustentabilidade.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Linguista afirma ter encontrado 14 formas de amor ao redor do mundo

casalDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO linguista britânico estuda a forma como diferentes línguas tratam do amor
Laís Modelli - http://www.bbc.com/portuguese/
Há muitas formas de amar e ser amado. Pelo menos é isso o que o linguista britânico Tim Lomas, professor de Psicologia Positiva na Universidade do Leste de Londres, afirma ter descoberto e catalogado a existência de, pelo menos, 14 tipos de amor divididos em quatro categorias distintas.
O britânico pesquisa, desde 2015, palavras que descrevem experiências emocionais positivas de diversos idiomas, traduzíveis ou não para o inglês. Lomas estudou o vocabulário de cerca de 50 idiomas e reuniu mais de mil termos.
Ainda neste semestre, o linguista publicará no Reino Unido dois livros sobre suas pesquisas de lexicografia das emoções.
O primeiro sairá em maio e apresentará ao leitor a tradução de "felicidade" ao redor do mundo (Translating Happiness: A Cross-Cultural Lexicon of Well-Being, ou Traduzindo a felicidade: um léxico multicultural do bem-estar); o segundo livro será um dicionário de sentimentos e emoções positivos (The Happiness Dictionary: Words from Around the World to Help Us Lead a Richer Life, ou O dicionário da felicidade: palavras do mundo inteiro que nos ajudam a ter uma vida mais rica), que será publicado em junho.
O interesse do autor agora é catalogar a maneira como o amor é descrito em nessas línguas. Até o momento, Lomas encontrou mais de 600 palavras em inúmeros idiomas que se referem ao ato de amar e que não têm tradução para o inglês - a língua mais falada do nosso tempo.
Mas, afinal, o que é o amor?
Tim Lomas
Image captionO especialista Tim Lomas não dá uma resposta fechada sobre "o que é o amor" | Foto: Tim Lomas
"Sem dúvida, não existe nenhuma palavra que dê conta da ampla gama de sentimentos e experiências que envolve o amor", se esquiva Lomas da resposta.
Ou seja, a pesquisa de Lomas conclui que o vocabulário de cada povo pode expressar uma maneira específica de amar e se falar de amor naquela cultura.
No português, por exemplo, sentimos "saudade" quando não estamos perto da pessoa amada, do nosso "xodó". Também pedimos "cafuné" e dizemos que nos "apaixonamos" antes de dizer que, enfim, amamos alguém. Esse é o jeitinho único do brasileiro de falar e descrever o amor, já que "saudade", "xodó", "cafuné" e "apaixonar" nem sempre têm uma única palavra equivalente ou tradução para outras línguas.
Como explicar para seu amigo alemão porque sua mãe te chama de xodó e que paixão, para nós, é um verbo, apaixonar?

Os sabores do amor

Durante toda a entrevista, o pesquisador - simpático e hábil no uso das palavras - enfatizou que são "pelo menos" 14 tipos de amor, pois que não se trata de um esquema fechado e definitivo. Segundo Lomas, o amor é a emoção mais apreciada, falada e procurada ao redor do mundo, fazendo com que seja tarefa quase que impossível identificar todas as formas possíveis de amar.
Aliás, o linguista não usa a palavra "forma" ou "tipo" em sua pesquisa, publicada recentemente no Journal for the Theory of Social Analysis, mas sim "flavours", ou sabores. O pesquisador explica que prefere usar a metáfora de "sabores" do amor para demonstrar que cada situação pode envolver uma ou mais formas de amor.
"Um dado relacionamento não é exclusivamente só um 'tipo' de amor. Por exemplo, um relacionamento romântico pode entrever vários desses tipos. A metáfora dos sabores nos permite apreciar que um relacionamento possa misturar vários sabores para criar um 'gosto' único", afirma Lomas.
Família sorrindoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO amor aos familiares e aos filhos tem uma palavra específica em grego
O linguista também explica que, para compor a lista dos "sabores", nomeou cada forma com termos gregos intraduzíveis para outros idiomas.
"Essas palavras podem revelar fenômenos (relacionados ao amor) que foram negligenciados ou subestimados em uma cultura", explica.
Em outras palavras, o linguista defende que para percebermos que um sentimento existe e que ele é diferente de outros que já conhecemos, é preciso que saibamos nomeá-lo. Por isso a especial atenção do pesquisador em nomear cada forma de uma maneira específica.

Além do romântico

Para demonstrar a complexidade de sentimentos, emoções e situações que envolve o amor, o linguista agrupou os 14 tipos em quatro categorias diferentes:
A primeira categoria abarca as formas impessoais de amor, "sabores" do amor que não estão relacionadas a pessoas, mas aos sentimentos de pertencimento e de identificação que estabelecemos com lugares, objetos e atividades:
"Érōs" - o amor por objetos que apreciamos;
"Meraki" - amor por determinadas ações e atividades;
Casal na praiaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO amor romântico ou erótico é só um dos vários tipos descrito pelos gregos
"Chōros" - o amor que sentimos por determinados lugares, especialmente pelos que chamamos de "lar".
A segunda é a categoria do amor não romântico, que diz respeito aos sabores de amor estabelecido entre pessoas e por nós mesmos:
"Storgē" - o amor que protege, educa e cuida da família;
"Philia" - o amor que forma os laços que estabelecemos com os amigos;
"Philautia" - o amor por nós mesmos, capaz de construir nossa autoestima e a noção de autocuidado.
O amor romântico é a terceira categoria e abriga mais sabores de amor, inclusive um sabor azedo de se amar: a "Mania", que representa o amor nos problemas gerados pela dependência e intimidade com o outro. Há mais quatro sabores de amor romântico:
"Epithymía" - é a forma do amor nos desejos sexuais e nas paixões românticas;
"Paixnidi" - amor romântico por nossos afetos;
"Prâgma" - é o amor presente nos relacionamentos duradouros;
"Anánkē" - é a forma mais abstrata, pois se refere ao amor à primeira vista, um amor por alguém que acabamos de conhecer e que não conseguimos evitar.
Por último, há as formas transcendentais de amor, em que o ato de amar é capaz de reduzir nossas próprias necessidades e preocupações em razão do outro e do coletivo:
"Agápē" - o amor relacionado à caridade e à compaixão desinteressada;
"Koinōnía" - o amor que leva a autoabnegação temporária quando nos conectamos com um grupo, com o coletivo;
Inscrições em pedra do grego antigoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image caption"Granularidade" é o quanto uma língua consegue ter palavras específicas para cada caso
"Sébomai" - é o amor que se refere a um tipo de devoção por uma divindade ou por crer em algo.

A língua do amor

Há quem diga que a língua do amor é o inglês, por causa de autores como William Shakespeare, Jane Austin, Lord Byron e mais uma lista extensa de poetas e dramaturgos ingleses. Há quem defenda que a sonoridade do italiano, do francês e do espanhol fazem dessas as verdadeiras línguas do amor. Mas para Lomas, o idioma do amor é o grego.
"Em algumas línguas, há uma grande granularidade para se referir ao amor, permitindo uma diferenciação mais específica entre os diferentes tipos", afirma o pesquisador.
Ao falar em "granularidade" de uma língua, o linguista se refere ao que a ciência chama de "granularidade das emoções", que representa a capacidade de uma pessoa de usar várias palavras para descrever uma emoção com precisão. Segundo a Psicologia, pessoas que possuem um vasto vocabulário emocional, por exemplo, tendem a ter uma maior capacidade de lidar com os sentimentos.
Nesse sentindo, a língua com uma maior granularidade referente ao amor é o grego, segundo Lomas. Daí ter recorrido ao complicado idioma para nomear as 14 formas de amor de sua pesquisa.
Quando questionado qual língua, em contrapartida ao grego, fornece menos nuances para expressar o amor, Lomas rebate: "Essa é uma questão complicada". Ao insistir na pergunta, o linguista reflete sobre o vocabulário inglês.
Gravura de Lord ByronDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO poeta Lord Byron (1788-1824) foi um dos principais autores do romantismo
"O fato de que o inglês tem uma única palavra para descrever inúmeras experiências faz com que seja fácil para seus falantes expressar o amor, já que as pessoas podem usar apenas 'love' para se referir a múltiplos contextos, sem ter que pensar em termos mais específicos para cada situação", explica o britânico.
"Por outro lado, a baixa granularidade do inglês também pode gerar maior dificuldade em seus falantes de se fazerem entendidos, pois, em várias situações, é preciso conseguir explicar o 'tipo' de amor que estamos falando."
Isso faz dos nativos da língua inglesa povos pouco românticos ou que amem menos?
"Afirmar isso é dar um poder determinista às línguas. Eu acredito que as pessoas são capazes de vivenciar emoções que elas não conseguem explicar em palavras", tranquiliza Lomas.
"Mas eu diria que a língua tem a capacidade de influenciar nossas vidas, pois o idioma pode afetar o que e como observamos, conceituamos, priorizamos e falamos sobre o mundo"

sábado, 6 de janeiro de 2018

ANAJURE, AMTB e CONPLEI lançam Cartilha dos direitos indígenas

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                             Painel de “Agências Enviadoras” no Congresso Brasileiro de Missões 2017
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[Dr. Edmilson Almeida, Coordenador do GT Missões, Indígenas e Povos Minoritários; Paulo Feniman, Presidente eleito da AMTB; e Rodrigo Gomes, Executivo da AMTB]
Aconteceu durante esta semana (23 a 27 de outubro) o Congresso Brasileiro de Missões (CBM) 2017, principal evento nacional sobre o tema, com um público de aproximadamente duas mil pessoas e a presença das principais agências e associações missionárias que atuam no Brasil. 
A ANAJURE contribuiu diretamente com o evento, sendo a responsável pela ministração de dois seminários, cujo tema foi “Direitos Humanos e a missão: aspectos legais, morais e religiosos”, dando ênfase ao direito humano e fundamental à liberdade religiosa.
Sobre isto, o Dr. Edmilson Almeida, Coordenador do GT Missões, Indígenas e Povos Minoritários e ministrante do seminário, destacou suas impressões: “O CBM é um evento religioso, onde havia diversos outros seminários importantes voltados à teologia, mas dezenas de pessoas pararam para nos ouvir falar sobre Direitos Humanos. Isso é um reflexo de dias difíceis, quando é necessário reafirmar o óbvio respeito a um direito básico. Entretanto, é muito acalentador saber que existe tantas pessoas comprometidas em exercer essa liberdade em todo o seu potencial.”
Na quarta-feira (25), a ANAJURE esteve presente e assessorando a assembleia ordinária da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), quando foi eleita a diretoria para o novo mandato, a quem parabenizamos na figura do seu novo presidente, e reafirmamos o compromisso de manutenção desta parceria frutífera.
Neste mesmo momento, foi lançado e dado conhecimento aos associados da AMTB acerca do Programa de Apoio a Agências Missionárias (PAAM), que visa apresentar soluções aos problemas jurídicos por meio de um suporte integral – confecção de pareceres jurídicos, capacitações dos profissionais locais e representação litigiosa em processos administrativos e judiciais – nas mais diversas áreas de atuação.
O Rev. Ronaldo Lidorio, palestrante da abertura do CBM e um dos maiores missionários brasileiros, disse: “O Congresso Brasileiro de Missões foi um momento de edificação na Palavra, despertamento vocacional e muita comunhão. A presença e participação da ANAJURE foi de fundamental importância na assessoria jurídica, orientação institucional e parceria com o movimento missionário evangélico brasileiro.”
eb4d039f-b26c-440a-8608-5cd5d1e04239Na quinta-feira (26), foi lançada em primeira mão e extra-oficialmente a cartilha dos “Direitos Indígenas”, em uma parceria histórica entre a ANAJURE, AMTB e o Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (CONPLEI). Ainda este ano haverá o lançamento oficial e disponibilização deste material, MAS AQUI já pode ser feito o download do material.
Sobre todos estes acontecimentos, o Presidente da ANAJURE, Dr. Uziel Santana, destacou: “Somos uma associação preocupada com as liberdades civis fundamentais e este compromisso nos impele a ajudar as igrejas, associações e missões em suas necessidades jurídicas, para que possam, livre e plenamente, exercer o direito à liberdade religiosa, sem qualquer espécie de embaraço. Neste sentido, a AMTB e as demais associadas tem nos dado a oportunidade de exercer nosso múnus. Esperamos que tais parcerias só cresçam. A nossa oração é para que em todas essas coisas o nome do Senhor Jesus seja glorificado e sua Igreja Edificada, especialmente, no contexto atual de perseguição real e simbólica contra os cristãos de todo o mundo.”


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