quinta-feira, 27 de março de 2008

Somália

A Somália está localizada no extremo leste do continente africano, onde, junto com a Etiópia e o Quênia, forma a região semi-árida conhecida como Chifre da África. O território somali apresenta paisagens variadas com regiões montanhosas ao norte, desertos e savanas na área central e uma região subtropical ao sul.

Embora as estimativas de população variem muito, é certo que o país possui mais de sete milhões de habitantes, dos quais mais de um milhão já abandonou o território somali, fugindo da presente anarquia e caos social que afligem o país. Até 1993, cerca de 250 mil pessoas já haviam morrido, vítimas da fome e da guerra civil. A grande maioria da população pertence à etnia somali, que se divide em inúmeros clãs. Os quatro maiores clãs – Dir, Daarwood, Hawiye e Isxaaq –, no entanto, respondem por aproximadamente três quartos da população do país. Vinte por cento dos somalis pertencem aos vários clãs localizados no sul do país, considerados inferiores, e uma pequena minoria pertence à etnia dos bantos. Apenas 26% dos habitantes vivem em áreas urbanas e quase a metade da população tem idade inferior a 15 anos. O analfabetismo atinge mais de três quartos dos adultos somalis.

A Somália é uma das nações mais pobres do mundo e a renda per capita do país é de apenas US$ 110 por ano. Após anos de guerra civil, a economia entrou em colapso e é controlada por uma minoria que explora o narcotráfico, a venda de armas e o comércio de alimentos. A maioria dos somalis vive da pecuária e da agricultura de subsistência, e depende dos programas de ajuda humanitária.

A Somália tornou-se independente em 1960, quando italianos e britânicos se retiraram e o território foi unificado. Desde sua independência, tem tido conflitos com a Etiópia pela posse da região de Ogaden. A guerra fria acabou por beneficiar a Somália economicamente, pois o país recebia subsídios da União Soviética em um primeiro momento e, mais tarde, passou a recebê-los dos Estados Unidos. Apesar disso, os conflitos internos e externos acabaram por devastar a nação e sua população. Em 1991, uma sangrenta guerra civil derrubou a ditadura governante e lançou o país em uma anarquia civil, com mais de 20 clãs armados lutando entre si pelo poder. Em 1992, as Nações Unidas intervêm no conflito a fim de fornecer ajuda humanitária aos necessitados. Embora o caos e a luta entre os diversos clãs ainda persistam em quase todo o território somali, um governo de transição para promover o processo de paz foi estabelecido no ano 2000, após a iniciativa do presidente de Djibuti, Ismael Omar Guelleh, de reunir mais de 2 mil representantes somalis em seu país.

O islamismo é a religião oficial da Somália e, com raras exceções, a maioria dos somalis segue a tradição sunita. Há alguns hindus entre os indianos que trabalham no país.

A Igreja

Os primeiros missionários cristãos chegaram à Somália em 1881. Em quase um século de trabalho, eles conseguiram algumas centenas de convertidos, até que foram obrigados a se retirar do país em 1974. Em 1995, havia mais de 100 mil cristãos na Somália, mas a grande maioria constituía-se de refugiados das guerras na Etiópia. Existem apenas algumas centenas de convertidos entre os cidadãos somalis, todos vivendo sob severa perseguição.

A Perseguição


Em 1972, o governo tomou todas as propriedades das igrejas. Com a perda de suas instalações, a maioria dos missionários cristãos deixou o país. Os muçulmanos têm acusado as organizações cristãs de ajuda humanitária de aproveitarem a situação para divulgar o Evangelho. Tais acusações acabam atraindo a atenção da mídia e levando a ataques públicos contra os cristãos por parte dos jornais locais. Além disso, os partidos políticos muçulmanos têm publicado relatórios que detalham os programas evangelísticos e advertem severamente o povo somali a manter distância de tais atividades.

Foi no Canadá, no início dos anos 80, que Muhammad Hussein Ahmed (Haji) ouviu o Evangelho e converteu-se ao cristianismo. Este cidadão somali estava na América do Norte recebendo educação avançada, após formar-se na Universidade de Lafole, localizada próxima à capital somali, Mogadíscio. Ao retornar do Canadá, ele trabalhou como professor no Lafole Teachers Training Institute até o início da guerra civil. Em 1993, Haji foi contratado para a função de coordenador educacional por uma organização não-governamental.

Como era uma pessoa culta e letrada, Haji trabalhava no fornecimento de livros didáticos às escolas – que funcionavam sob circunstâncias extremamente difíceis no país. No final de 1994, ele começou a se sentir inseguro quando os fundamentalistas muçulmanos passaram a exercer sua ofensiva; afinal, eles já haviam assassinado cinco cristãos que moravam naquela área. Haji relatou que os muçulmanos o abordaram e lhe perguntaram porque ele não freqüentava a mesquita. Ele procurou apresentar todas as desculpas possíveis e imagináveis, mas eles continuavam a incomodá-lo. Seus opositores já sabiam que Haji era um cristão confesso, mas queriam testá-lo.

No ano seguinte, ele recebeu ameaças de morte e começou a pensar em deixar Mogadíscio. Alguns meses mais tarde, durante o Ramadã de 1996, observado nos meses de janeiro e fevereiro, Haji se mostrou muito aberto com relação à sua fé. Durante as refeições, o somali agradecia pelo alimento com orações que todos podiam ouvir. Um outro cristão contou que Haji acreditava que seria o próximo a ser morto.

Certa manhã, quando ele e seu filho caminhavam em direção ao escritório, um carro parou abruptamente perto deles. Alguns homens desceram e obrigaram Haji a entrar no veículo, desaparecendo em seguida e deixando seu filho para trás, que gritava em desespero. Alguns colegas cristãos começaram a ficar preocupados quando Haji não apareceu no escritório nas horas seguintes. Todos sabiam das ameaças, mas o medo evitava que alguém comentasse abertamente sobre elas. No dia seguinte, um corpo foi encontrado nas ruínas de uma casa nas redondezas. Era Haji. Ele havia sido assassinado com um tiro na nuca.

O Futuro

Embora o número de cristãos na Somália seja grande, quase todos são refugiados ortodoxos provenientes da Etiópia que detêm pouca ou nenhuma influência sobre a sociedade somali. Com a pressão exercida por cada setor da sociedade sobre os poucos milhares de cristãos de cidadania somali, o futuro da igreja no país é desencorajador. Mesmo o crescimento demográfico da igreja é nulo, porque a maioria dos cristãos somalis não são casados. Com exceção da Igreja Ortodoxa, todas as demais denominações cristãs presentes na Somália têm presenciado uma drástica diminuição do número de seus membros ao longo das últimas décadas. Este declínio parece não mostrar sinais de enfraquecimento e, se o quadro atual não sofrer uma mudança radical, o cristianismo corre sério risco de ser eliminado na Somália.

Motivos de Oração


1. O povo somali sofre com a anarquia política e social. Atualmente, o país é governado por líderes regionais que agem impune e violentamente. Cada líder mantém sob controle uma região específica e todos lutam entre si constantemente a fim de obter mais poder. A população encontra-se no meio do fogo cruzado. Ore pedindo o fim da anarquia e o estabelecimento de um governo estável.

2. Cristãos somalis vivem sob constante perseguição. Converter-se ao cristianismo é o mesmo que fazer um convite aos radicais para assassiná-lo. Todos os cristãos vivem sob severa perseguição e receiam pela própria segurança e a de seus familiares. Muitos travam uma luta íntima em relação à decisão de manter sua condição em segredo ou declarar-se abertamente e compartilhar a fé. Ore pedindo sabedoria e proteção aos cristãos somalis.

3. Grupos cristãos de ajuda humanitária sofrem com os ataques dos fundamentalistas islâmicos. Grupos humanitários cristãos podem oferecer uma importante ajuda para melhorar a qualidade de vida do povo somali. No entanto, muitos deles assumem um alto risco ao atuar no país. Comboios têm sido atacados e seus equipamentos confiscados. Além disso, alguns de seus funcionários já foram ameaçados e mesmo mortos. Ore por uma melhoria nas relações entre os ministérios cristãos e aqueles que detêm o poder local.

4. As transmissões de programas evangelísticos são prejudicadas pela imagem negativa divulgada pela imprensa. Os programas cristãos de rádio e televisão, assim como a literatura, têm colhido alguns frutos. Por essa razão, os ataques da mídia somali são constantes. Ore para que os frutos se multipliquem apesar dos ataques.

5. A igreja somali está quase extinta. Ore pela reimplantação das igrejas no país. Com apenas algumas centenas de cristãos somalis, é necessário que o trabalho missionário seja recomeçado da estaca zero. Isso exigirá métodos completamente inovadores para se alcançar o sucesso almejado. Ore e peça coragem e sabedoria aos líderes da igreja somalia.

FOTOS

Vista da capital, Mogadisciu


Edificio do Parlamento em Mogadisciu



Camelos pastando




Algumas paisagens do país




A bela, porém vazia costa, próximo a Mogadisciu





Um país despedaçado pela guerra

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