Países da África e Ásia são os principais destinos escolhidos por brasileiros que querem aprimorar idiomas e ajudar comunidades carentes
Além de viajar para aprimorar o conhecimento de um idioma, brasileiros estão escolhendo uma atividade voluntária, seja pelo lado pessoal ou profissional. A turismóloga Mariana Chibebe, de 34 anos, escolheu ser voluntária em Istambul, na Turquia. Ela trabalhou durante um mês em uma fundação de arte que preserva a arte otomana, dando aula de inglês para a comunidade local e recepcionando turistas que visitavam o local e compravam as cerâmicas Ebru, produzidas na instituição.
Duas vezes por semana, Mariana trabalhava em um abrigo com 400 cachorros e gatos, ajudando na alimentação e cuidado com os animais. “A Turquia tem uma forma diferente de tratar os animais. Há muitos nas ruas e as pessoas deixam potinhos de ração e água para eles. A interação com a natureza é maior, e em uma cidade grande, do tamanho de São Paulo. Ou seja, é possível viver outra lógica”, conta. Para ela, conhecer a cidade além da parte turística foi um dos maiores ganhos da viagem.
Há diversas opções de trabalho voluntário no exterior, como trabalhar em reservas ecológicas, abrigos de animais, escolas, orfanatos, asilos, ONGs e unidades de atendimento de saúde (para profissionais desta área). Os destinos são países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, principalmente do continente africano e asiático – há também opções na América do Sul e Oriente Médio.
Marília Watts, de 26 anos, está no Marrocos, no norte da África, trabalhando em uma ONG que oferece cursos de idiomas e profissionalizantes, como hotelaria. A consultora de vendas dá aulas de inglês para jovens de diferentes idades e níveis. “Tem sido bem gratificante ver o aprendizado deles. No fim o que querem mesmo e atenção, carinho e afeto”, relata. Ela vive em uma casa de família e diz que está aprendendo muito sobre a cultura local.
Crescimento
“As empresas valorizam o trabalho voluntário, então esta modalidade tem crescido bastante”, afirma Fernanda Zocchio Semeoni, diretora de Produtos e Operações, da Experimento. A agência registrou no primeiro semestre deste ano um aumento de 80% nas viagens de intercâmbio com atividade voluntária, em relação ao total de viagens deste tipo realizadas em 2011.
A Central de Intercâmbio começou a oferecer este tipo de viagem em 2007, com apenas um programa. Nos últimos anos a procura aumentou e hoje são oferecidos seis países de destino – Namíbia, Zimbábue, África do Sul, Peru, Índia e Nepal –, com mais de 100 opções de programas. “Sair do país para realizar trabalho voluntário é muito comum entre jovens europeus, americanos e da Oceania também, inclusive no ensino médio. Aqui no Brasil é um movimento novo, e que está crescendo”, diz Gisele Mainardi, gerente educacional de Trabalhos e Estágios da CI.
A acomodação varia de acordo com a localização do projeto escolhido pelo intercambista. Pode ser em casa de família, alojamento para voluntários (com quartos, cozinha e lavanderia) ou ainda em tendas e cabana, caso o trabalho seja em uma reserva, no meio da savana africana, por exemplo.
Rodrigo Donatello, 24 anos, ficou hospedado em um alojamento para voluntários em Majorda Beach, no distrito de Goa, na Índia. Ele trabalhou em uma reserva ambiental, ajudando na limpeza do local, recepção de turistas e até acompanhou a captura de uma cobra na cidade. “Eles têm poucos funcionários e realmente precisam de ajuda. É um trabalho que enobrece a alma, porque você vê que está realmente fazendo a diferenças para aquelas pessoas ou aqueles animais”, resume.
Para fazer este tipo de intercâmbio é preciso ter mais de 18 anos e nível intermediário no idioma que irá usar no local. As agências pedem também para que o voluntário seja pró-ativo, se ofereça para desempenhar e ensinar atividades que domina. “Não é para confundir trabalho voluntário com ‘disponibilidade de acordo com a minha vontade’. Ao ingressar em um projeto, o estudante assume um compromisso. Há pessoas contando com você”, enfatiza Fernanda, da Experimento.
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