sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sobre o Projeto Vídeo nas Aldeias, que há 14 anos forma diretores cinematográficos indígenas

Vicente Carelli é antropólogo e fundador do Projeto Vídeo nas Aldeias, que há 14 anos forma diretores cinematográficos indígenas



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Quais são os êxitos do Projeto Vídeo nas Aldeias? 
A coleção de DVDs Cineastas Indígenas, com documentários dirigidos pelos índios formados pelo nosso projeto, e as obras premiadas internacionalmente (como o filme Priara Jô. Depois da Guerra, o Ovo), que levam a intimidade indígena para o público. Algo que eu nem sonhava quando comecei tudo.

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Como os índios enxergam as produções? 
Os índios, quando percebem a possibilidade da produção da imagem, se empolgam na preparação dos seus rituais e cantos mais apreciados e se lamentam por não terem imagens de seus avós. Estar na tela também torna a possibilidade de ser reconhecido mais palpável, não como um índio genérico, mas como um xavante, um kuikuro, um panará, um povo.

É diferente do que vemos na TV?
Os índios não se identificam com sua imagem na TV, sempre acham que inventam coisas ou omitem o mais importante. Nos filmes, querem mostrar o que consideram mais bonito: cerimoniais e festas. O cinema com o qual trabalhamos é o de documentar o cotidiano, o humor das pessoas, as alegrias, as broncas. É um olhar que, para além de nossas diferenças culturais, humaniza o índio, homem como a gente, que ri e se surpreende com as mesmas coisas, que adula seu filhote como a gente faria.


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