terça-feira, 27 de julho de 2010

Ministério do Turismo oferece cursos gratuitos de Inglês e Espanhol

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O Ministério do Turismo está oferecendo cursos de Inglês e Espanhol, online e gratuitos. Os cursos são oferecidos em três módulos, Básico, Profissional e Regional. Leia um trecho da apresentação dos cursos:

"Os cursos do Olá, Turista! permitem ao aluno interagir com a escola e com os conteúdos sem limite de acesso. A estrutura de atividades possibilita o desenvolvimento de todas as habilidades necessárias para que o aluno consiga se expressar dentro de um novo idioma, como: a fala, a escuta, a escrita e a leitura. Este tipo de solução atende desde alunos que não apresentam nenhum conhecimento do idioma até alunos do nível avançado."


Visite o site: http://www.olaturista.org.br/
Fonte: Blog Bradante

sexta-feira, 23 de julho de 2010

MAPA: A Terra no fim dos tempos

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terra-parada

Um funcionário da ESRI chamado Witold Fraczek usou o ArcGIS para modelagem de uma situação hipotética do nosso globo onde não houvesse o movimento de rotação (1.667 km/h no equador).
De acordo com esta simulação, o que está ao norte de Chicago e ao sul de Buenos Aires seria submerso. A água que se acumula sobre o Equador migraria para os polos, criando grandes oceanos separados por uma massa de terra contínua.

Cortesia do José Ildefonso.

Fonte: PopSci
Via  http://www.esteio.com.br/novoblog/blogs

domingo, 18 de julho de 2010

Caixa de ferramentas para tradutores

A lista de recursos on-line apresentada a seguir foi compilada por Fabiano Medeiros, do editorial da Ed. Mundo Cristão, com base em sugestões de vários tradutores. Many thanks ao Fabiano por autorizar a publicação dessas dicas tão úteis.

Você tem sugestões para acrescentar à lista? Deixe um comentário.


DICAS DE DICIONÁRIOS E FONTES DE CONSULTA

1. A primeira dica é a seguinte. Descobri por acaso... No Google, você digita a palavra ou expressão seguida de DIC. Ex: overwhelming DIC. O resultado são as definições fornecidas pelos dicionários mais importantes...
2. Para quem prefere algo mais profissional, basta acessar o www.onelook.com e digitar ali a palavra ou expressão. O Onelook é uma espécie de portal dos melhores dicionários online, técnicos ou não.
3. Alguns endereços específicos (eu mantenho o ícone dos melhores na minha barra do IE, para fácil acesso):
Monolíngues inglês
Cambridge
http://dictionary.cambridge.org/ (há uma versão americana também)
Chamo a atenção de vocês para este dicionário por ser altamente prático. Como veem no exemplo abaixo, a Cambrige criou esse negócio de “apor” uma ETIQUETA em versal logo no início do verbete, já indicando o(s vários) campo(s) semântico(s). Isso facilita muito a consulta, porque remete você para o contexto imediato em que está trabalhando e reduz a perda de tempo na consulta por significados. Claro que isso não é possível em todos os verbetes... E não é algo que resolve todos os problemas. Mas ajuda muito em muitos casos! Ex:
get was found in the Cambridge Advanced Learner's Dictionary at the entries listed below.
Longman
Excelente.
Oxford
Excelente.
American Heritage Dictionary
Excelente.
Merriam-Webster
Outro grande nome, claro, ao lado de Cambridge, Oxford, Longman, Random House, American Heritage.
The Free Dictionary
Eu gosto bastante deste, particularmente.
Dictionary.com
Já conhecia, mas usava pouco. Foi o Robinson que chamou a minha atenção para o seu valor e utilidade, e de fato estou comprovando. Vale a pena! Outra coisa legal é que ele conta com um bom tesauro. É possível assim encontrar as palavras alistadas também por associação semântica o que facilita às vezes a compreensão do termo ou a percepção de seu uso e abrangência.
YourDictionary.com (inclui outros idiomas e áreas técnicas)
Answers.com
Indicado por Renato Fleischner.
Urban Dictionary
Este, eu queria que vocês me ajudassem a avaliar. Parece se tratar de um dicionário open source (com participação do público internauta). Isso torna a fonte vulnerável a erros! Outro problema que quero ressaltar, antes de mais nada: o dicionário traz verbetes que refletem um uso atualíssimo da língua inglesa. Traz até mesmo coisas que não se encontram em dicionário algum online. Só que, junto também, vem todo tipo de palavra e expressão de baixo calão. É um dicionário que expressa a língua inglesa como ela é usada hoje nas ruas, nas cidades, nas famílias, nos relacionamentos. Mas já encontrei aí termos e expressões para traduções do Manning, p. ex., que não achei em nenhum outro lugar. A Susana Klassen também o utiliza e confirmou a validade que eu suspeitava que tivesse.
Schott's Vocabulary
Do New York Times. Além de informativo é, por vezes, bastante divertido. Indicação de Susana Klassen.
Monolíngue português
Aulete Digital
É preciso baixar na máquina para ter acesso. Uma vez na máquina, só funciona se a pessoa estiver plugada. Mas estou gostando muito dessa versão atualizada (em atualização) do gigante Caldas Aulete. Que acham?
O Caldas Aulete também possui uma versão somente online: http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital. (Indicação de Vanderson Moura.)
Michaelis
Indicação de Vanderson Moura.
Priberam
Indicação de Vanderson Moura.
Infopédia
Indicação de Vanderson Moura.
VOLP online
Indicação extraída do blog de Judson Canto.
Bilíngues inglês-português/português-inglês
Babylon
Já usei mais no passado, mas é uma boa opção bilíngue (quem me relembrou foi a Silvia). Vou voltar a usar para me certificar de seu valor. Mas é uma marca já consagrada.
Word Reference
Ainda estou conhecendo, mas o diferencial aqui é que se trata de um bilíngue (com opções de outras línguas). Se usarem também, por favor ajudem a verificar se é mesmo bom.
Michaelis
Não tão bom quanto o Webster’s inglês-português editado pelo Antônio Houaiss, mas quebra um galho bom até, né?
Im Translator
Indicação de Vanderson Moura.
Reverso
Indicação de Vanderson Moura.
Sensagent
Indicação de Vanderson Moura.
ECTACO
Indicação de Vanderson Moura.
Lingoes
Indicação de Vanderson Moura. (“Descarrega-se o programa em si e também os módulos desejados; a quantidade de dicionários disponíveis é enorme, bastante abrangente.”)
Everest
Indicação de Vanderson Moura. (“Parece o genérico tosco do Babylon. Porém, mesmo carecendo de mais cuidado em sua elaboração, seu dicionário inglês-português é surpreendente.”)
Dicionários por especialidade
The Phrase Finder
Ainda estou conhecendo, mas já me quebrou alguns galhos...
Online Etymology Dictionary
Já me quebrou galhos.
Dictionary of difficult words
Sugestão de Susana Klassen.
Corpus (indicações de Robinson Malkomes)
WebCorp Live
Não um dicionário, mas uma ferramenta de pesquisa que mostra o termo ou expressão pesquisado em seu contexto em inúmeras páginas da internet. É como um Google mais focado na questão linguística. Seria um levantamento da ocorrência do termo ou expressão no “corpus” da internet (?). O Robinson poderá definir isso melhor. Bem, é um recurso ótimo para quem escreve em inglês, como os tesauros. Mas também auxilia muito na compreensão de palavras e expressões, uma vez que as vemos em uso no contexto, em uma infinidade de situações. Facilita para captarmos o sentido mais pleno, ou os diferentes sentidos, ou os usos variados do termo em questão.
Corpus of Contemporary American English (COCA)
Coletado de fontes diversas publicadas entre 1990 e 2009, é o mais recente à disposição na Internet. São 400 milhões de palavras. Traz um interessante corpus de palavras usadas entre 1920 e 2000 pela TIME (com 100 milhões de entradas!). É atualizado quase semestralmente (a cada período de 6 a 9 meses).

British National Corpus (BNC)
Contém 100 milhões de palavras usadas no inglês britânico em fontes publicadas do final do século 20 até 2007. Fontes incluem "extracts from regional and national newspapers, specialist periodicals and journals for all ages and interests, academic books and popular fiction, published and unpublished letters and memoranda, school and university essays, among many other kinds of text".
Corpus eletrônico da USP
A USP está trabalhando com um corpus eletrônico bastante abrangente (Português-Inglês) que tem por objetivo servir de suporte a pesquisas linguísticas, principalmente nas áreas de tradução, terminologia e ensino de línguas.A primeira versão ficou disponível em outubro de 2009 na rede. Mas ainda está em desenvolvimento. Vale a pena acompanhar.
Memória de tradução
MyMemory
Uma ferramenta fantástica! Trata-se na verdade de um lugar na Internet para onde diferentes tradutores uparam suas memórias de tradução. Então, você seleciona língua de saída e de chegada, digita o termo ou expressão e encontra todas as traduções (no contexto) que foram upadas por diferentes tradutores com aquele termo ou expressão. O resultado vem assim... ex.:
That is wishful thinking. Isso é confundir os desejos com a realidade.
Everything else is wishful thinking. Tudo o resto são sonhos de uma noite de Verão.
In these circumstances, preparing for Congo 's reconstruction is wishful thinking. Nas circunstâncias actuais, a preparação da reconstrução da República Democrática do Congo não passa de um wishfull thinking.
E assim por diante... Vai ter todo tipo de coisa, aproveitável ou não. Mas é muito legal.
Só que parece que o recurso é de Portugal; então, se encontra muita tradução com um português lusitano. Ora, pois!
Bíblia
Bible Gateway
É possível ler um texto ou livro bíblico em várias versões e em alguns idiomas.
http://www.bibliaonline.net/acessar.cgi?pagina=avancadaIndicado por Cecília Eller. É possível digitar uma passagem e lê-la ao mesmo tempo nas versões RA, NVI e NTLH.

http://bibliaonline.com.br/
Indicado por Cecília Eller. Traz a RA, a RC e a Corrigida e Revisada fiel.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Curso de Tradução BÍblica (módulo Antropologia Cultural e Fenomenologia)


Mais informações, acesse: http://www.mackenzie.br/18421.html  

Ajude-nos a divulgar!
Por conta de um subsídio, a parceria APMT/ALEM/SIL oferece, desta vez, uma oportunidade ÚNICA: bolsa de 50% para os primeiros 20 inscritos, ou seja, dos 210 reais, você só pagará 105 reais, sendo que 50 reais devem ser pagos na inscrição, para efetivar a matrícula. Se você não efetuar o pagamento no dia do vencimento do boleto, você perderá a bolsa. Fique atento à data e se o boleto não chegar ao seu e-mail no mesmo dia da inscrição, envie 1 e-mail para dex@mackenzie.com.br ou ligue para (11) 2114-8190. Faremos o controle das inscrições por ordem de chegada.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

ANGOLA: Conheça o mercado popular Roque Santeiro

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Revista National Geographic Brasil, 03/2009

Por André Vieira
Foto de André Vieira
 Vende-se de tudo no Roque: de parafusos a sexo, de eletrônicos a 
perfumes franceses. O caos impera em todas as seções, como a que 
vende peças de moto, a maioria usadas.

"Se não tem no Roque, é porque ainda não foi inventado." A afirmação do escritor angolano Pepetela é categórica e permeada de admiração e intimidade. Em toda sua obra, esse tal Roque é personagem constante.

O Roque que tem de tudo a que Pepetela se refere é o Roque Santeiro, principal mercado de Luanda, capital de Angola. Não é um mercado qualquer. O nome grandioso foi inspirado no assunto que dominava as rodas de conversa da capital na época de sua fundação, a telenovela brasileira Roque Santeiro. É um apelido que pegou, ninguém sabe exatamente por quê.

Ao atravessar suas vielas, fica claro que Pepetela tem razão. O Roque tem de tudo. É o melhor retrato de uma harmonia caótica e bem resolvida. Em seu auge, na década de 1990, era considerado o maior entreposto a céu aberto da África, com 7 mil barracas registradas na administração e outras tantas mais fora dos registros e funcionando a plenos pulmões.

Nessas vielas encontra-se de tudo o que existe e pode ser comercializado. Parafusos, sexo, cigarros, bicicletas, eletrônicos, dólares, euros, filmes, CDs e DVDs piratas, perfumes franceses, uísque escocês, ternos italianos, peças para carros do mundo inteiro, caixões feitos ali mesmo, legumes e verduras direto da horta, peixe fresco recém-pescado do Atlântico, carne de boi, de porco, de caça, de frango, material esportivo, roupas do Brasil com a última moda da novela das 9, modelitos fashion da Europa e dos Estados Unidos, livros didáticos e remédios e medicamentos doados por governos estrangeiros para serem distribuídos de graça, material de construção, apliques de cabelo e o que mais se imaginar ou precisar. É uma infinidade de produtos e serviços à disposição do freguês. À pronta entrega, de forma a fazer inveja a qualquer loja de departamentos do mundo, mesmo virtual. E, se você não encontrar o que procura aqui no Roque, pode estar certo que é porque não existe...

Numa sociedade sufocada por um Estado repressor e uma burocracia soviética, o Roque é um raro local em Angola em que o empreendedorismo é premiado e as oportunidades estão disponíveis a todos. Mercado livre é uma expressão que se aplica ao Roque como a outros poucos lugares do mundo. Irônico num país que ainda traz uma foice e um martelo em sua bandeira.

"Não vim parar aqui por opção, mas por questão de sobrevivência", explica Rasta Luis, que vende camisetas com o ícone do reggae Bob Marley enquanto sonha com sua própria carreira de músico. Marinheiro em um navio pesqueiro de bandeira coreana, um trabalho árduo e com poucos direitos a seu favor, há seis anos Luis sofreu um acidente no qual morreram dois de seus colegas de tripulação. "Mamãe não queria que eu fosse mais para o mar", recorda-se, sem chegar a lamentar por seu destino. O mercado foi o caminho natural a ser escolhido no leque de opções que ele tinha à disposição. De lá Luis tira seu sustento, ali tem seus amigos. "Aqui não tem patrão; a gente faz um dinheiro e consegue sobreviver."

Localizado no Sambizanga, hoje um dos bairros mais populosos e violentos de Luanda, o mercado espalha-se por 1 quilômetro quadrado, com vista privilegiada para o porto e a baía de Luanda. Caminhar por ele requer agilidade, capacidade de driblar sujeira, protuberâncias em várias alturas, carregadores com seus carrinhos de mão abarrotados, candongueiros enlouquecidos e compradores apressados que sabem seus caminhos e não estão muito dispostos a se desviar deles. Um mergulho mais profundo também requer aguçada sensibilidade para, sob uma superfície harmônica e frequentemente festiva, enxergar mal resolvidas tensões étnicas, políticas e regionais que permeiam a sociedade angolana, da qual o mercado é um inchado microcosmo. Ali é um lugar de coabitação, não de integração.

A primeira visão do Roque é intimidadora. Ele é imponente em sua dimensão, e sua reputação faz com que os sentidos de alerta fiquem mais sensíveis, principalmente visão e olfato. O nariz é o órgão humano que mais intensamente vivencia o mercado - nem sempre com prazer. Deixar pela primeira vez a estrada principal que o margeia, e que faz a ligação com o centro de Luanda, a meros 5 quilômetros dali, e entrar no emaranhado de vielas comerciais que ficam um pouco abaixo da pista, é como mergulhar em um novo mundo. Logo que se chega, a sensação é de caos absoluto, uma mistura frenética de gente, sons, odores, poeira e lama fluindo sem trégua entre um labirinto de barracas que parecem prestes a desabar com o menor esbarrão. Circulando pelas vielas, porém, aos poucos o lugar vai apresentando uma lógica própria, e o receio inicial dá lugar a uma sensação de acolhimento. Descobre-se logo que as barracas são agrupadas por setores em que se concentra a venda de determinados produtos. Nas extremidades ficam aquelas que oferecem comida, cada uma especializada na culinária de alguma região ou etnia angolana. No meio estão os improvisados cinemas, com sessões ininterruptas de filmes de ação ou clips de kuduro, espécie de funk angolano que é a trilha sonora dos musseques, como são chamadas as favelas de lá.

Mas o Roque é muito bem localizado geograficamente, e é por essa posição privilegiada que está com seus dias contados. A qualquer momento, ele será removido para dar lugar a um condomínio de luxo, e parte dos comerciantes será transferida para um novo mercado, que já está em construção a 50 quilômetros dali, no extremo oposto da cidade. Ninguém sabe quão pacífica será a desocupação. A julgar pelas últimas desocupações saneadoras há pouco promovidas pelo governo angolano, sangue deve ser derramado.

Para quem depende do mercado, ele é a própria vida. "O Roque tornou-se uma forma de viver, não só de vender. Mas de estar com o outro, de conviver", diz Marcelo Ciavatti, um padre salesiano argentino que comanda o Centro Dom Bosco. "O mercado abriu em Luanda a possibilidade de todos comerem a cada dia, por meio de uma troca de produtos e serviços." Na enorme sede em frente ao mar de barracas e em casas espalhadas pela área, o Dom Bosco oferece creche, escola, ensino profissionalizante e centros de saúde a boa parte dos que vivem do mercado.

O fim anunciado do Roque é sintomático de uma era. Graças a enormes reservas de petróleo, Angola vem sofrendo uma transformação radical. Isso sem falar em algumas mal contadas jazidas de diamantes na fronteira com o Congo. Apenas seis anos depois do término de uma guerra civil de três décadas, a economia angolana é uma das que se expandem em ritmo mais acelerado no mundo, a taxas de 25%, 15% ao ano. Enquanto Angola era comunista, o capitalismo selvagem do Roque foi a salvação, permitindo que os luandinos e boa parte dos angolanos fora dos círculos privilegiados com acesso ao poder comessem, se vestissem e ainda encontrassem algum entretenimento. Mas hoje o decadente Roque não combina com a nova visão de progresso que as autoridades têm do país.

"Vamos ser claros: eu sou um político", me adianta, de forma clara, Kitokolo. Uma pausa e ele continua com sua voz grave e bem articulada. "Estou aqui para defender os interesses do partido. Você pode fazer o seu trabalho livremente, desde que mostre apenas o que é bom. O que for ruim você ignora." Foi assim que as portas do mercado me foram abertas. O Roque é um lugar público, mas "público" em Angola não significa acessível a todos. "Sempre que andar por aí, você vai com alguém da administração para garantir sua segurança", me oferece Kitokolo.

Até o fim da guerra civil, fotografar na rua era proibido. Ainda hoje, andar com uma câmera na mão pode ser algo um tanto desconfortável. A preocupação com a minha segurança por parte de Kitokolo, na verdade Vitorino Sabalo Kitokolo, de 49 anos, parece justificada. Não só pelo fato de o cargo ter sido oferecido a ele sete anos antes, depois que seu antecessor fora assassinado numa emboscada em uma viela do mercado. Fazer um retrato completo do Roque é fazer também um retrato detalhado da cidade que o gerou e do país que o abriga, e o momento político é complicado. A política em Angola costuma ser bem mais violenta e brutal que seus mercados. Mas esses grandes mercados refletem, como a água de uma poça na rua, a situação turbulenta que o país atravessa em seu milagre econômico.

O Roque é temido como um antro de criminalidade. Mas, para todos com quem converso por lá, ele anda bem mais calmo e seguro que no passado. Mesmo assim, não é aconselhável a nenhum estrangeiro andar por ali sem apresentações. Meu anjo da guarda é Virgilio Batista Nzuanga, de 49 anos, mais conhecido como seu Makassamba. É presidente da associação dos comerciantes do mercado. Makassamba, como muitos, chegou a Luanda fugindo da guerra em sua província natal, o Uige, na fronteira com o Congo. Quando se instalou no Roque, o lugar ainda era um terreno vazio. "Um local em que as pessoas encontravam esperança", lembra-se, um tanto nostálgico dos bons velhos tempos.

Makassamba não é propriamente um comerciante. Seu negócio é alugar espaço para que os comerciantes autênticos guardem as mercadorias. A liderança dele vem de sua antiguidade por ali e da suave habilidade de persuadir sem confrontar. O portão do modesto complexo de alvenaria, onde sua extensa família vive em uma pequena casa num dos lados de um amplo pátio rodeado de depósitos individuais, é a grande prova da penetração do Roque na economia do país. De manhã bem cedo, caminhões encostam para carregar produtos que serão levados às províncias do interior. O mercado é também um dos principais centros de distribuição e abastecimento de Angola.

Apesar de ter encolhido nos últimos anos, o Roque é enorme. Sua administração registra 5 535 comerciantes - alguns operam sozinhos por conta própria; outros empregam quatro, cinco pessoas. Não há estimativas exatas, mas Kitokolo acredita que, diariamente, de terça a domingo (na segunda, o mercado fecha para limpeza e higienização), mais de 20 mil compradores circulem por suas barracas. "Quase toda Luanda se abastece no Roque", resume o orgulhoso administrador. A origem do Roque Santeiro é fruto de outra era, de um tempo sombrio que a maioria dos angolanos gostaria de esquecer. Em 1974, quando a Revolução dos Cravos transformou Portugal em uma democracia e, da noite para o dia, derrubou a já decadente aventura colonial lusitana, ficaram como rastro nações desestruturadas. A debandada abrupta detonou uma guerra entre grupos que lutavam pela independência. Ganhou o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), liderado pelo carismático médico e poeta Agostinho Neto. Com a União Soviética a seu lado, o presidente transformou o país numa república marxista. O Brasil foi o primeiro a reconhecer o novo governo.

A vitória do MPLA não pôs fim ao conflito civil. Pelo contrário. Em plena Guerra Fria, um novo satélite soviético na África não poderia ser bem-visto pelos Estados Unidos e seu principal aliado na região, a África do Sul, que passaram a municiar a opositora União Nacional pela Independência Total de Angola (Unita), partido liderado por Jonas Savimbi. Nos anos 80, com o recrudescimento do conflito, o interior angolano tornou-se um campo de batalha. Luanda, poupada pela guerra, transformou-se num campo de refugiados gigante. A população da cidade, que na época da independência mal passava dos 500 mil habitantes, logo pulou para quase 2 milhões - hoje entre 5 e 8 milhões de pessoas. Para sobreviver, esse mar de desesperados foi aos poucos transformando as ruas da Luanda comunista em um enorme e caótico mercado livre. O Roque Santeiro foi o grande esplendor dessa era.

Em 1986, a prefeitura cedeu um vasto terreno baldio no norte da cidade para virar um mercado informal. Antes, em 1977, o local foi usado para a execução em massa de "inimigos do povo", angolanos que discordavam do regime. O episódio ficou conhecido como o "27 de Maio". A despeito desse passado, o lugar mostrou-se perfeito para sediar o Roque. Com o porto de Luanda logo abaixo da colina, o novo mercado recebia os produtos dali desviados, e que raramente chegavam às lojas controladas pelo governo. Bem abastecido e farto, o Roque tornou-se destino obrigatório aos habitantes de Luanda.

Na companhia de meu guia, em pouco tempo eu já circulo sozinho pelo mercado, sempre sendo saudado ou convidado para uma conversa nas barracas. A desconfiança inicial com a minha cor da pele, graças à proximidade de Makassamba, logo dá lugar à curiosidade das pessoas. Testemunho alguns roubos e brigas, e também corpos de jovens baleados que amanheceram desovados no mercado. Mas o único incidente do qual fui vítima aconteceu ao fotografar a captura de um ladrão. Policiais me detiveram em um cubículo na administração, junto com o ladrão. Pela atitude agressiva deles, o meu crime parece mais grave que o do delinquente. Quase uma hora depois, sou liberado, sem muita chateação, quando Kitokolo é localizado por telefone e determina que os policiais me deixem ir. A burocracia em Angola tem seus subterfúgios de agilidade.

A guerra acabou em 2002, quando forças do governo mataram Jonas Savimbi. A despeito da riqueza emergente, o futuro de Angola é incerto. Uma coisa, porém, é clara: hoje, mesmo depois de todas as transformações, sobretudo cosméticas, que mergulharam o país na era dos shopping centers e hipermercados de rede, não existe nenhum entreposto em Angola onde se encontre tanta variedade de produtos e de gente como no Roque Santeiro. Nem tanta oportunidade e alegria nas feições desse povo sofrido.

"Não sei o que vou fazer se sair daqui. Vou encontrar dinheiro onde?", questiona uma vendedora de copos que, desde 1995, tira seu sustento do mercado. Na luta diária, mandou os quatro filhos para a escola. Proeza difícil em Angola. Ela chegou ali depois que as batalhas devastaram seu vilarejo, no interior. Seu marido foi perdido para a guerra. Do governo nunca recebeu nada. No Roque encontrou apoio e solidariedade. "As colegas se ajudam. Quando uma fica doente, as amigas vão sempre visitar, levar um pouco de comida." Nesses anos, as dificuldades foram muitas. Fome, graças ao mercado, ela nunca passou. "Vamos sentir saudade do Roque Santeiro."

http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic

domingo, 4 de julho de 2010

Moringa Olífera: uma planta de múltiplo uso, verdadeiro milagre da natureza

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A Moringa é uma hortaliça arbórea, uma espécie ainda pouco conhecida, mas pode tornar-se dentro em breve uma das mais valiosas plantas em termos humanitários. A planta tem diversas utilidades, produzindo óleo, madeira, papel, sombra e combustível líquido. 



As sementes de moringa, quando maceradas e misturadas à água barrenta de açudes, têm a capacidade de agregar as impurezas contidas na mesma, transformando-a em alguns minutos, em água limpa e própria para o consumo humano. É um processo natural de floculação de baixo custo e extremamente importante para as regiões secas do Nordeste, em que a disponibilidade de água potável é escassa ou totalmente inexistente.
Em alguns países, como os da África, quase todas as partes da planta (folhas, frutos e raízes) são utilizadas na alimentação humana.



As folhas são nutritivas, com um elevado teor de vitamina A, cuja carência é muito alta na dieta alimentar das populações de baixa renda. A inclusão das folhas de moringa na merenda escolar poderá contribuir para reduzir sensivelmente a carência dessa vitamina na alimentação infantil.
Os frutos frescos são comercializados em diversos países da Europa. Frutos em conserva são exportados da Índia para países ocidentais.
A moringa é considerada uma alternativa alimentar estratégica em países em desenvolvimento, pois trata-se de uma planta perene, resistente à seca, pouco exigente quanto à qualidade do solo e pouco susceptível a doenças.

Para uso em sistemas agro-florestais, a moringa é também excelente alternativa, pois seus ramos podem ser facilmente podados para regular os efeitos da sombra sobre as culturas consorciadas. A sua copa aberta já permite abundante passagem da luz solar para essas culturas, principalmente tratando-se de hortaliças, que se beneficiam de níveis não muito altos de sombra.

A propagação da moringa pode ser feita por meio de sementes ou estacas. As sementes podem ser plantadas diretamente no local definitivo ou em sementeira, sem necessidade de nenhum tratamento prévio para viabilizar a germinação. A planta requer poucos tratos culturais e dependendo das condições climáticas, cresce rapidamente até uma altura de 4 metros. Em condições favoráveis, uma única planta pode produzir de 50 a 70 kg de frutos/ano, sendo a abundância de luz solar o principal fator para o seu desenvolvimento.

Como usar a semente de moringa para purificar a água

• 1- Lave bem as mãos, limpando com cuidado as unhas.
(Isso é muito importante para evitar a transmissão de bactérias e doenças).
• 2- Separe três sementes de moringa para cada litro d'água que você deseja purificar.
(Para uma lata grande de vinte litros d'água, use sessenta sementes de moringa).
• 3- Retire as cascas das sementes, uma por uma, e coloque o miolo em um pilão e amasse todas.
(É importante que o miolo das sementes sejam bem amassadas como se faz com o tempero da comida).
• 4- Jogue o conteúdo do pilão na água que você quer purificar e mexa lentamente o líquido durante 5 minutos.
(É nesse instante que a moringa começa a purificar a sua água).
• 5- Cubra a lata e espere durante duas horas até que a água fique bem limpa e todo o barro e a sujeira vá para o fundo da lata.
(Você vai ver como toda a sujeira desce para o fundo da lata).
• 6- Bem devagar, retire com um caneco, a água limpa que fica em cima e coloque em um pote ou jarra.
(A água está pronta para ser usada na cozinha ou mesmo para beber).



ORIGEM
É uma árvore originária da Índia. Nasceu em uma região seca como a do sertão do Brasil , onde chove pouco e durante período curto do ano.

NOME CIENTÍFICO
É uma planta da família Moringaceae e os cientistas a conhecem como Moringa oleifera, porque ela também produz muito óleo. 

NOMES POPULARES
Em alguns lugares do nordeste é conhecida como Lírio-Branco e Quiabo de Quina, em inglês, é chamada de Drumstick (Baqueta) devido ao formato que lembra o Bastão de bater o tambor. 



CARACTERÍSTICAS
• É uma plnata perene (que dura muitos anos, não acaba) que atinge cerca de 10 metros de altura. As flores são perfumadas, de cor branca ou bege, pintadas de amarelo na base;
• O fruto é uma espécie de vagem normal, que tem duas faces;
• As sementes, sempre em grande número por fruto, têm quase 1 centímetro de diâmetro e, são aladas. 

VALOR NUTRITIVO
O conteúdo de vitamina a nas folhas é de 23 mil ui (unidades internacionais) por 100 gramas de folhas maduras, o maior dentre os vegetais comestíveis. só para se ter uma idéia da importância desse conteúdo, o brócolis possui 5 mil ui e a cenoura 3.700. as folhas da moringa são boa fonte de fósforo, cálcio, ferro e vitamina c contém também cerca de 27% de proteínas. 

USO MEDICINAL
Todas as partes da moringa são usadas na medicina popular da ásia, áfrica e américa central, apesar de que ainda poucas das propriedades alardeadas foram comprovadas cientificamente. Sabe-se que as folhas e as sementes possuem propriedades antibacterianas, e que a vitamina a associada a outras vitaminas combate os radicais livres, moléculas derivadas do metabolismo, que prejudicam as células provocando o envelhecimento. Os usos mais citados da moringa são para as doenças da pele, sistema digestivo e doenças nas articulações. 

USO ALIMENTÍCIO
Nos continentes Asiático e Africano, a utilização como alimento é bastante antiga. Na América Central também há certa tradição. As receitas são inúmeras. Na Indonésia, por exemplo, consome-se o arroz com sopa ou molho de folhas de moringa. Em Timor, há um prato muito apreciado chamado "makansufa", que significa refeição de flores. As flores de moringa são fritas em óleo de coco e imersas em leite de coco, para serem consumidas com milho ou arroz. Nas Filipinas, folhas novas são transformadas em puré para alimentar crianças. Na Etiópia, as folhas temperadas e cozidas são utilizadas em mistura com batatas e tomates. Os frutos podem ser consumidos em conservas. Em Bombaim, na Índia, há uma fábrica que exporta para países ocidentais enlatados de drumsticks. Em alguns países as folhas servem para alimentação animal. No Brasil, sabe-se há pouquíssimo tempo, que a moringa é comestível. A espécie está sendo vista como alternativa alimentar estratégica. Em algumas escolas de regiões carentes estão usando folhas da moringa na merenda escolar. Segundo
relatos de professores, o rendimento dos alunos melhorou. No instituto de parmacultura da Bahia, em Salvador, tem-se usado a farinha das folhas secas para alimentar crianças em substituição à farinha de mandioca. 

OUTROS USOS
A árvore é muito ornamental, florescendo quase o ano todo. Em alguns lugares são usadas como cercado vivo. Das sementes, é feito um óleo que pode servir para fixar fragrâncias florais. Antigamente foi muito usado para lubrificar relógios e cronômetros. 

PLANTIO
É pouco exigente quanto ao solo, porém, não resiste muito a alagamentos prolongados. A produção de mudas pode ser por sementes ou estacas. Plantadas em saquinhos individuais, aos dois meses já podem ir para o campo. Também se reproduz facilmente a partir de galhos de plantas adultas, apresentando-se por este método, um crescimento mais rápido. A planta precisa sobretudo de muito sol. 

PRODUÇÃO
A partir de sete meses, a planta pode frutificar timidamente, mas, após dois anos, produz mais de 600 frutos anualmente. em relação às folhas, ela rebrota vigorosamente após as podas feitas constantemente. Em regiões muito secas, perde as folhas nos períodos de estiagem, mas, se for irrigada, mantém a folhagem o ano todo. 

HABITAT
É nativa da índia. hoje em dia, pode ser encontrada em todas as regiões subtropicais do mundo.

Fonte: http://www.moringa.org
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