sábado, 28 de novembro de 2015

Ilha Sentinela do Norte e seu povo hostil e intocado




É difícil acreditar que existem pessoas neste mundo que não sabem sobre a internet ou sobre telefones celulares.
Porém, ainda existem tribos que estão completamente à parte da civilização global e não mantêm qualquer tipo de contato com o mundo exterior.
Com quase 60 mil anos de idade, a Ilha Sentinela do Norte é uma parte das ilhas de Andaman e Nicobar, que fica no Oceano Índico, entre Mianmar e Indonésia. Lá, é o local onde existe uma das tribos mais isoladas do planeta.
Os sentinelenses são tão hostis ao contato externo que a ilha foi considerada o lugar mais difícil para se visitar no mundo. Os sentinelenses parecem ser descendentes diretos dos primeiros seres humanos que surgiram a partir da África. A quantidade de habitantes ainda não pode ser certificada, mas estima-se que ela gire em torno de 40 e 500 nativos.


Não importa o caráter do visitante, ao chegar às margens da ilha, seja de propósito ou por acidente, os moradores recebem o intruso quase sempre da mesma forma: com lanças e flechas, em posição de ataque. Presentes como alimentos e roupas não têm importância para eles. Essa hostilidade chegou a ponto dos nativos terem resistência no recebimento de missões de salvamento após o tsunami em 2004.
No momento em que o tsunami desastroso atingiu o Oceano Índico, um grupo de socorristas ofereceu ajuda para os sentinelenses, por meio de um helicóptero da marinha indiana. Eles queriam encontrar e ajudar os sobreviventes, embora as chances fossem pequenas. Tentaram descer pacotes de comida para o chão, mas foram recebidos com a hostilidade dos moradores, inclusive um guerreiro sentinelense emergiu da selva densa e atirou uma flecha tentando atingir o helicóptero.
Não se sabe muito sobre esse povo tribal: a sua linguagem é estranha e seus hábitos desconhecidos. Suas moradias estão escondidas na mata fechada, por isso não se tem nenhuma pista sobre como eles vivem. Tudo o que se sabe é que os sentinelenses são caçadores e coletores, pois eles não cultivam nada, a princípio. Eles vivem de frutas, peixes, tubérculos, porcos selvagens, lagartos e mel.



A Índia tem a soberania sobre Sentinela do Norte, mas acredita-se que as pessoas dessa ilha sequer sabem o que é a Índia. Depois de várias tentativas fracassadas de fazer contato amigável, o governo indiano finalmente se afastou e fez com que todas as visitas à ilha fossem proibidas. A Marinha da Índia impôs uma zona de proteção de 3 milhas para manter os turistas, exploradores e outros intrometidos à distância. Encontros acidentais ainda ocorrem e nenhum deles termina bem.
Há várias histórias de horror de como os sentinelenses têm tratado seus convidados: a maioria das pessoas retorna da ilha aterrorizada e ferida. Em 1896, um fugitivo das prisões britânicas da Andamans ficou à deriva no mar e acabou indo para as margens da ilha por acidente. Poucos dias depois, um grupo de busca encontrou o seu corpo em uma praia, perfurado por flechas e com a garganta cortada. Em 1974, um grupo foi até lá para fazer um documentário e o diretor do filme acabou sendo ferido por uma flecha na perna.

O antropólogo indiano T.N. Pandit realizou diversas viagens patrocinadas pelo governo para Sentinela do Norte no final dos anos 80 e início dos anos 90. "Às vezes, eles viram as costas para nós e se sentam em seus quadris como se fossem defecar", disse ele. "Isso é um símbolo de insulto para eles, já que não éramos bem-vindos”.
Surpreendentemente, houve apenas um caso em que uma pessoa de fora não enfrentou uma recepção agressiva. Em 4 de janeiro de 1991, um grupo de 28 pessoas composto de homens, mulheres e crianças, se aproximou com Pandit e sua comitiva. "Foi inacreditável como eles se apresentaram ao nosso encontro voluntariamente", disse ele. "Eles devem ter decidido que havia chegado a hora de entrar em contato com outras pessoas".

Infelizmente, o último contato com os habitantes da ilha, em 2006, não foi tão bem como se esperava. Dois pescadores foram mortos, enquanto pescavam ilegalmente dentro da faixa de proteção da ilha.
Os sentinelenses estão entre as últimas comunidades que vivem sem contato com a globalização. Talvez seja melhor deixá-los da forma como está, pois trazê-los para a civilização pode ser algo extremamente maléfico. Afinal, eles podem não ser imunes a várias doenças existentes nos dias de hoje e pode ser extremamente complicado se adaptarem ao mundo moderno.


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Fazendo fogões improvisados

Olá amigos! Desta feita trazemos alguns vídeos colhidos em vários canais do Youtube, ensinando a fazer diversos modelos de fogões improvisados.

 





quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Uma volta ao mundo conhecendo os países que 'não existem'

APImage copyrightAP
Image captionTaiwan vive sob ameaça de anexação pela China
http://www.bbc.com/portuguese
Quando encontro Nick Middleton pela primeira vez, ele está cercado por globos terrestres e mapas mostrando os locais mais exóticos do planeta. Estamos no porão da Stanfords, a maior livraria especializada em material de viagem em Londres. Mas Middleton está aqui justamente para falar dos países ausentes da maioria dos livros e mapas à venda na loja.
Ele os chama de “países inexistentes”, mas embora seus nomes pareçam meio fantasiosos – Atlantium, Christiania e Elgaland-Vargaland -, todos são lugares de verdade, ocupados por cidadãos fervorosamente patrióticos.
Nosso mundo está cheio de regiões que contam com o “perfil” de um país: população fixa, governo, bandeira e moeda. Alguns até emitem passaportes. No entanto, por uma série de razões, tais regiões não têm direito à representação na ONU e são ignoradas pela maioria dos mapas. Middleton, geógrafo da Universidade de Oxford, mapeou essas terras escondidas como parte do livroAtlas de Países que Não Existem.
Ao folhear as páginas, a impressão é de entrada num mundo paralelo, com histórias e culturas vibrantes e ricas, porém esquecidas. Esse mundo paralelo tem até uma Copa do Mundo particular.

Conceitos

A ideia para o projeto veio enquanto Middleton lia o clássico infantil As Crônicas de Nárnia para a filha – em que a ação se passa em um mundo escondido atrás de um guarda-roupa. ele teve uma epifania. “Não precisava de mágica para visitar um país ‘que não existia’ aos olhos de outras nações. Só não sabia que existiam tanto. Poderia ter escrito vários livros”, explica o geógrafo.
Middleton conta que não existe uma regra de ouro para definir o que é um país. Há quem cite a Convenção de Montevidéu, de 1933: para se tornar um país, uma região precisa ter território definido, população permanente, um governo e a capacidade de estabelecer relações diplomáticas com outros países.
No entanto, muitos locais que atendem a tais exigências não são membros da ONU, o que se considera uma espécie de selo de aprovação para a existência de um país. Taiwan é um exemplo. Até 1971, a ilha, que se declarou como nação após forças nacionalistas perderem a Guerra Civil chinesa para o Mao Tsé-tung e o Partido Comunista, tinha assento na Assembleia Geral. Perdeu-o para a República Popular da China.
O próprio Reino Unido é um caso estranho. A lei britânica considera Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte Estados individuais. Todos têm times de futebol e rúgbi próprios, por exemplo. Mas o assento na ONU é o mesmo. “Sob esse quesito, por exemplo, a Inglaterra não é um país”, afirma Middleton.
ThinkstockImage copyrightThinkstock
Image captionA tribo Sioux se diz enganada pelo governo dos EUA
Mas o geógrafo preferiu se concentrar em regiões que se encaixam na definição de Montevidéu. A lista conta com alguns nomes familiares para o público – Taiwan, Tibete, Groenlândia e Chipre do Norte -, mas também traz localidades mais obscuras e nem por isso menos sérias.
Middleton, por exemplo, discute os exemplos de populações indígenas buscando a recuperação de sua soberania. E um dos casos mais impressionantes, segundo ele, é a República de Lakotah. Com população de 100 mil habitantes e encravada na região central dos EUA, a república é uma tentativa de retomada das Colinas Negras pela tribo Lakota Sioux.
A causa teve início no século 18, e em 1868 os Sioux tinham assinado um acordo com o governo americano, que inclusive prometera posse indefinida das colinas. Porém, os índios não contavam com a descoberta de ouro na região, o que fez o governo esquecer rapidamente do compromisso enquanto garimpeiros de todos os cantos dos EUA invadiam a região.
Os Lakota precisaram esperar outro século para receber um simples pedido de desculpas. Em 1998, a Suprema Corte Americana julgou o caso como um dos mais desonestos negócios na história do país e determinou indenização de US$ 600 milhões. Os Lakota, porém, recusaram o dinheiro.
“Os índios dizem que aceitar o dinheiro seria dizer sim para um crime”, explica Middleton.
Em vez disso, em 2007 uma delegação foi até Washington declarar sua “saída dos EUA”, e desde então os Lakota têm buscado sua independência na Justiça.
Batalhas similares ocorrem em praticamente todos os continentes. Na África, por exemplo, há o caso de Barotselândia, um reino com população de 3,5 milhões que busca se separar de Zâmbia, e da Ogonilândia, que almeja a secessão da Nigéria. Ambas declararam independência em 2012.
Na Oceania, a República de Murrawarri foi fundada em 2013 por uma tribo aborígene que escreveu para a rainha Elizabeth 2ª (a Austrália ainda tem a Coroa Britânica como chefe de Estado) intimando-a a provar sua legitimidade sobre suas terras. Quando o prazo de 30 dias para uma resposta se esgotou, os Murrawarri se declararam “livres”.
Porém, nem todos os países no livro têm raízes históricas tão profundas. Volta e meia há casos de nações estabelecidas por indivíduos excêntricos buscando, digamos, o que consideram justiça. Middleton cita Hutt River, na Austrália, um “principado” fundado em 1970 por uma família de fazendeiros buscando escapar das cotas de produção de grãos estabelecidas pelo governo federal. Logo tinham criado títulos de nobreza, moeda própria e mesmo um serviço postal.
“Contam com uma venda de selos que vai de vento em popa”, conta o geógrafo britânico.
Divulgação
Image captionA bandeira de Hutton River, a fazenda que se declarou independente da Austrália
Depois de décadas de bate-boca com o governo australiano, Hutton River, que fica na costa oeste da Austrália, a 517km de Perth, conseguiu ao menos independência fiscal da Austrália.
Na Europa, há Forvik, uma ilhota no arquipélago das Shetland que virou um Estado fundado por um inglês buscando mais transparência na política. Há ainda Sealand, fundada em uma antiga plataforma marítima no Atlântico Norte, e Cristiânia, um enclave hippie em plena capital dinamarquesa, Copenhague. Cristiânia foi fundada por um grupo de squatters que ocuparam um alojamento militar abandonado no centro da cidade, em 1971, e no mesmo ano se declararam independentes da Dinamarca.
Desde então, o governo do país escandinavo tem feito vista grossa para atividades do enclave: uma delas o consumo de maconha, legal em Cristiânia mas proibido no resto do país.
Middleton também argumenta no livro que a dificuldade de definir o que é um país pode abrir espaço para que o conceito de Estado-nação seja repensado. Cita o caso da Antártida, continente que é compartilhado de forma pacífica pela comunidade internacional, sem ser “fatiado” formalmente. E o atlas de Middleton conta com dois exemplos mais radicais.
Atlantium é um país cuja capital, Concórdia, fica em uma província remota da Austrália – mais ocupada por cangurus que pessoas. Mas se trata apenas do centro administrativo: o país é “não-territorial”, o que significa dizer que qualquer um pode se tornar um cidadão. “Em uma era em que as pessoas são cada vez mais unidas por interesses e propósitos comuns fora das fronteiras convencionais, Atlantium oferece a alternativa para a prática discriminatória histórica de distribuir nacionalidades para indivíduos sob a forma acidental de nascimentos ou circunstâncias”, diz o site do país.
Uma coisa é certa: o mundo que conhecemos está em constante mutação, segundo Middleton. “Ninguém da minha época um dia imaginou que a União Soviética iria se fragmentar”, lembra. Em um futuro distante, todos os territórios que conhecemos podem eventualmente se tornar um país que não existe.
Leia a versão original desta reportagem em inglês no site da BBC Future

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Pesquisadores desenvolvem aplicativo que auxilia tradução de línguas indígenas


Pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) desenvolveram um aplicativo capaz de traduzir palavras escritas nas línguas dos povos Xerente e Apinajé para o português. OTraduzíndio foi lançado esta semana durante os Jogos Mundiais do Povos Indígenas em Palmas (TO).
A ideia surgiu quando o professor George de Brito sentiu a dificuldade de muitos dos alunos indígenas de se comunicarem em português. “Nós temos um número considerável de indígenas na universidade e a ideia era criar um sistema que auxiliasse na comunicação destes alunos. Fizemos um sistema web no começo e logo depois pensamos numa versão mobile para que outras pessoas, além dos alunos, também tivessem acesso”, explica.
O Tocantins é território de sete etnias que falam quatro línguas diferentes (apinajé, xerente, carajá e krahô) e duas delas (apinajé e xerente) estão no Traduzíndio, pois têm documentação, vocabulário e dicionário. O povo Xerente tem atualmente uma população de quase 1,8 mil pessoas distribuídas em 33 aldeias. Os apinajé têm população de cerca de 1.100 pessoas que habitam 14 aldeias.
Alunos das duas etnias ajudaram a desenvolver o Traduzíndio e validaram a tradução palavra por palavra. Eles também visitaram as aldeias para ouvir a opinião dos indígenas sobre o aplicativo.
O aplicativo abrange 5.504 palavras da língua apinajé e 3.692 do xerente. Além da tradução, a ferramenta apresenta a cultura das duas etnias e uma breve apresentação do projeto.
Uma equipe já trabalha na ampliação e aprimoramento da ferramenta que, em breve, deve trazer ainda as línguas carajá e krahô . “Queremos também ter os verbetes disponíveis em áudio e acrescentar uma linha do tempo interativo sobre a chegada das etnias no Tocantins e com informações sobre os dias atuais”, diz o professor Brito.
O universitário Felipe Tkibumrã, da etnia Xerente, foi um dos alunos que ajudou na validação dos verbetes do aplicativo. Ele conta que todos na aldeia gostaram da ideia. “A tecnologia veio para nos ajudar. A gente não pode esquecer da nossa língua e o aplicativo também serve como conservação dela. Também é interessante para que outras pessoas conheçam um pouco da nossa cultura”.

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