quarta-feira, 31 de julho de 2013

Tenacinango, a capital da escravidão sexual no México

Prostitutas em Tenencingo
Prostitutas em Tenencingo; mulheres são aliciadas em vilarejos mexicanos e mandadas para os EUA
A cidade mexicana de Tenancingo, no Estado de Tlaxcala, é o principal foco de tráfico de mulheres da América do Norte, segundo o governo dos Estados Unidos. Estima-se que 10% de seus 10 mil habitantes se dediquem ao recrutamento, exploração sexual e venda de mulheres.
É possível encontrar em Tenancingo elementos impensáveis em outros vilarejos mexicanos.
Entre eles, Ferraris e caminhonetes de luxo Lincoln estacionadas nas ruas e em motéis, casas adornadas com torres e vitrais trabalhados - e eventualmente, como dizem os boatos locais, mansões com interiores decorados com ouro.
De Tenancingo saíram as famílias de cafetões mais conhecidas do México. Segundo as Nações Unidas, o local é um ponto crítico para a luta contra a escravidão sexual em todo o continente.
As autoridades locais reconhecem que a cidade tem seu lado obscuro, mas afirmam estar trabalhando para erradicar o problema.
"Há tráfico de pessoas, mas não na dimensão que se pensa", disse o prefeito José Carmen Rojas.

Negócio familiar

Recentemente leis foram aprovadas, tanto em Tlaxcala como em outros Estados do México, para dar penas mais duras aos traficantes de pessoas.
Porém, segundo as autoridades, ainda há um grande obstáculo na perseguição a esses criminosos: muitas famílias locais encaram a exploração sexual como uma atividade "normal".
"O problema se iniciou há 40 ou 50 anos", afirmou à BBC Emilio Muñoz, diretor do Centro Frei Julian Garcés, que atende vítimas de exploração sexual e faz campanha da nova legislação sobre o tema.
"Os traficantes começaram a ganhar dinheiro, o que permitiu a eles apoiar economicamente a comunidade, pagando festas e infraestrutura. Ser traficante se transformou em uma aspiração para os jovens e crianças do povoado. Se transformou em algo cultural", disse.
O tráfico de pessoas se enraizou tanto na cidade que se tornou um negócio tipicamente familiar. A especialidade dos cafetões - ou "padrotes", como são chamados localmente - é conquistar as suas vítimas.
"Soubemos de casos de raptos ocorridos na saída das escolas ou do trabalho e, inclusive, compra de mulheres em comunidades indígenas, mas a técnica mais utilizada é a conquista amorosa", afirmou Emilio Muñoz.
"Os traficantes vão a lugares muito pobres, se apresentam como comerciantes e namoram as mulheres. Prometem a elas uma casa, um bom carro, tudo o que elas nunca poderiam ter. Depois as levam para Tlaxcala, onde as convencem a se prostituir como única alternativa para que a família sobreviva."
Os homens herdam as técnicas de sedução de seus pais. As mães se encarregam de preparar o casamento entre o cafetão e a vítima e de convencer as mulheres de que a prostituição é o único caminho.
Elas também ficam com os filhos das vítimas quando elas são enviadas à Cidade do México ou a alguma grande cidade americana - o que funciona como uma garantia para as mulheres não tentem escapar ou denunciar o esquema.

Reféns

Maria, uma jovem da América Central que não terá a identidade revelada, saiu de seu país com a promessa de trabalhar como garçonete, mas foi vendida de prostíbulo em prostíbulo.
Vilarejo de Tenancingo
A cidade de Tenancingo (México) é o principal foco de tráfico de mulheres da América do Norte
Hoje, ela vive no México em um refúgio para vítimas de exploração sexual e sonha em se tornar jogadora de futebol.
"Alguns clientes te tratam bem e outros não, mas dou graças a Deus que não me aconteceu nada. Algumas colegas acabaram mortas", disse ela.
"Me tiraram todos os documentos e até o número de telefone da minha mãe. Me disseram que teria que trabalhar até pagar minha dívida da viagem que fiz do meu país até aqui. E que não tentasse fugir", afirmou.
Maria foi resgatada de um prostíbulo durante uma operação da autoridade migratória.
"Muitas mulheres exploradas não se reconhecem como vítimas", afirmou a fiscal Irene Herrerías.
"Em outros delitos, as vítimas procuram as autoridades e denunciam, mas elas vivem agarradas aos traficantes ou são ameaçadas por eles", disse.

Machismo

Tenancingo é apenas a face mais visível do dinheiro gerado pelo tráfico de pessoas no México.
Segundo o Centro Frei Julián, as mulheres são recrutadas em ao menos 11 Estados do país e exploradas em outras nove regiões - entre eles Tlaxcala e cidades americanas como Houston, Nova York ou Miami.
Na última segunda-feira, 27 mulheres foram resgatadas no bairro La Merced, no centro da capital mexicana. Lá é possível ver prostitutas e cafetões agindo à luz do dia.
Muitas prostitutas estão nas ruas de maneira voluntária. Outras sofrem exploração de redes que operam em casas escondidas nos becos de La Merced. Em média são obrigadas a ter 40 relações sexuais em um único dia.
Como elas, a cada ano milhares de mulheres caem nessas redes em todo o país, segundo organizações não governamentais do México e dos EUA. Porém, não há estatísticas claras que quantifiquem o tamanho do esquema.
"Há um fator cultural muito determinante", afirmou Felipe De La Torre, coordenador regional de um projeto da ONU contra o tráfico de pessoas.
"Grande parte da sociedade mexicana ainda tem características muito fortes de machismo. Por isso algumas esferas ainda resistem a aceitar que mulheres e vítimas podem ser forçadas a exercer a prostituição", disse o representante da ONU.
Dessa forma, tanto as mulheres que ficam no México como aquelas vendidas como mercadoria sexual em outras partes do mundo vivem a mercê dos cafetões.
Algumas se mantêm temerosas de que algo ocorra aos filhos que tiveram que deixar onde foram recrutadas.
Outras vivem uma segunda condenação: viver com os homens que roubaram suas vidas.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Conheça os Muçulmanos Ahmadis


Comunidade Ahmadi ou simplesmente Ahmadiyya é um movimento religioso muçulmano fundado na Índia por Mirza Ghulam Ahmad(1835-1908).
Proclamando-se instrumento da decisão divina que o capacitara para realizar missão redentora da humanidade, Mirzã afirmava ser uma metamorfose do deus Krishna e, como tal, um guia (mahdi) dos homens. O movimento, embora combatido por alguns segmentos da sociedade indiana, progrediu, mantendo-se atuante através de seus partidários, desenvolvendo contínua e persistente ação missionária. Seus adeptos buscavam, principalmente, apoio das camadas superiores da população. Em Londres, edificaram a mesquita Baitul Futuhao mesmo tempo que editavam numerosas publicações a respeito de sua doutrina, distribuídas pelo mundo inteiro em vários idiomas. Uma das suas idéias chama a atenção: para os ahmadiyya, Jesus foi retirado da cruz ainda com vida e, posteriormente, curado de suas chagas, vindo finalmente a morrer na cidade de Caxemira (antigo Estado da Índia) com a idade de 120 anos. O seu principal centro de irradiação é o Paquistão onde, em 1953, fomentaram várias rebeliões. Considerados não-muçulmanos desde 1974, esses sectários são osperosos missionários do Islã, principalmente no continente africano.

Porque os Ahmadis são perseguidos?


Ahmadiyah é um movimento religioso islâmico fundado na Índia perto do final do século 19, originário com a vida e os ensinamentos de Mirza Ghulam Ahmad (1835-1908), que alegou ter cumprido as profecias sobre o reformador do mundo do final dos tempos, que foi para anunciar o Eschaton como previsto nas tradições de várias religiões do mundo e trazer o triunfo final do Islãoo como por profecia islâmica. Mirza Ghulam Ahmad alega que era o Mujaddid (reformador divina) do século 14 islâmico, o Messias prometido e Mahdi esperado pelos muçulmanos.

Os aderentes da seita Ahmadia são referidos como Ahmadis ou muçulmanos Ahmadi. Ahmadi ênfase reside na crença de que o Islão é a lei final para a humanidade como revelado a Maomé e à necessidade de restaurar-lhe a sua verdadeira essência e forma primitiva, que havia sido perdido através dos séculos. Assim, Ahmadis crem que são o líder do avivamento e propagação pacífico do Islão. Ahmadis eram um dos primeiros comunidades muçulmanos a chegar na Grã-Bretanha e outros países ocidentais.
Mirza Ghulam Ahmad fundou o movimento em 23 de Março de 1889 e denominou-o Ahmadiyya Jama'at (comunidade), prevendo-lo para ser uma revitalização do islamismo. Ahmadis se consideram muçulmanos e afirmam que são os que pratica o Islão na sua forma pura, no entanto, pontos de vista Ahmadiyya em certas crenças do Islão têm sido controversos para os muçulmanos moderados, desde o início do movimento.
Muitos muçulmanos moderados não consideram Ahmadis como muçulmanos, citando, em particular o ponto de vista de Ahmadiyya sobre a morte e o retorno de Jesus. De acordo com a base teológica da crença Ahmadi diz-se que Jesus esteve apenas desmaiado, quando foi tirado da cruz. Depois da sua ressurreição, Jesus fugiu da Palestina para evitar a recaptura e viajou para a Índia. Mais tarde, estabeleceu-se em (o que é agora) Caxemira, onde morreu de morte natural da idade e foi sepultado em Srinagar, na Caxemira. O profeta Yuz Asaf (nome de Jesus pelos Ahmadis), Jesus foi enterrado lá (no que é hoje conhecido como o Bal Roza).
Em vários países islâmicos Ahmadis têm sido marginalizados pela maioria da comunidade religiosa. Com severa perseguição e opressão sistemática, muitos Ahmadis emigran e reinstalação noutro local.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

DICAS PARA VIAJANTES: O QUE LEVAR NA VIAGEM?


Assim como preparamos nossas malas com bastante cuidado e atenção para não deixar para trás algum item que nos faça falta, devemos nos preocupar em levar um conjunto de produtos para a saúde que pode ser de fundamental importância durante a viagem.
Há lugares em que o acesso às farmácias ou aos serviços de saúde é difícil. Ter à mão alguns medicamentos pode fazer uma enorme diferença em certos momentos.
Cuidados com a prevenção
Prevenir é sempre o mais importante. Para não precisar usar o kit, lembre-se do que pode ajudá-lo a evitar que problemas apareçam.
Para começar, a higiene é fundamental. Se não for possível lavar as mãos com água e sabão antes de alimentar-se, lembre-se de colocar na bagagem um antisséptico tópico, como álcool gel ou equivalente. Ele também será útil para evitar a transmissão de alguns vírus, como o da influenza (gripe).
Alguns produtos podem ser utilizados para reduzir o risco de intoxicação por impurezas da água. Existem apresentações comerciais de hipoclorito e/o permanganato de potássio que podem ser adicionados à água que será utilizada para consumo. Essas substâncias podem ser usadas também para a limpeza de frutas, legumes e verduras.
Um problema comum nos dias quentes é a queimadura por radiação solar. Portanto, não esqueça de levar o protetor adequado e em quantidade suficiente para a viagem.
Usar chapéus, óculos escuros e roupas leves também pode ajudar a prevenir esse tipo de lesão. Algumas roupas confeccionadas com materiais que intensificam o bloqueio dos raios solares são especialmente úteis para os bebês e para as pessoas que toleram mal a ação do sol sobre a pele.
Se você vai viajar para locais em que há muitos mosquitos, leve repelentes. Dependendo do horário, a atividade dos mosquitos é maior. Geralmente, o entardecer é o período mais crítico. Por isso, ponha na bagagem roupas de manga comprida, redes para colocar sobre a cama e até inseticidas.
Especificamente a profilaxia para malária, doença transmitida pela picada de um mosquito parecido com o pernilongo, não está indicada para todas as pessoas. Por essa razão, você deve informar-se com a autoridade de saúde local sobre a necessidade de utilizá-la ou não.
Tão logo a pessoa escolha o lugar para onde vai viajar, deve informar-se sobre a importância de tomar certas vacinas. Há regiões no Brasil e em outros países em que prevalecem doenças que requerem imunização prévia. Apesar de o nosso calendário vacinal ser bastante amplo, você deve informar-se sobre a imunização necessária antes de viajar. Há sites sempre atualizados, como os do Ministério da Saúde  e da Organização Mundial de Saúde  que contêm as informações necessárias.
Medicamentos em geral
Levar todos os remédios que em uma eventualidade a pessoa possa precisar em quantidade adequada pode ser difícil. Entretanto, alguns princípios podem ajudar nessa seleção.
Em primeiro lugar, procure levar medicamentos que tratam os sintomas: antitérmicos, antialérgicos, antieméticos (remédios para náuseas), analgésicos e anti-inflamatórios podem ser úteis na maioria dos casos. Se você não tem uma doença crônica, mas tem um problema que eventualmente aparece – algum tipo de alergia ou enxaqueca, por exemplo — considere a possibilidade de ter consigo um remédio para essas situações. Procure também saber se alguém que viaja com você tem alergia a algum tipo de remédio. É sempre importante contar com uma alternativa.
A depender do lugar que será visitado, considere incluir na bagagem algum tipo de antibiótico e medicações para verminoses. Apesar de as infecções bacterianas não acontecerem com tanta frequência, ter um medicamento desse tipo à disposição pode ser extremamente útil até que a pessoa seja avaliada por um profissional. Você pode conversar com seu médico sobre o uso de antibióticos que são usados em mais de uma situação clínica, por exemplo, nas infecções urinárias e sinusite.
Lembre-se também de checar as dosagens pediátricas. Como os remédios para crianças têm doses e apresentações específicas, é importante estar corretamente informado sobre elas.
O uso de bandagens, curativos, pomadas, antissépticos e outros dispositivos e substâncias deve ser considerado de acordo com o local e o tempo de viagem. Pessoas que vão visitar ambientes extremos (altitudes elevadas, desertos etc.) devem sempre se informar a respeito de cuidados e problemas específicos que podem aparecer nesses lugares.
Pacientes com doenças crônicas
Pessoas com doenças crônicas devem levar os medicamentos que utilizam diariamente em quantidade suficiente e com o prazo de validade adequado. Em alguns países, é muito difícil comprar remédios sem prescrição médica, mesmo aqueles mais simples.
Você pode pedir ao seu médico uma declaração para ser apresentada na chegada, caso seja questionado a respeito dos tipos ou quantidade dos medicamentos. Pergunte também (ou consulte a bula) sobre as condições de transporte – alguns remédios necessitam de temperatura e umidade ideais para que se mantenham eficazes.
Algumas doenças crônicas requerem uso esporádico (e não necessariamente diário) de remédios específicos, seja por frequência – como aqueles utilizados semanalmente ou mensalmente – ou porque são utilizados em situações eventuais, como em exacerbações da enfermidade (caso das crises de asma, gota etc).
Pacientes que utilizam oxigenioterapia contínua precisam informar à companhia aérea ou rodoviária sobre a necessidade do oxigênio. Geralmente, há algumas informações que devem ser passadas para a empresa de transporte a fim de que ela providencie boas condições de acomodação e garanta o uso de oxigênio.
Se você tem uma doença crônica e planeja uma viagem longa, para lugares distantes de grandes centros ou em que o acesso a médicos ou farmácias pode ser difícil, converse a respeito com seu médico.
Carlos Jardim, doutor em Pneumologia e especialista em e Clínica Geral, faz parte do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo (SP) e é coautor da coleção “Guia Prático de Saúde e Bem-Estar” (editora Gold), faz parte do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo (SP).

sábado, 13 de julho de 2013

Melodias haitianas embalam cultos em Porto Velho - RO


João Fellet
Enviado Especial da BBC Brasil a Rondônia - http://www.bbc.co.uk/portuguese
Atraídos por empregos nas usinas do rio Madeira, desde 2011 ao menos 3 mil imigrantes do Haiti se mudaram para Porto Velho, capital de Rondônia. E, no Estado com o maior percentual de evangélicos do país, algumas igrejas travam uma disputa por suas almas.

Igrejas disputam fiéis haitianos em Rondônia
A Assembleia de Deus foi a primeira a erguer um templo só para o grupo e diz já ter convertido 100 haitianos.
A poucos quilômetros dali, uma igreja adventista engrossou seu rebanho ao incorporar cerca de 30 haitianos. A igreja também terá um templo só para os imigrantes e diz facilitar a inserção do grupo na sociedade.

Enquanto as igrejas buscam fieis entre os imigrantes, alguns haitianos adeptos do vodu buscam locais mais simpáticos às suas crenças originais. Num terreiro de candomblé ketu, três haitianos descobriram que alguns dos orixás cultuados em seu país também são adorados por religiões afrobrasileiras.

LEIA TAMBÉM:

Igrejas evangélicas disputam imigrantes haitianos em Rondônia
Haitianos adeptos do vodu buscam no candomblé alternativa a igrejas

segunda-feira, 8 de julho de 2013

FAB possui voos gratuitos para todos os cidadãos; saiba como usar



Não são só as principais autoridades políticas do país ou chefes militares que têm direito de voar em aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira). Qualquer cidadão civil também pode pleitear um lugar nos voos da Aeronáutica, sem custo nenhum, para todas as regiões do país, desde que haja vagas nas aeronaves.
A diferença é que, enquanto o vice-presidente da República, ministros de Estado, presidentes do Legislativo (Câmara e Senado) e do STF (Supremo Tribunal Federal), além dos comandantes das Forças Armadas, têm direito a utilizar as aeronaves para viagens exclusivas, desde que embarquem a trabalho e por motivo de segurança ou emergência médica, o cidadão comum só pode voar com a FAB em voos já programados.
Nos últimos dias, se tornaram públicos casos de autoridades que fizeram uso indevido de aviões da FAB, como o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e ministro da Previdência, Garibaldi Alves (PMDB).
No caso de passageiros comuns, a viagem é condicionada à disponibilidade de voos de transporte, o tipo de missão que a FAB irá cumprir e à existência de vagas livres nos aviões. Os voos não são regulares, portanto não têm datas, horários e destinos previamente definidos. Os modelos de aeronaves são diversos: o passageiro pode embarcar, por exemplo, no conforto de um jato C-99, que costuma transportar autoridades, ou até em um turbo-hélice Bandeirante, com capacidade para cerca de 20 pessoas.
Os interessados devem procurar o CAN (Correio Aéreo Nacional) de sua região, preencher uma ficha de inscrição, anexar cópias da identidade e do comprovante de residência e informar o trecho que deseja voar --menores devem ser inscritos pelos pais ou responsáveis legais. Após o cadastro, o CAN entra em contato com interessado quando houver voo confirmado para o trecho solicitado e vagas disponíveis.
Há trechos com viagens frequentes, sobretudo entre as principais capitais do país, mas, segundo o setor de comunicação da FAB, a principal demanda está na região Norte, por cidadãos que viagem para cidades situadas em áreas remotas e de difícil acesso, como São Gabriel da Cachoeira (AM), por exemplo. Também há muita procura na região do Pantanal.
A reportagem ligou para as 17 unidades do CAN, situadas em 14 Estados e no Distrito Federal. Os telefones foram indicados na página oficial da FAB para que os interessados possam obter informações. Na maior parte dos casos, não foi possível obter informações sobre voos. Em muitas unidades, o telefone informado não existe, a ligação não completa ou o número não pertence mais à FAB.
Em São Paulo, Campo Grande, Fortaleza, Canoas e Santa Maria (ambos no Rio Grande do Sul) foi possível obter informações sobre os voos previstos e orientações de como manifestar interesse.
Veja abaixo como foi o atendimento em cada unidade:
Campo Grande - não havia voos disponíveis; inscrições pessoalmente, de segunda à sexta, das 8h às 14h
Fortaleza - não havia voos disponíveis; inscrições pessoalmente, de segunda à sexta, das 8h às 14h
São Paulo - atendentes solicitaram o envio de um email para que encaminhassem a ficha de inscrição para os voos solicitados --havia voos para vários destinos
Canoas (RS) - havia somente um voo programado, para Santa Maria (RS)
Santa Maria (RS) - sem voos programados, mas com previsão de vários voos para Porto Alegre nos próximos dias
Florianópolis - expediente encerrado
Belo Horizonte - não souberam fornecer informações sobre os voos e orientaram ligar para o CAN do Rio de Janeiro
Belém - ninguém atendeu
Brasília - ninguém atendeu
Porto Velho - ninguém atendeu
Rio de Janeiro - ninguém atendeu
Boa Vista - ligação não completa
Manaus - ligação não completa
Natal - ligação não completa
Pirassununga (SP) - número informado não existe
Recife - número informado incorreto
Salvador - número informado incorreto

À reportagem, a secretaria de comunicação da FAB, situada em Brasília, disse que irá corrigir os números informados na página oficial do órgão.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Vida mudada. Igreja reavivada. Mundo evangelizado


Talvez você já tenha ouvido falar dos Irmãos Morávios e do seu incrível engajamento com missões. O que pretendo apresentar aqui é um pouco mais da história deles e da obra missionária que eles realizaram. Com isso, quero apontá-los como um exemplo de serviço e abnegação que devemos imitar. Obviamente o assunto é vasto demais e aqui não é o local adequado para aprofundar em cada detalhe da história. Por isso, já me dou por satisfeito se você, instigado pela curiosidade e pela brevidade desse texto, for atrás de outras fontes para conhecer melhor a história tão inspiradora desses nossos irmãos.
Pietismo
Um dos lemas da Igreja Reformada é “Igreja Reformada, Sempre Reformando.” Essa frase demonstra profunda consciência da fraqueza humana e de dependência do Deus Soberano para que faça a obra continuamente na vida da Sua Igreja. As instituições humanas sempre estão sujeitas a cair, mas a Igreja de Cristo sempre se manterá de pé. Isso não quer dizer que não venha a sofrer de um esfriamento espiritual. Era exatamente isso que estava acontecendo com as Igrejas Reformadas da Alemanha do sec. XV. Era necessário um avivamento espiritual dentro da ortodoxia morta da Igreja Luterana. Foi com esse objetivo que em 1666, Philip Spener separou um grupo de irmãos da sua igreja para reuniões regulares de estudo bíblico e oração em sua própria casa. Esse foi o marco do início do movimento Pietista na Alemanha. Para Cairns,

O pietismo acentuava um retorno interior, subjetivo e individual ao estudo bíblico e à oração. A verdade bíblica se manifestaria diariamente numa vida de piedade, tanto de leigos quanto de ministros.1
A influência do pietismo em missões foi muito importante. Com o avanço do movimento várias iniciativas missionárias foram tomadas que se organizaram em agências de envio de missionários. Todas tiveram sua inspiração no pietismo.
Missão de Halle
Outro grande nome do pietismo foi August Francke, professor da Universidade de Halle, na Alemanha. Ali ele se esforçou para trazer os alunos de volta à Bíblia e à piedade. Francke definiu o pietismo como “uma vida mudada, uma igreja reavivada, uma nação reformada e um mundo evangelizado”. O resultado disso foi que Halle passou a ser um importante centro do pietismo e também uma prolífera agência missionária. Naquela época vários estudantes da Universidade de Halle partiram como missionários para África, América, Ásia, Ilhas do Pacífico, Índia dentre outros.
Esta universidade trabalhou em parceria com o rei da Dinamarca. Frederico IV decidiu começar uma obra missionária no Oriente e pediu que Halle lhe enviasse missionários. Bartolomeu Zingenbalg e Heinrich Plütschau foram os primeiros obreiros transculturais da Missão Dinamarquesa Tranquebar. Sobre essa missão, Justo González diz que:
“O trabalho desses missionários foi variado, pois além de ministrar aos colonos dinamarqueses e alemães, trabalhavam entre católicos que falavam português e entre os índios.”2
Irmãos Morávios
Símbolo dos Irmãos Morávios
Símbolo dos Irmãos Morávios
Talvez o pietista mais conhecido seja o conde Nicolau von Zinzendorf. Quando jovem estudou na Universidade de Halle, onde teve Spener e Francke como professores, sendo profundamente influenciado pelo pietismo. Em uma de suas viagens se deparou com o quadro “Ecce Homo”, onde Cristo era retratado dizendo as seguintes palavras: “Dei minha vida por você; o que você faz por mim?”. Sensibilizado por essa obra de arte, Zinzendorf passou a se dedicar ao trabalho de Cristo.
Em 1722, ele deu abrigo em sua propriedade chamada “Herrnhut” (cabana do senhor) a um grupo de 300 pessoas que estavam sendo perseguidas na Morávia (Áustria e Leste Europeu) por serem adeptas da sã doutrina pregada por John Huss. Esse grupo de imigrantes deu origem aos conhecidos Irmãos Morávios (“Unitas Fratrum”).
Cinco anos depois ocorreu um significativo avivamento trazendo grande transformação na vida dos morávios. Eles conduziram uma vigília de oração ininterrupta durante 100 anos e adotaram a simplicidade como modo de vida dando grande assistência aos necessitados de sua sociedade.
No ano de 1731 o conde Zinzendorf teve um encontro com cristãos nativos da Groelândia e da Índia (frutos do trabalho missionário de Halle) e ficou chocado com o apelo deles para que tivessem mais missionários em suas terras. O conde levou este apelo aos morávios que habitavam em Herrnhut e estes abraçaram a causa de maneira empolgante. Começou aí o despertamento da igreja morávia para as missões transculturais.
Missões Morávias
É importante lembrar que até essa época a igreja cristã acreditava que era responsabilidade do Governo alcançar os outros povos com o Evangelho, através das atividades de colonização. Segundo Kenneth Mulholland, “os morávios foram os primeiros cristãos a colocar em prática a ideia de que a evangelização dos perdidos é dever de toda a igreja, não apenas de uma sociedade ou de alguns indivíduos.”3

Uma das principais características do movimento missionário moraviano era que eles não eram sustentados pela igreja local. Os próprios missionários se dispunham para o campo, comprometendo-se a utilizar a sua profissão para manterem-se ali. Grande parte dessas profissões envolvia trabalhos manufaturados, o que dava maior flexibilidade para o missionário na administração do seu tempo. Por isso, eles eram orientados por Zinzendorf a não assumirem qualquer função nas fábricas e fazendas do local.
O principal objetivo destes irmãos era levar o Evangelho até os confins da terra, mas não se limitava somente ao anúncio da Palavra; eles estavam comprometidos também com o desenvolvimento econômico e social da sociedade em que trabalhavam. Falando sobre o ministério que os irmãos morávios desenvolveram em Labrador, Ruth Tucker diz que “à medida que sua influência econômica cresceu também aumentou a sua influência espiritual, e uma igreja Morávia florescente surgiu neste país”4. Eles eram leigos que usavam suas profissões não somente para manterem-se no campo missionário, mas também para criar vínculos de amizade com os moradores locais.
Outras características do movimento missionário dos Irmãos Morávios era que eles deveriam iniciar um trabalho missionário entre povos pouco ou não evangelizados. Eles aceitavam a cultura do povo, sem impor seus costumes europeus. Segundo o conde Zinzendorf, o missionário era enviado para evangelizar, não para doutrinar, por isso a mensagem que eles anunciavam era tão somente o amor de Cristo, e deixavam para se aprofundar em outras doutrinas após a conversão da pessoa.
Avanço missionário dos Morávios
Avanço missionário dos Morávios
Depois de 100 anos de intensa atividade missionária os Irmãos Morávios tinha estabelecido 41 centros missionários, 40 mil batizados nos campos e 208 missionários ativos. 50 anos depois este número subiu para 700 centros missionários, 83 mil batizados, 335 missionários ativos e 1500 obreiros nacionais. A proporção chegou à impressionante marca de um missionário para cada 25 cristãos morávios, marca essa que dificilmente será superada por alguma empreitada missionária.
Antes de finalizar, é importante observarmos um círculo de influências que ocorreram naqueles anos. John Wycliffe foi considerado a “estrela-d’alva” da Reforma porque lutou pelos mesmos ideais dos reformadores, séculos antes destes existirem. Wycliffe influenciou John Huss, que também lutou contra os dogmas e as heresias da Igreja Católica. Perseguido e morto, Huss deixou, como fruto de seu trabalho, os Irmãos Boêmios que defenderam a sã doutrina em meio à escuridão espiritual da sua época. Os Irmãos Morávios eram descendentes espirituais dos irmãos boêmios, pois seguiam as doutrinas de Huss e fugiram da Morávia por causa da perseguição religiosa indo se refugiar em Herrnhut, as terras do conde Zinzendorf. Anos mais tarde, John Wesley (o pai do Metodismo) em uma perigosa viagem marítima admirou-se com a paz de espírito que sentiam alguns cristãos morávios que estavam no mesmo navio que ele durante a tempestade. Naquela ocasião os morávios mostraram a Wesley que ele ainda não havia “nascido de novo” e que estava vivendo uma religiosidade vazia. Depois disso, Wesley fez uma visita a Herrnhut para conhecer o trabalho dos Irmãos Morávios e padronizou o metodismo de acordo com o modelo que viu ali.
J. Wycliffe >> J. Huss >>Irmãos Boêmios >> Irmãos Morávios >> John Wesley >> Metodismo
A única razão de tamanho sucesso missionário foi a visão cristocêntrica que os Irmãos Morávios tinham. Cristo, e somente Cristo, era o foco da obra que eles realizavam. E o lema missionário que eles assumiam deixava isso ainda mais claro: “Conquistar para o Cordeiro a recompensa de seu sacrifício”.
Notas
1. O Cristianismo Através dos Séculos. CAIRNS, Earle, p 370.
2. História do Movimento Missionário. GONZÁLEZ; ORLANDI, p 219.
3. Perspectivas no Movimento Cristão Mundial, p 277.
4. TUCKER, Ruth. Missões até os Confins da Terra, p.116

______________
Héber Negrão é paraense, tem 30 anos, mestre em Etnomusicologia e casado com Sophia. Ambos são missionários da Missão Evangélica aos Índios do Brasil (MEIB), com sede em Belém, PA.
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