domingo, 28 de outubro de 2012

Documentário: como transformar água salina em potável


Neste programa, conheça o programa "Água Doce". A escassez e a salinidade na maioria dos poços artesianos do semiárido brasileiro tornaram necessária a existência de tecnologias para dessalinização e transformação da água em potável. O projeto visa aumentar a oferta de água de boa qualidade para a população da região. O vídeo "Programa Água Doce" foi realizado pelo Ministério do Meio Ambiente. 07/10/12 - TV NBR - 18:19


Via Jornal Agrosoft - http://www.agrosoft.org.br

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Documentação de filhos de brasileiros residentes no exterior



Cláudia Storvik
Blog Filhos Bilíngues - http://filhos-bilingues.blogspot.com.br

Depois que escrevi aqui no blog sobre autorização de viagem para crianças brasileiras, recebi muitas perguntas de leitores relacionadas a documentação de filhos de brasileiros no exterior. Recentemente também li comentários em um grupo de discussão que demonstram uma certa falta de conhecimento da lei e muita confusão por parte dos pais.

Pesquisando um pouco fiquei surpresa ao descobrir informações erradas ou desatualizadas em vários sites supostamente confiáveis, inclusive de embaixadas e consulados e até mesmo de um ministério. Resolvi então compilar uma pequena lista de perguntas frequentes sobre aspectos relacionados a documentação de menores brasileiros nascidos e/ou residentes no exterior, que segue abaixo, juntamente com as respectivas respostas.



Meu filho nascido no exterior é brasileiro?
Segundo o Artigo 12, inciso I da Constituição Federal, são brasileiros natos os seguintes indivíduos:
— Nascidos no Brasil, com exceção de filhos de pais estrangeiros no Brasil a serviço de seu país de origem.
— Nascidos no estrangeiro, de mãe ou pai brasileiro a serviço do Brasil (como por exemplo um diplomata).
— Nascidos no estrangeiro, de mãe ou pai brasileiro, desde que:
    • sejam registrados em repartição brasileira competente (consulado ou embaixada brasileira), ou
o    venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, após atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
Portanto, crianças nascidas no exterior de mãe ou pai brasileiro são brasileiras se forem registradas em repartição consular. As não registradas podem tornar-se brasileiras se passarem a residir no Brasil e optarem, perante Juiz Federal, em qualquer tempo depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

É assim desde a promulgação da atual constituição em 1988?
Não. No período entre 1994 e 2007 a constituição não conferia ao registro a prerrogativa de atribuir a nacionalidade brasileira. A redação original da constituição de 1988 previa que o registro em repartição consular conferia a nacionalidade ao brasileiro nascido no exterior, mas a regra foi alterada por uma emenda constitucional em 1994, que determinava que a aquisição da nacionalidade dependia do filho de brasileiro nascido no exterior vir a residir no Brasil e optar formalmente pela nacionalidade brasileira. Uma nova redação dada à constituição em 2007 resolveu a questão ao reabilitar o registro como meio de atribuição da nacionalidade brasileira. A emenda constitucional que introduziu essa nova redação foi em grande parte resultado de uma campanha promovida por brasileiros residentes no exterior, conhecida como ‘Brasileirinhos Apátridas’.

O que foi o movimento ‘Brasileirinhos Apátridas’?
A emenda constitucional de 1994 criou um sério problema com relação a filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro em países que adotam o critério de ascendência (nacionalidade dos pais) para atribuir nacionalidade. Filhos de brasileiros nascidos nesses países que não viessem a residir no Brasil e fazer a opção pela nacionalidade brasileira se tornariam apátridas, ou seja, pessoas sem pátria. Esse era por exemplo o caso dos filhos de brasileiros nascidos no Japão, na Suíça e na Alemanha, entre outros. O movimento Brasileirinhos Apátridas lutava pela mudança da constituição para reabilitar o registro como meio de atribuição da nacionalidade brasileira Mais informação sobre o movimento pode ser obtida aqui e aqui

Até que idade meu filho pode ser registrado num consulado?
O registro consular pode ser efetuado em qualquer tempo, independentemente da idade do registrando, nos termos dos artigos 32 e 46 da Lei nº 6.015/1973, com a redação dada pela lei nº 11.790/2008.

O registro consular de nascimento do meu filho tem validade no Brasil?
A fim de produzir efeitos no Brasil, a certidão consular de nascimento deverá ser posteriormente transcrita no Cartório do 1º Ofício do Registro Civil do local de domicílio do registrado no Brasil, ou no Cartório do 1º Ofício do Registro Civil do Distrito Federal, na falta de domicílio.

Brasileiros podem ter dupla nacionalidade?
Não há qualquer restrição quanto à múltipla nacionalidade de brasileiros que possuam nacionalidade estrangeira em virtude de nascimento (a pessoa nasce no território de outro país, que por este motivo lhe concede o direito à nacionalidade) ou de ascendência (os pais possuem a nacionalidade de outro país e a transmitem aos filhos). No entanto, existe restrição à múltipla nacionalidade de cidadão brasileiro que adquire nacionalidade estrangeira, ao longo da vida, por casamento ou imigração, com exceção dos casos onde houver imposição de naturalização pelo país estrangeiro como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. Segundo a Portaria No. 172 do Ministro da Justiça, de 4 de agosto de 1995, é preservada a nacionalidade brasileira daquele que, “por motivos de trabalho, acesso aos serviços públicos, fixação de residência, etc., praticamente se vê obrigado a adquirir a nacionalidade estrangeira, mas que, na realidade, jamais teve a intenção ou vontade de abdicar da cidadania originária”.

Meu filho tem dupla nacionalidade. Ele tem direito a passaporte brasileiro? 
O brasileiro que é também nacional de outro país por nascimento, ou por outra forma de aquisição de nacionalidade, tem direito a passaporte brasileiro, da mesmas forma que todos os outros brasileiros. Se seu filho nasceu no exterior e foi registrado em embaixada ou consulado, ele tem direito a passaporte brasileiro, mesmo que seja titular de passaporte de outro país.

Meu filho tem dupla nacionalidade. Ele pode entrar e sair do Brasil com seu passaporte estrangeiro?
Todo brasileiro, tenha ou não dupla nacionalidade, deverá – obrigatoriamente - entrar e sair do Brasil com documento de viagem brasileiro. Se seu filho nasceu no exterior e foi registrado em embaixada ou consulado brasileiro, ele tem nacionalidade brasileira e deverá, obrigatoriamente, entrar e sair do Brasil com o passaporte brasileiro.

Meu filho vai viajar conosco para o Brasil com um passaporte brasileiro. Eu preciso levar também uma certidão de nascimento para provar que eu e meu marido somos seus pais?
O novo passaporte brasileiro (azul) não registra a filiação do titular, como fazia o modelo de passaporte antigo (verde). Portanto, os menores de idade, mesmo viajando acompanhados dos pais, além do passaporte válido podem precisar apresentar o RG ou certidão de nascimento para comprovar a filiação. No entanto, os passaportes de menores brasileiros emitidos no exterior incluem a filiação da criança na página 4, e portanto podem servir como comprovante de filiação.Leia aqui um interessante comentário do chefe da divisão de passaportes da Polícia Federal sobre o assunto, em resposta a um artigo publicado no Estadão.com.br.

Como proceder se o menor vai sair do Brasil desacompanhado de um dos pais?
Conforme os Artigos 83 e 84 do Estatuto da Criança e do Adolescente, para deixar o Brasil desacompanhado dos pais, o menor de 18 anos de nacionalidade brasileira deverá estar devidamente autorizado pelos pais ou responsáveis legais. Se o menor viajar na companhia de apenas um dos pais, somente poderá sair do Brasil quando devidamente autorizado pelo outro genitor. Em ambos os casos, tal autorização deverá ser dada por intermédio de documento com firma reconhecida: a Autorização de Viagem de Menor. No caso de residentes no exterior a autorização deve ser emitida de acordo com os procedimento determinados pelo consulado do local de residência.

Meu filho é brasileiro mas é residente no exterior. Ele precisa da Autorização de Viagem de Menor?

Quando o menor residir fora do Brasil e estiver retornando para o seu país de residência, em companhia de um dos pais, é dispensada a apresentação de autorização de viagem escrita do outro genitor, mediante a apresentação de Atestado de Residência emitido há menos de dois anos em nome do menor pelo consulado ou embaixada do local de residência. Ao contrário da Autorização de Viagem, que é gratuita, este atestado tem um custo e não vale para viagens dentro do Brasil - somente para a saída do Brasil. Leia mais sobre o Atestado de Residência no post ‘Autorização de viagem para crianças brasileiras residentes no exterior – segundo capítulo’Para os pais que preferirem a Autorização de Viagem de Menor, esta pode ser emitida e apresentada mesmo quando o menor residir fora do Brasil, e nesse caso não haverá necessidade de Atestado de Residência. Em resumo, quando o menor residir fora do Brasil e estiver retornando para o seu país de residência, em companhia de um dos pais, existe a opção de apresentar o Atestado de Residência ou a Autorização de Viagem.


autorização para viajar desacompanhado de um dos pais pode ser incluída nopassaporte do menor?
Sim, a autorização pode constar num novo passaporte do menor.  Esta modalidade de autorização de viagem somente pode ser dada no momento da solicitação do novo passaporte. A inclusão da autorização de viagem no novo passaporte do menor é feita gratuitamente pelo consulado.

Copyright © Claudia Storvik, 2011. All rights reserved. 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

23 dicas sobre bilinguismo para educar seus filhos



As brasileiras Regina Camargo e Eliana Elias são especialistas em educação infantil e há muitos anos moram em São Francisco, nos Estados Unidos. Elas também são mães e lideram um grupo de pais que organiza atividades para incentivar o ensino de português para crianças na região onde vivem. Regina e Eliana escreveram um artigo excelente, que contém a lista mais completa de dicas práticas sobre educação de crianças bilíngues que já encontrei em língua portuguesa, e gentilmente autorizaram a reprodução do artigo aqui no blog. As ótimas dicas das duas educadoras portanto seguem abaixo. Boa leitura!

***

Brasil ou Brazil? Nossas crianças têm de escolher?

Por Regina Camargo e Eliana Elias

Muitos pais nos pedem sugestões práticas para continuarem a apoiar o desenvolvimento da língua portuguesa dentro de casa. A verdade é que existem muitas formas de se fazer isso, e nem todas as estratégias usadas serão bem sucedidas em todas as famílias. Temos que considerar várias diferenças: nível educacional da família, temperamento das pessoas envolvidas, línguas faladas por outros membros da família, etc. Porém, entendemos que a formação de uma identidade cultural sadia e o desenvolvimento de relacionamentos positivos dentro da família são fundamentais para qualquer aprendizado. Portanto, longe de criarmos uma lista completa, estaremos dividindo algumas sugestões que nos ajudaram na formação da nossa abordagem educativa.




1- Faça um esforço consciente - A perda da língua materna ocorre na maioria dos grupos de imigrantes. Quando a criança é cercada por uma língua dominante, ela tende a desenvolver a preferência pela língua falada na escola, na rua e nos meios de comunicação. Famílias de imigrantes que querem apoiar o desenvolvimento da língua materna têm de fazer um esforço consciente para que isso aconteça.

2- Cultive relacionamentos positivos - A língua não passa de um veículo para unir as pessoas. O ser humano nasce com o instinto natural de se comunicar, de compartilhar experiências com outros seres humanos. A base de todo aprendizado está no relacionamento. Relacionamentos positivos ajudam na formação de uma comunidade receptiva, que estimula a comunicação.

3- Mantenha a naturalidade - Muitos pais desistem de falar sua língua nativa quando seus filhos começam a responder na língua dominante. Outros se tornam militaristas, e forçam o uso do português dentro de casa, a ponto de transformarem as interações entre pais e filhos em algo extremamente negativo. O ideal é procurar um equilíbrio. A melhor forma de se cultivar a língua é criar um ambiente natural e positivo, onde nenhuma língua é proibida.

4- Crie um ambiente onde todos os membros da família possam conversar e trocar idéias- Muitos imigrantes levam uma vida muito corrida, sempre trabalhando muito. É preciso lembrar que a criação de rotinas familiares, como refeições, idas ao parque, passeios e eventos festivos formam a base da vida afetiva da criança. Temos que, deliberadamente, criar rituais onde os membros da comunidade possam achar oportunidades para comunicação diária.

5- Evite usar as crianças como intérpretes dos mais velhos - Crianças tendem a aprender a língua do país hospedeiro bem mais rapidamente que seus pais. Em muitas comunidades de imigrantes as crianças tornam-se tradutoras. Pesquisadores têm documentado os efeitos negativos que essas práticas, aparentemente inofensivas, têm na formação da identidade das crianças. Ter um papel de tamanha responsabilidade confunde a criança, que passa a ver os pais como incapazes. Essa mudança na hierarquia familiar traz problemas que são ainda mais visíveis nos adolescentes. Os pais que aprendem a língua dominante ou que procuram manter a hierarquia familiar intacta têm mais chance de manter um relacionamento sadio com seus filhos.

6- Crie oportunidades para a criação de projetos - Projetos simples, como pintar um quarto, fazer um bolo, escrever uma estória, costurar uma roupa ou confecionar um carrinho de madeira, proporcionam plataformas para desenvolvimento de vocabulário rico e um contexto de aprendizagem novo e cativante. Crianças amam um projeto!

7- Veja as crianças como fontes de inspiração - Observe as ‘paixões’ das crianças e incentive essas paixões. Futebol? Animais? Música? Quase todos os assuntos tornam-se ricas fontes de aprendizado.

8- Fique atento aos ‘erros’ - Tente não se tornar a ‘polícia linguística’ de seus filhos. A correção excessiva dos erros pode inibir o desenvolvimento natural da língua. Porém, fique atento aos erros. Eles podem ser fonte de informação interessante… uma das estratégias efetivamente usadas é repetir a frase corretamente durante a conversa. Outra é simplesmente ‘guardar’ o erro e falar sobre ele dentro de um outro contexto.

9- Crie um ambiente linguisticamente rico - Incentive boa música, livros e oportunidades para conversar. Leia! Leia! Leia! A força da leitura não pode ser minimizada. Livros desenvolvem o vocabulário, a capacidade de compreensão, o conhecimento geral e a criatividade.

10- Use um vocabulário variado e fuja das palavras comuns - O fato de estarmos morando fora do nosso país faz com que as fontes de inspiração linguísticas dos nossos filhos sejam limitadas. Por isso devemos fazer um esforço contínuo para darmos a eles a experiência de um vocabulário variado. Por exemplo: ao invés de dizer simplesmente “Que sorvete bom!”, exagere, diga “Esse sorvete está extremamente delicioso… nunca provei algo assim… um manjar dos Deuses!”.

11- Use gestos e repetições - A linguagem corporal tem um valor muito grande dentro da comunicação. Use e abuse de gestos para criar um contexto onde as palavras possam se encaixar normalmente. Se a criança não entender algo, evite a tradução. Mude as palavras, explique de outra forma. Use a tradução somente quando extremamente necessário.

12- Crie contextos diferentes e divertidos - Passeios, shows, brincadeiras e jogos são ótimas formas de estimular a imaginação e o uso da linguagem.

13- Estimule a formação de uma comunidade - Crianças e adolescentes precisam de ‘espelhos’ que reflitam suas realidades. A conexão com outras pessoas que desfrutam de experiências similares estimula a formação de uma identidade cultural sadia.

14- Demonstre interesse pela leitura e pela beleza da linguagem - Crianças imitam o comportamento dos pais. Seja expressivo sobre seu interesse pela beleza da língua portuguesa. Leia para seus filhos, leia com seus filhos e leia enquanto seus filhos estejam observando você.

15- Faça um investimento em materiais educativos - Evite entrar nas armadilhas da sociedade de consumo! Busque brinquedos educativos e reusáveis. O ato de brincar é importantíssimo para a formação cognitiva da criança.

16- Evite atividades passivas - Crianças que passam muitas horas na frente da televisão ou do computador perdem a chance de interagir ativamente com outras pessoas ou com materiais educativos.

17- Construa ‘pontes’ de entendimento entre a escola e a família - Mesmo as famílias que não falam a língua dominante devem desenvolver um papel ativo na escola. Procure formas de participar da vida escolar de seus filhos.

18- Cultive orgulho pela nossa cultura, língua e costumes - Nossa língua está intimamente conectada com nossa cultura.

19- Evite ser excessivamente patriótico - Um grande número das crianças brasileiras imigrantes não retornará ao Brasil. Viver com essa realidade é entender o papel que temos na formação de crianças que têm aptidão multicultural. É importante cultivarmos a apreciação por TODAS as culturas e línguas que nos cercam. E também importante não colocarmos a cultura hospedeira e a cultura brasileira em competição.

20- Fale abertamente sobre as diferenças culturais - Explicações simples como: “No Brasil as pessoas se cumprimentam com três beijinhos e aqui a gente aperta a mão.” São mais descritivas que julgamentos como: “No Brasil as pessoas são mais calorosas, aqui todo mundo é tão frio!”.

21- Fale sobre o processo de aprendizagem da língua, tornando-o consciente - O processo de desenvolver duas línguas é às vezes complicado. Conversando com as crianças sobre esse processo podemos ajudá-las a desenvolver ferramentas para que elas possam melhor enfrentar os desafios.

22- Evite usar o português como forma de chamar a atenção das crianças - Temos que procurar construir laços positivos com o português. Por isso, usar o português somente para corrigir o comportamento das crianças não é recomendável.

23- Procure manter laços com sua família brasileira - A tecnologia nos disponibiliza muitas formas de continuarmos a ter contato com nossas famílias no Brasil. Telefonemas, cartas, e-mails e vídeos se tornam influências poderosas na formação das crianças. Meus filhos, por exemplo, adoram receber vídeos dos tios, tias e primos. Nesses vídeos, alguns membros da família contam estórias, outros leêm livros e outros simplesmente mandam recados.

***
via blog Filhos Bilíngues -  http://filhos-bilingues.blogspot.com.br/

[O artigo acima foi publicado originalmente no site Contadores de Estórias]

sábado, 13 de outubro de 2012

De volta ao país, brasileiros sofrem 'síndrome do regresso'


AMANDA LOURENÇO e JULIANA CUNHA
Folha de São Paulo


A crise dos países desenvolvidos está levando muitos brasileiros a fazerem as malas de volta para casa. Segundo o Itamaraty, 20% dos que moravam nos EUA e um quarto dos que moravam no Japão já retornaram desde o começo da recessão, em 2008.

O relatório de 2011 sobre a população expatriada sai no fim deste mês, e a taxa de retorno deve ser ainda maior. Há tanta gente comprando a passagem de volta e tanta dificuldade de reintegração ao mercado de trabalho brasileiro que o Itamaraty lançou o "Guia de Retorno ao Brasil", distribuído nas embaixadas.
O caminho de volta pode gerar depressão. É a "síndrome do regresso", termo cunhado pelo neuropsiquiatra Décio Nakagawa para designar certo "jet lag espiritual" que aflige ex-imigrantes.
Morto em 2011, Nakagawa estudava a frustração de brasileiros que voltavam ao país após uma temporada de trabalho em fábricas japonesas.
"A adaptação em um país diferente acontece em seis meses, já a readaptação ao país de origem demora dois anos", diz a psicóloga Kyoko Nakagawa, viúva do psiquiatra e coordenadora do projeto Kaeru, de reintegração de crianças que voltam do Japão.

BONDE ANDANDO
Silvia Zamboni - 27.fev.12/Folhapress
O gerente de marketing Rafael Marques, 33, no centro de São Paulo
O gerente de marketing Rafael Marques, 33, no centro de São Paulo
Se ao sair do país o imigrante se cerca de cuidados para amenizar o choque cultural, no retorno a ilusão é de que basta descer do avião para se sentir em casa.
"Retornar é uma nova imigração", diz a psicoterapeuta Sylvia Dantas, coordenadora do projeto de Orientação Intercultural da Unifesp. "A sensação é de que perdemos o bonde, estamos por fora do que deveríamos conhecer como a palma da mão."
Quando voltou do segundo intercâmbio no Canadá, o gerente de marketing Rafael Marques, 33, descobriu que havia ficado para tio: "Todos os meus amigos estavam casados, com outras prioridades. Demorei meses para me situar". Resultado: deprimiu. Recuperado, hoje ele trabalha com intercâmbios.
Para amenizar o estranhamento, a analista de marketing Natasha Pinassi, 34, se refugiou nos amigos feitos durante sua vivência de um ano na Austrália: "Em pouco tempo no Brasil percebi que deveria ter feito minha vida na Austrália. Já não via graça nas pessoas e nos lugares que frequentava antes. Só conversava com brasileiros que conheci no exterior".
A família pouco ajudava: "Não pude falar o que sentia. Eu me culpava por estar sofrendo enquanto meus pais estavam felizes com minha volta", diz Natasha, que tomou antidepressivos para tentar sair desse estado.
A síndrome não é exclusividade dos brasileiros. "Em minhas pesquisas com imigrantes, percebi um sentimento geral de que o país deixado não é o mesmo na volta", diz Caroline Freitas, professora de antropologia da Faculdade Santa Marcelina. "Um português me disse não querer voltar por saber que Portugal já não estaria lá."
ABANDONO
Quem sofre de síndrome do regresso é frequentemente considerado esnobe. Parentes e amigos têm pouca paciência com quem volta reclamando: "O retorno tem uma significação para aquele que ficou. Junto com saudade, há um sentimento inconsciente de abandono, ressentimento e de inveja daquele que se aventurou", explica Dantas.
Para Nakagawa, amigos costumam simplificar o processo de reintegração: "Há uma pressão para que a pessoa 'se divirta'. Na melhor das intenções, os amigos não respeitam o tempo do viajante".
Se a família também não ajudar, o ideal é procurar um psicólogo com formação intercultural. Em São Paulo, o núcleo intercultural da Unifesp dá orientação gratuita.
____________________________________________________

Para quem está retornando, a “Cartilha: Brasileiras e Brasileiros no Exterior - Informações Úteis”,lançada pelo Itamaraty em 15 de janeiro de 2008, contém um capítulo entitulado "Voltando ao Brasil", com dicas que visam ajudar imigrantes e expatriados na reintegração ao mercado de trabalho brasileiro. Vale a pena conferir. Alguns dos tópicos abordados na cartilha são:








Assista também a este vídeo sobre o tema:
 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O consumo de Noz de Areca ou Bétele - Um vício disseminado por grande parte de Ásia e África



Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Fruto da palmeira de areca ainda na árvore.
Noz de areca ou pinangue, é a semente da palmeira de areca (areca catechu). Esta palmeira pode crescer até vinte metros e tem folhas com um metro de comprimento, estando especialmente difundida na Ásia e na África oriental. Mascar a semente desta espécie vegetal faz parte de muitas culturas asiáticas sendo que as técnicas de preparação variam de região para região. A ilha de Penangrecebeu este nome por causa da pinang. Por vezes é designada incorretamenente como noz de bétel devido a ser consumida quase sempre em combinação com as folhas provenientes da planta que produz a pimenta de bétel, a Piper betle, da família das piperáceas.

Utilização

A palmeira de areca é uma das plantas mais populares do mundo. A sua semente, a noz de areca, possui um sabor fresco e apimentado e é usualmente mascada ou mastigada inteira, sendo às vezes lascada ou ralada, frequentemente misturada com temperos de acordo com a tradição local, tais como cal e especiarias, tudo isto embrulhado em folhas de bétele. Os restos são cuspidos. Este costume constitui uma tradição e hábito popular, em particular na Índia, nas Filipinas, em certas regiões da Malásia e em Myanmar. Sendo um estimulante, em geral é mascada junto com uma pequena quantidade de cal, e o mascador é facilmente reconhecido pelo fluxo abundante de saliva vermelha, que mancha os lábios e os dentes.

Pan
Lojista produzindo pan numa loja indiana.
Na Índia, o tabaco é às vezes acrescentado à mistura num preparado conhecido por pan ou paan. Anúncios nos meios de comunicação social, muitas vezes usando a imagem de estrelas de cinema, incentivam e promovem o seu uso como uma porta para uma vida cheia de emoção e prestígio. No entanto, as letras pequenas nas embalagens advertem que o produto faz mal à saúde.
pan é usado na Ásia e é extremamente popular na Índia. Na sua forma tradicional, é uma mistura de noz de areca triturada, tabaco e outros ingredientes que lhe melhoram o sabor. É colocada, formando uma pasta juntamente com a cal, numa folha de pimenta de bétele. A folha é dobrada para embrulhar o recheio, e o pacotinho inteiro é então colocado na boca. Uma versão comum do pan é o pan masala, que tem os mesmos ingredientes, só que secos e embrulhados em sachês, fáceis de carregar e que podem ser mascados quando se desejar.
A pessoa leva bastante tempo (até cerca de vinte minutos) a mascar o pan e, visto que saliva constantemente, precisa cuspir várias vezes. Existe até uma escarradeira nas casas onde o pan é popular, mas fora de casa, os consumidores cospem no chão ou nas paredes, razão das manchas castanhas ou marrom que se vêem nas escadarias e corredores de muitos prédios da Índia.

[editar]
Efeitos

Nozes de bétele secas e cortadas ao meio temperadas com especiarias.
Os princípios ativos mais importantes da noz de areca são a arecaina e a arecolinaalcalóides cujos efeitos são comparáveis aos danicotina. É descrito como estimulante, brandamente intoxicante e inibidor de apetite. Ela também contem os alcalóides arecaidina,arecolidinaguracina (guacina), guvacolina e vários outros que ainda não foram estudados extensivamente.
Além do efeito estimulante do sistema nervoso central causando um relaxamento alegre ou sensação de euforia e uma agradável sensação na boca, alguns afirmam que possui qualidades afrodisíacas. Certas pessoas chegam mesmo a afirmar que o seu consumo melhora as capacidades de aprendizagem e de raciocínio, facilita a respiração, melhora a disposição e reduz a pressão cardíaca. Pode ainda ter usos medicinais, tal como a redução das cáries, a remoção de tênias e outros parasitas intestinais mediante a ingestão de umas poucas colheres de noz de areca em pó, da própria noz ou tabletes contendo o extracto dos alcalóides.
No entanto, mastigar regularmente a noz de areca é extremamente prejudicial para os dentes. A noz de areca tinge a saliva da pessoa dum vermelho vivo e enegrece os dentes, provocando danos muitas vezes irreversíveis. Muitos mascadores habituais de bétele perdem os dentes já na idade de vinte e cinco anos. Além disso, a Agência Internacional para a Pesquisa do Cancro (IARC - International Agency of Research on Cancer) classifica a noz de bétele como um cancerígeno conhecido. Dosagens altas podem causar diarreia e tonturas. Doses muito altas podem ser mortais. O uso a longo termo pode causar habituação. Em pesquisas efectuadas entre consumidores que tanto usaram o tabaco como a noz de bétele disseram que, entre os dois, acharam mais difícil vencer o hábito de mascar a noz. Durante o domínio japonês sobre a Formosa (Taiwan), fez-se uma tentativa inútil de eliminar este costume. Hoje, naquela ilha, as lojas que vendem noz de areca têm tipicamente uma grande vitrine atrás da qual uma jovem mulher atraente, que geralmente não usa muita roupa, embrulha nozes de areca.
Segundo a Encyclopedia Americana (1956, Vol. 20, pág. 573), mascar areca produz "um efeito similar a mascar tabaco". O jornal Evening News de Bombaim, de 4 de abril de 1972, informou que a publicação da Sociedade Farmacêutica da Grã-Bretanha, Extra Pharmacopia, classifica a noz de areca como "narcótico". Por isso, algumas entidades governamentais indianas decidiram que esta noz não pode ser classificada como "alimento".

[editar]
Opinião de especialistas

Muitos médicos de Taiwan acreditam que há uma relação entre este costume e a alta incidência do cancro ou câncer da boca e da face naquela ilha. No Sri Lanka, o cancro do esófago é bastante comum, havendo quase duas vezes mais vítimas entre as mulheres do que nos homens. A investigação revelou que o factor destacado para esta estatística parecia ser uma deficiência de ferro no regime alimentar das mulheres. No entanto, como segundo factor foi apontado o hábito de mascar noz de areca, cujo hábito é especialmente feminino naquele país. Também, segundo o relatório Amrita Bazar Patrika, de Calcutá, o director-geral do Conselho Indiano de Pesquisas Médicas relatou que 60.000 pessoas morrem anualmente de cancro no Bangladesh. Ele comentou que o cancro da cavidade oral é muito comum "devido ao hábito no Bangladesh, de mascar uma mistura de folha de bétele e noz de areca com tabaco". Um estudo do Instituto Tata de Pesquisa Fundamental diz que a cada ano dez por cento de todos os novos casos de cancro na Índia são de cancro da boca, o que constitui cerca do dobro da média mundial. Para o Dr. R. Gunaseelan, especializado em cirurgia bucal e maxilofacial, e outros cirurgiões de todas as partes da Índia, a responsabilidade disso cabe principalmente ao vício de mascar pan. Ele declara no The Indian Express"Todos os tipos de pan são prejudiciais para a boca. Não há dúvida de que o pan pode causar cancro na boca e mascá-lo é o mesmo que pedir para ter deformidades na face."
Em Deli, na Índia, a incidência de cancro da boca é quatro vezes maior do que em Los AngelesCalifórnia, noticia o jornal The Indian Express. No ano 2000, relatava-se que mais de dezoito por cento dos novos casos de cancro entre a população masculina de Deli eram de cancro da boca, sendo que em 1995 eram apenas dez por cento. As principais causas foram identicadas como o fumar bidis (cigarros indianos), mascar tabaco e pan masala. O jornal considerou alarmante o aumento no uso de pan masala por parte de crianças em idade escolar, alertando que toda a Índia se encaminha para uma "epidemia de cancro da boca".







quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Mundo terá 1 bilhão de idosos dentro de 10 anos



Envelhecimento
Nos próximos dez anos, o número de pessoas com mais de 60 anos de idade no planeta vai aumentar em quase 200 milhões, superando a marca de um bilhão de pessoas.
Em 2050, os idosos chegarão a dois bilhões de pessoas - ou 20% da população mundial.
É o que informa um relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês) sobre o perfil demográfico global e o aumento da expectativa de vida em diversos países do mundo.
Superando os jovens
A tendência é que os idosos se tornem cada vez mais numerosos em relação às pessoas mais jovens.
Em 2000, a população idosa do planeta superou pela primeira vez o número de crianças com menos de 5 anos.
Agora, a entidade prevê que, em 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos vá superar também a população de jovens com menos de 15 anos.
Segundo a UNFPA, o envelhecimento da população será mais perceptível em países emergentes.
Hoje, cerca de 66% população acima de 60 anos vivem em países em desenvolvimento. Em 2050, essa proporção subirá para quase 80%.
Questões econômicas do envelhecimento
A agência da ONU diz que o aumento da expectativa de vida no planeta é "motivo de celebração", mas alerta para alguns riscos econômicos do envelhecimento da população.
A UNFPA alerta que o desafio para muitos países emergentes é encontrar políticas públicas para lidar com o envelhecimento desta população nas próximas quatro décadas.
No Brasil, a previsão é que o número de idosos triplique de hoje até 2050 - passando de 21 milhões para 64 milhões.
Por essas previsões, a proporção de pessoas mais velhas no total da população brasileira passaria de 10%, em 2012, para 29%, em 2050.
Idosos sustentam jovens
Um dos problemas enfrentados pelos idosos, segundo a ONU, é a discriminação.
O estudo da ONU também fala que existem mitos comuns sobre idosos que nem sempre são amparados pelos números.
Uma ideia amplamente difundida é a de que os mais jovens sustentam economicamente os mais velhos através do sistema de previdência.
Segundo a UNFPA, em muitos países, inclusive no Brasil, o caso contrário ainda é bastante comum.
"Em termos econômicos, ao contrário da crença popular, um número grande de pessoas mais velhas contribui com suas famílias, ao amparar financeiramente gerações mais jovens, e com as economias nacional e local, ao pagar impostos", diz o relatório.
"No Brasil, México, Estados Unidos e Uruguai, por exemplo, a contribuição [financeira] dada pelas pessoas mais velhas é substancialmente maior que a que eles recebem."
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...