terça-feira, 28 de julho de 2020

MISSIOLÉXICO - Criando palavras e expressões para (melhor) pensar a Missão



Ampliar e/ou melhorar a capacidade de uma língua de dizer algo é ampliar a própria capacidade intelectiva de seus usuários; novos conceitos e configurações técnicas, científicas e sócio-organizacionais (traduzindo: novas coisas, processos e fenômenos) demandam termos apropriados para sua eficaz sedimentação no universo reflexivo seja de um idioma, seja de uma disciplina em particular, ao enriquecer seu arcabouço epistemológico.

Em língua portuguesa, possuímos métodos diversos para a criação de palavras, métodos sabatinados nos ensinos Fundamental e Médio, como o leitor há de recordar: os métodos capitais da derivação e da composição, mas ainda as onomatopeias, as reduções e os métodos que foram mais explorados neste nosso exercício criativo: os hibridismos (a união de elementos de idiomas diferentes – em nosso idioma, geralmente do grego e do latim) e os neologismos, que são palavras criadas para suprir uma necessidade comunicacional em contextos específicos.

Um aviso aos navegantes: O texto aqui apresentado, claro está, é chancelado pela ludicidade e em muito também pela informalidade: o purista, antes que se ofenda, poderá considerá-lo apenas uma “brincadeira” ou no máximo um exercício despretensioso de reflexão.
É provável que muitos desses termos jamais tenham sido “usados”. Quanto à necessidade de engendrá-los, alguns me pareceram interessantes; outros, verdadeiramente úteis; outros ainda constam apenas como exercício de reflexão, como já dito. Vamos lá?

Apomissional: Apo, designativo de grande, superior (apo, apóstolo, apocalipse, apologia). Grande ideia ou ação em termos de alcance e relevância missionárias. Exemplo de ato apomissional: Distribuição de um milhão de Bíblias pela Portas Abertas na China (Projeto Pérola); impacto geral da Conferência de Lausanne. Exemplo de conceito apomissional: o conceito de Janela 10/40, proposto por Luis Bush.

Cadeia missiotróficaTrofé, comida, alimentação. Uma apropriação do termo ecológico cadeia trófica: “Cadeia alimentar” ou pirâmide sistêmica que representa a forma de sustentação da ação missionária considerada em relação a determinado indivíduo, organização, lugar, tempo, cultura. Um exemplo da cadeia missiotrófica tipicamente brasileira: Missionário é treinado com financiamento dividido entre recursos próprios, de sua igreja local, de uma agência missionária que mantém a instituição de treinamento; enviado para o campo, sobrevive em geral de ofertas de parentes e de sua igreja local. Pode ainda contar com ofertantes perenes ou esporádicos, de outras igrejas, cooptados através de visitas a estas igrejas e indivíduos, da divulgação em redes sociais etc. Ilustrativamente, comparar com a cadeia missiotrófica dos Irmãos Morávios: Indivíduo partia em missão munido de poucos recursos, e em geral jamais recebia ajuda posterior de seus enviadores.
A expressão poderia ainda referir o estudo da estrutura de sustentação e propagação do evangelho em culturas “exóticas” em relação aos nossos padrões ocidentais.

Cristão conectivo (igreja conectiva, missão conectiva): Pessoa ou instituição que, em prol do objetivo maior cristão que é levar o conhecimento de Cristo a todos os viventes, trabalha em profunda sintonia e liberalismo com outros cristãos e organizações, muitas vezes de inclinação denominacional e/ou teológica diferente da sua. Não se trata simplesmente do ecumênico, tanto no bom quanto no mau sentido que este termo carrega; é uma superação prática deste estágio, rumo a uma operacionalidade eclesial focada na ou demandada pela urgência missionária.

Cristobstar: Interpor, ser, promover obstáculos à propagação do conhecimento de Cristo (evangelização). Ex.: O governo saudita cristobstou nossos esforços. O governo chinês é o maior cristobstáculo asiático. Uma variação do conceito seria cristobstruir. Ex.: O direcionamento dos recursos da igreja para a aquisição da guitarra Fender é uma verdadeira cristobstrução.

Eklesioeirinilatria: Este termo quase cacofônico dá conta de um fenômeno que corporifica uma terrível contradição: ekklesia é o termo que em grego refere a “chamados para fora”; eirini é paz; latria é adoração. Assim, o termo refere o conjunto de “chamados para fora” que ama, adora estar “dentro”: na segurança da vida comunal da igreja, entre iguais, ou seja, em paz – ao contrário de lançar-se ao encontro do outro e à oposição que todo fiel de Cristo encontrará em sua interface com o mundo caído; patologia da pessoa ou instituição que se recusa a evangelizar e empenhar-se nos muitos processos que a ela conduzem. Horror ou desprezo pelo mundo que faz calar o amor do qual o Cordeiro o fez digno; medo cristão do mundo que supera a coragem que, como já mortos (e, logo, impossíveis de matar) temos ou deveríamos ter em Cristo. Adoração ou dependência viciosa da “paz das quatro paredes”.

Endoekklesia / endoeclesiaEndo, dentro. Igreja voltada para dentro; contradição em termos. Endoeclesismo: Relacionada ao termo anterior.

Etnópolis, etnópoleEtno, raça, etnia; pólis, cidade. Cidade polarizadora dentro de uma cultura, país ou região (regional, nacional, continental, mundial) que reúne, dentre todas de seu conjunto, a maior confluência de povos (etnias) diferentes. Ex.: Nova Iorque é a maior etnópole do mundo. São Paulo, por sua vez, reúne a maior variedade de povos diferentes dentro do Brasil. Você saberia identificar a etnópole de seu estado? Nem sempre é a capital. Remete indiretamente à estratégia paulina de plantar igrejas em grandes centros do helenismo, para com isso facilitar a propagação do evangelho.

ExomissiologiaExo, fora. Acredite, há quem creia que existam formas de vida, e inteligentes, habitando em outros planetas. A Bíblia não nega, mas também não afirma e mesmo não fala nada sobre isso (embora há quem utilize o texto de João 10.16 para considerar tal possibilidade). Agora, imagine a questão. Seres inteligentes, em suposição igualmente caídos, personagens de culturas e processos outros que não os que nós vivenciamos, e eles também necessitados de re-ligação com o Criador, através da ponte Jesus Cristo. Que corpo fantástico de conhecimentos seriam necessários para que pudéssemos levar o evangelho a tais seres? Esta é a função da exomissiologia. Mas ei, este termo não é meu, já existe e há até uma tese de mestrado sobre o tema (HOFFMANN, 2004). Fascinante, não?
Mas, agora deixe-me ir além. E se não formos nós os emissários (transmissores), mas sim os receptores tanto de um contato com alguma outra civilização planetária, quanto com uma nova (ou nova faceta da) revelação (não confundir com um novo evangelho, que é anátema) que eles nos tragam acerca da obra de Cristo? Como lidar com esse aporte? Como debater, negar, avaliar, contextualizar? Uma ciência ou disciplina à parte se faria necessária, um novo braço ou ramo da (exo)missiologia, portadora de um novo nome exatamente para diferenciar epistemologicamente os estudos: uma xenoteologia e, porque não, uma xenomissiologia. Pois em grego xeno significa estrangeiro, mas também, convidado; logo, alguém que vem a nós.

KeryssofobiaKerisso, proclamar, anunciar, tornar conhecido, e fobia, medo. Medo do chamado. Após a percepção, por parte do indivíduo (percepção que por vezes dá-se até mesmo por métodos sobrenaturais), de que Deus o está chamado para a ação missionária, um misto de terror e desespero toma conta do mesmo, que não se imagina nem capaz de cumprir o chamado, nem desejoso de abandonar seu modo de vida atual. Aquele que já viu essa rejeição fóbica atuando num indivíduo em seus níveis extremos, percebe que ela pode aparentar ou assemelhar-se mesmo a uma patologia psicológica.

KeryssotomiaKerisso, proclamar, anunciar, tornar conhecido, e tomia, cortar. Corte, interrupção ou impedimento na obra de proclamação do evangelho. Quebra da (cadeia de) proclamação.

MazetniaMazi, junto; etnia, povo. Estar junto a uma etnia; etnia de adoção. Emprega-se para aquela pessoa que recebeu/percebeu um chamado especial para (trabalhar com, interceder, amar) determinado povo (etnos). Ex.: “Os ianomâmis são minha mazetnia”.

Missioastenia: Astenia, perda ou diminuição da força física. Debilidade (após eventual período de sucesso ou regularidade) de um indivíduo, uma organização, uma cultura ou mesmo toda uma era no seu desempenho missionário.

Missiocultura: Cultura, clima, atmosfera, comovisão (de pessoa ou grupo) centrada na Missio Dei. Ex.: “Aquela igreja vive em missiocultura”.

MissiofagiaFagia, comer. Ação de (re)direcionar para outros propósitos (ou quase que literalmente alimentar-se d)os recursos (financeiros, humanos e espirituais) que Deus providenciou para serem investidos em MISSÕES. Ex.: “Aquele pastor é um missiófago”.

Missiolaetaria: Uma espécie de alegria, de contentamento no Espírito, ocasionada exclusivamente pelo cumprimento da missão; aquela conhecida e simples satisfação de “missão cumprida”, acessível a qualquer ser humano, mas aqui potencializada no indivíduo cristão pelo Espírito Santo; é uma alegria sobrenatural, e traz consigo temor e tremor; uma paz associada a um aumento da certeza, de fazer parte dos processos maiores e globais (universais) de Deus, mesmo em ação no mínimo, no local. Uma alegria eu diria quase sabática, pelo descanso equalizador que ela acarreta; um contrito, pequeno, “civilizado” êxtase.

Singularidade TavTav, Taf, última letra do alfabeto hebraico. Em filosofia, em física e em outras áreas, alguns eventos-mestres são chamados de ‘singularidade’. Por exemplo, temos a hipótese da ‘Singularidade tecnológica’: o momento em que a inteligência artificial (IA), atingindo estado superior, autoreplicável, autoaperfeiçoável, ultrapassará o que é humano, nos tornando não apenas obsoletos, mas eventualmente dispensáveis (futuro discutido em filmes como Exterminador do Futuro e Matrix).
Agora me diga: você já imaginou o que pode acontecer no momento exato em que o último povo da Terra (não pela nossa incerta contagem humana, mas pela de Deus) for alcançado? Aquele momento exato e quase mágico em que a Grande Comissão, aos olhos de Cristo o Comissionador, for finalmente concluída? Tal evento merece com certeza o epíteto de singularidade. Como nomear tal singularidade? Me pareceu por bem utilizar a última letra do alfabeto hebraico. Você poderia propor, “por que não uma Singularidade Ômega, já que Ele o Cristo é o Alfa e o Ômega?”. A razão é que tal terminologia já existe em ciência (SCHMIDHUBER, 2006, baseado em CHARDIN, 1969), designando outro fenômeno.

Xenomissiologia – Ver Exomissiologia.


Referências:

CHARDIN, Teilhard. The Future of Man. New York: Perennial, 1969.
HOFFMANN, Thomas. Exomissiology: The Launching of Exotheology. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/229646070_Exomissiology_The_Launching_of_Exotheology
SCHMIDHUBER, Juergen. Website do autorhttp://people.idsia.ch/~juergen/


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Sammis Reachers - Licenciado em Geografia, com pós graduações em Metodologia do Ensino e Gestão Escolar, é professor, escritor, promotor missionário e editor de recursos vários para servir aos esforços de conscientização e de mobilização missionárias.


Você é livre para reproduzir este material e seu conteúdo, no todo ou em partes, desde que citando autor e fonte.

domingo, 12 de julho de 2020

Aliança Francesa dá aulas online gratuitas de francês para iniciantes


Aliança Francesa de São Paulo está ministrando aulas semanais online e gratuitas de francês para iniciantes.
O curso traz aulas temáticas por meio da plataforma Zoom. Durante os Ateliers de Francês ao vivo, os alunos aprendem os elementos de base da língua para iniciarem uma conversa em francês.
É justamente para um público iniciante, que teve pouco ou nenhum contato com o idioma. Entre os temas desenvolvidos estão: se apresentar, expressar e explicar seus gostos pessoais, falar sobre a família e atividades cotidianas.
As aulas acontecem todas as sextas-feiras (de 3 a 24 de julho), sempre às 18h e com 1h de duração. Para participar é necessário se inscrever três dias antes, na terça-feira de cada semana, a partir de um evento digital na plataforma Sympla. O interessado recupera seu ingresso e, em seguida, recebe o link de acesso por e-mail. Vale lembrar que os ingressos estão sujeitos a esgotamento.
A iniciativa, segundo a Aliança Francesa, é para seguir com a missão de divulgar a língua francesa e a cultura francófona no Brasil, que agora chega ao público diretamente em sua casa ou onde quer que esteja.
Ateliers de Francês (VAGAS LIMITADAS):
Próxima Aula: sexta-feira 10/07, às 18h
Ne ratez pas!
Temas:
Aula: Se présenter (Apresentar-se)
Aula: Exprimer ses goûts et préferences (Expressar seus gostos e preferências)
Aula: Présenter sa famille et actions quotidiennes (Apresentar sua família e atividades quotidianas)

sexta-feira, 20 de março de 2020

Cheondoísmo: Você conhece essa religião coreana?

Símbolo do chendoísmo
O Cheondoísmo, também conhecido como Chondoísmo é uma doutrina e movimento de ordem religiosa de origem coreana que começou a ganhar força no século XX, que é baseado em outro movimento coreano que teve grande importância no século XIX. Esse movimento anterior ao Cheondoísmo teve origem nas rebeliões de camponeses que aconteceram no território da Coreia (O rompimento na Coreia só ocorreu no século XX, no qual originou a Coreia do Norte e Coreia do Sul) em 1812, enquanto a Dinastia Joseon vigorava nas terras coreanas. Dentre outro fatores, absorveu elementos budistas e xamanistas.
Apesar de estarem presentes em ambas as Coreias, a religião Cheondonísta tem maior incidência na Coreia do Norte, onde os preceitos religiosos da doutrina dizem que Deus está presente em cada uma das pessoas, e que as boas atitudes devem estar sempre presentes em suas ações cotidianas. Como dizem que Deus se encontra em cada um, os praticantes dessa religião dizem que a vida deve ser vivida de forma intensa no presente, já que não acreditam em uma possível vida após a morte, como pregam muitas doutrinas religiosas, como o Cristianismo.
O movimento religioso é apontado, segundo o regime da Coreia do Norte, como a principal religião do território, com cerca de 10% da população envolvida com a religião. No entanto, o Cheondoísmo chegou com força, também, na Coreia do Sul, no qual o país registra, ano após ano, um crescimento significativo de seguidores da doutrina Cheondoísta.
No ano de 2005, foi feito um censo que determinou que, na Coreia do Sul, mais de 1.131.00 pessoas eram adeptas do movimento religioso, contabilizando, também, mais de 280 templos religiosos da seita por todo o território.
Em suma, o Cheondísmo determina que o Céu – que, na verdade, representa todo o Universo- é o limite para todas as ações e realizações mundanas. Por conta disso, a vida, segundo eles, é somente essa, descartando uma possível vida pós-terrena. Diz ainda que o Céu atua como “um instrutor” na vida cotidiana dos fieis, no qual o Deus é encontrado em cada um, e não um somente na qual todos devotam. Cabe a cada um, buscar o Deus interior e, por fim, agir como um, como, por exemplo, em boas ações e projetos que não prejudiquem o próximo.
Por essa noção de não existir uma vida após a morte no paraíso, a crença da religião determina que o “Paraíso” deva ser feito na Terra, com atitudes que façam prosperar a cooperação, a humildade, a compaixão, o amor e, principalmente, a paz entre as pessoas.


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Alemanha, Deutschland, Germany: Por que um mesmo país tem nomes diferentes? Conheça os exônimos


Um exônimo (português brasileiro) ou exónimo (português europeu) (do grego ἔξω (éxō) 'externo' + ὄνυμα (ónyma) 'nome') é um nome pelo qual um nome próprio é conhecido em outra língua que não aquela(s) falada(s) nativamente. Em outras palavras, exônimos são nomes estrangeiros para nomes próprios, especialmente para topônimos, ou seja, nomes de lugares ou feições geográficas. Por exemplo, os nomes LondresMoscou/Moscovo e Pequim são exônimos em português respectivamente para as cidades de LondonМосква (Moskva) e 北京 (Běijīng), cujos originais estão em inglêsrusso e chinês. Ainda mais especificamente, Москва pode ter as formas exonímicas Moscou em português brasileiro e Moscovo em português europeu.
O oposto de exônimo é o endônimo, ou nome nativo (ou "autóctone").[1]
Há basicamente os seguintes tipos (ou subcategorias) de exônimos:
  • os exotopônimos - traduções e adaptações de nomes de lugares
  • os exantropônimos - traduções e adaptações de nomes de pessoas
  • os (exo)etnônimos - traduções e adaptações de nomes de povos e nacionalidades
  • os heteroglotônimos - traduções e adaptações de nomes de idiomas e dialetos

Exônimos: História e tendências

Exônimos eram a forma principal pela qual os nomes de paísescidades e regiões eram conhecidos pelos outros povos até o século XX. As pessoas se acostumavam a ouvir nomes de lugares distantes e adaptá-los para facilitar a pronúncia em suas próprias línguas. Assim, os exônimos seguem a lógica da língua do observador. Na maioria dos casos, os exônimos foram simples adaptações fonéticas e ortográficas, seguindo padrões de nomenclatura que "faziam mais sentido" em cada língua. Por exemplo, a cidade italiana Firenze é chamada de Florença em português, Florence em inglês e Florencia em espanhol, cada forma coerente com a lógica de seu idioma. Ocorre o mesmo com o nome "Jerusalém", forma adaptada para o português a partir do original hebraico/aramaico Yeroushalaim. Neste caso, diz-se que são exônimos cognatos.
Em outros casos, porém, exônimos são não-cognatos – ou seja, são criações inteiramente novas e diferentes do idioma nativo do local batizado, como o nome Albânia para o país que em albanês é chamado de Shqipëria ("terra das águias"). Inclusive, um mesmo lugar pode ter versões não-cognatas (ou seja, que derivam de raízes etimológicas diferentes) até em línguas próximas. Por exemplo: os nomes Alemanha (português), Alemania (espanhol), Yr Almaen (galês), Almanya (turco) e Allemagne (francês) são aparentados, enquanto Germany (inglês), Guermaniya (russo, búlgaro) e Germania (italiano) pertencem a outro grupo, que por sua vez contrasta com Nemačka (sérvio), Nemecko (eslovaco) e Németország (húngaro) e ainda Tyskland (dinamarquês, sueco) e Duitsland (neerlandês), estes cognatos do endônimo alemão Deutschland. Embora pertencentes a quatro grupos inteiramente distintos, são todos exônimos para designar o mesmo país.
A aparição de exônimos era tanto maior quanto mais variado fosse o número de povos entrando em contato e trocando informações, em particular desde a Antiguidade. Já locais de colonização mais recente (principalmente ocidental) receberam nomes oficializados e padronizados em documentações institucionais e divulgadas mundialmente sob os auspícios dos Estados e dos poderes constituídos. Por esse motivo, cidades na Europa, na Ásia e no norte da África tendem a ter mais exônimos que as aglomerações urbanas das Américas, do sul da África e da Oceania.
Antes da Idade Contemporânea, a criação de exônimos era incentivada pela falta da escrita (populações majoritariamente analfabetas), pela comunicação oral que muitas vezes mal-interpretava a pronúncia nativa, pela referência a mapas antigos e pouco precisos e pelo contato internacional mediado por relativamente poucos (em comparação com a sociedade inteira) mercadores, diplomatas e cartógrafos. O desenvolvimento das tecnologias de comunicação nas últimas décadas criou uma situação sem precedentes em que os cidadãos comuns de vários países se comunicam em larga escala uns com os outros. Isto tem facilitado o aprendizado de endônimos por populações às vezes muito distantes geográfica e culturalmente.
A disseminação da internet também permitiu o acesso direto a fontes originais, com as formas autóctones de grafia e pronúncia dos nomes próprios. A mídia, principalmente, tem tido um papel de destaque na solapação de exônimos, ao disseminar nomes "nativos" em lugar de formas preexistentes na língua corrente. Vários jornalistas e personalidades de mídia — por ignorância, pressa ou desleixo —, utilizam nomes estrangeiros em vez de formas consagradas (inclusive na língua portuguesa) ao longo de séculos por cartógrafos, historiadoresgeógrafos e diplomatas, e registradas em atlasenciclopédias e livros especializados. O uso de exônimos, portanto, é um problema negligenciado pelo jornalismo internacional.
Atualmente, alguns críticos consideram o uso de exônimos como forma de etnocentrismo e defendem que cada local seja conhecido por seu próprio nome autóctone, inclusive ignorando formas plenamente usadas em outros idiomas. Há, no entanto, diferentes níveis nesta posição, das mais radicais (que propõem usar Deutschland para Alemanha, por exemplo) às mais moderadas (que defendem "exceções consagradas", ainda que o critério de consagração seja vagamente definido).
Em contraposição, outros críticos aduzem que a recomendação da ONU de utilizar formas originais (ver abaixo) é uma mera declaração de intenções sem consequências práticas, pois a adaptação de nomes é um fenômeno perfeitamente normal em quase todas as línguas e que não pode ser suprimido por decreto. Lexicógrafos, inclusive as academias de letras, costumam se opor a esta nova tendência de ignorar as adaptações (que deve ser adotada em círculos profissionais, como bibliotecários e arquivistas, ou políticos) e continuam considerando obrigatório o uso dos exônimos, tanto tradicionais quanto recém-criados, pelo menos nos âmbitos não-oficiais. O lexicógrafo galego José Martínez de Sousa justifica este critério da seguinte forma:
"Em escritos não-profissionais, na literatura e no jornalismo, os exônimos são de uso obrigatório, já que as formas originais são desconhecidas e carecem de enraizamento com a cultura popular e a fonética de cada língua. Caso contrário, teria que ser utilizada, como de fato fazem os profissionais mencionados (bibliotecários e arquivistas) uma série de sinais fonéticos ou combinações de letras (especialmente nas transcrições) que o grosso do público desconhece e só servem para desorientar."[2]

Exônimos em português


 A língua portuguesa teve uma rápida expansão no número de exônimos a partir das Grandes Navegações, quando os mercadores e colonizadores registravam os topônimos das "novas terras" adaptados à pronúncia e ortografia portuguesas. Vários exônimos europeus para cidades e países da Ásia, como Formosa e Japão, derivam dos nomes que os portugueses davam a estes locais (neste caso, Cipango; o original é Nihon). O português europeu e africano é de certa forma mais conservador que a variante brasileira e, por isso, utiliza exônimos mais extensivamente. Vários nomes para cidades europeias — como Estugarda e Utreque — são comuns em Portugal e nos PALOP mas caíram em desuso no Brasil.
Os portugueses também criaram novos nomes para as áreas que colonizaram na América, na África e na Ásia (ÍndiaChina e Indonésia). Do ponto de vista histórico, o nome Brasil era originalmente um exônimo, já que povos do tronco tupi chamavam o território de Pindorama. Ao longo do tempo, com a colonização e a criação de uma população nativa que falava português (principalmente de meados do século XVIII em diante), o nome se consolidou como endônimo. O mesmo pode-se dizer do nome Rio de Janeiro para o lugar que os índios chamavam de Guanabara, se for considerada a formação geográfica já existente (o que não existiam era a cidade e o ente político-administrativo).
Os exônimos em português costumam seguir algumas normas e particularidades:
  1. Acentuação gráfica sempre que necessária.
  2. Utilização da ortografia corrente, com os acentosdiacríticos e dígrafos presentes no alfabeto português, mas sem as letras e sinais não portugueses, como KWYÑPH e SH.
  3. Tradução de prefixos ou termos de situação relativa (Alto, Baixo, Novo, Velho, Grande, Pequeno, Maior, Menor): Antilhas MenoresNew York → Nova York ou Nova IorqueNew Orleans → Nova OrleãesNiedersachsen → Baixa SaxôniaGreat Britain → Grã-BretanhaPrednistrovie → Transnístria
    1. Acréscimo (por sufixação) de vogais e acentuações em terminações indicativas de cidade, região ou país: Seeland → ZelândiaIjsland → Islândia; mas Cf. Éire/Ireland → IrlandaNederland → NeerlândiaAnnapolis → AnápolisMinneapolis → MineápolisEdinburgh → EdimburgoStrasbourg → EstrasburgoHamburg → HamburgoBeograd → BelgradoLeningrad → LeningradoTitograd → Titogrado; Poland → Polónia
  4. Eliminação de artigos (em contraste com árabeespanholitaliano e outras línguas): Al-Kuwait → KuwaitLa Habana → HavanaA Coruña → Corunha (OBS.: casos como El SalvadorLos AngelesLas Palmas não são exônimos, mas endônimos, o nome original)
  5. Acréscimo de vogais para evitar consoantes "mudas": Iraq → IraqueAl-Beyrut → BeiruteBangkok → BanguecoqueNew York → Nova Iorque (ver acima)
  6. Substituição das terminações -an e -am por  ou -ãoPakistan → PaquistãoIran → Irã ou IrãoAmsterdam → Amsterdã ou Amsterdão
  7. Substituição das terminações -in e -en por -im ou -émBerlin → BerlimBenin → BenimDublin → DublimYemen → Iêmen
A esse respeito, o Formulário Ortográfico da Língua Portuguesa de 1943 (em vigor oficial no Brasil) prescreve que:
"39. Os nomes próprios personativos, locativos e de qualquer natureza, sendo portugueses ou aportuguesados, serão sujeitos às mesmas regras estabelecidas para os nomes comuns. (…) 41. Os topônimos de origem estrangeira devem ser usados com as formas vernáculas de uso vulgar; e quando não têm formas vernáculas, transcrevem-se consoante as normas estatuídas pela Conferência de Geografia de 1926 que não contrariarem os princípios estabelecidos nestas Instruções".[3]
LEIA MAIS SOBRE O TEMA:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Ex%C3%B4nimo

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

A ÊNFASE MISSIONÁRIA DA BÍBLIA



A ÊNFASE MISSIONÁRIA DA BÍBLIA

A primeira mensagem no nascimento de Cristo foi uma mensagem missionária - Lc 2. 10;
A primeira oração que Cristo ensinou foi uma oração missionária - Mt 6. 10;
O primeiro discípulo, André, tornou-se o primeiro missionário - Jo 1. 41;
A primeira mensagem do Senhor ressuscitado foi uma mensagem missionária - Jo 20. 17;
O primeiro mandamento do Senhor ressuscitado para seus discípulos foi um mandamento missionário - Jo 20. 21;
O primeiro sermão apostólico foi um sermão missionário - At 2. 17-39;
A primeira razão que o Senhor deu para o amor cristão foi uma razão missionária - Jo 13. 35;
A primeira vinda de Cristo foi para um trabalho missionário - Lc 6. 13-21;
A segunda vinda de Cristo deve ser apressada pela obra missionária - Mt 24.14;
O último desejo de nosso Salvador foi um desejo missionário - Mt 28. 19;
O último desejo do Senhor que partiu deve ser o primeiro desejo de Seu povo que o espera. - (Mc 16. 15)
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