Por Camila Maccari
A Copa acabou, o Brasil, por incrível que pareça, conseguiu um honroso 4º lugar, mas, do outro lado do mundo, um país inteiro estava ligado a outra competição. Na Mongólia, o grande torneio tem pessoas montadas em cavalos correndo pelas estepes. Esse é Naadam, festival em homenagem ao Gêngis Khan, o grande imperador mongol.
Todo jovem mongol, independentemente do sexo, sonha em ganhar uma medalha no Naadam, maior festival de esportes da Mongólia, inspirado no treinamento militar dos exércitos de Gênghis Khan, o conquistador que unificou um império duas vezes maior que o Brasil e fez fama pelas carnificinas em guerra.
Neste ano, o torneio coincidiu com a fase final do Mundial de futebol no Brasil. Com atletas de todos os cantos da Mongólia e turistas do mundo todo, o país também ficou em clima de festa. Mas a deles está mais para uma olimpíada. E cada cidade e aldeia celebra o festival, mas o mais famoso é o da capital, Ulan Bator.
A competição mais aguardada é a corrida de cavalos, disputada até por crianças, que atravessam 20 km entre as estepes. A festa, que começa no Estádio Central, é cheia de pompa, autoridades e VIPs que esperam a chegada dos nove estandartes brancos de Gêngis Khan para a abertura oficial. É a oportunidade perfeita para conhecer um pouco da cultura local: são mais de duas horas dedanças religiosas budistas, canções tradicionais, desfile de motoqueiros e shows de rock nacional. Certamente mais interessante que abertura da Copa no Itaquerão.
No fim do dia, a maioria permaneceu nas estepes e dormiu em uma ger, habitação circular que serve de quarto e sala e é utilizada pelos nômades, que representam 30% da população local. Como os exércitos de Gêngis Khan, eles se movimentam por campos e aldeias.
Além de aproveitar o festival, o verão é a melhor época de conhecer Ulan Bator sem voltar asfixiado. A cidade vive em acelerado crescimento econômico por causa mineração, que dá a ela outro título, de capital mais poluída do mundo. No inverno, além do carvão das usinas, a população utiliza o mineral para se aquecer de temperaturas que chegam a -30°C – na época do Naadam, as temperaturas chegam a agradáveis 20°C.
Dá para passear pelas ruas abarrotadas de gente (mais de 30% da população do país vive na capital), admirar modernos edifícios e antigos monumentos. Sem parar, coma de pé um buuz, tradicional bolinho recheado de carne de carneiro no vapor, acompanhado de chá gorduroso feito com leite salgado, combo mais pedido da rede de fast-food Khan Buz.
E, diferentemente da nossa Copa, a dos mongóis ocorre todo ano.
O festival é patrimônio imaterial da Unesco, que mostra como é a coisa toda neste vídeo:
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