A
carne de cavalo, que causou polêmica no Ocidente há algum tempo, devido ao
escândalo envolvendo empresas europeias que comercializavam produtos que
continham o alimento, é uma iguaria muito cara e apreciada na Ásia Central e
nas regiões muçulmanas da Rússia.
"A cor e o sabor são parecidos com os da carne bovina, mas é
preciso cozinhá-la pelo dobro do tempo. O bom é que quase não tem gordura, e
por isso é considerada mais saudável", disse à Agência Efe a chef Gulnar
Aldéshova, do restaurante Aiser, que fica em Astana, capital do Cazaquistão.
Etnias orientais como os cazaques, uzbeques, tártaros e bashkirios
apreciam o alimento consumido com frequência, seja cozido ou em embutidos.
"Nos bazares no Cazaquistão, a carne de cavalo jovem é muito mais
cara que a bovina. Além disso, é considerada mais natural que o cordeiro, que
tem muito osso e pouco que comer", acrescentou Gulnar.
O quilo da carne de cavalo custa cerca de US$ 18 (R$ 35), preço muito
elevado para um habitante dessa república centro-asiática, onde o cavalo ocupa
posição de honra, já que os Cazaques, assim como os lendários mongóis, eram um
povo nômade.
"Não há nenhum cazaque que não goste de carne de cavalo. Cada um
tem, pelo menos, um cavalo, e os ricos têm fazendas com dezenas de cabeças. É
uma questão de prestígio", contou a chef.
Quanto mais jovens forem os cavalos, maior será a qualidade da carne
(principalmente entre 1 e 3 anos de idade), que acumula menos gordura e é mais
macia.
Os pratos mais populares com carne equina são o "beshbarmak",
prato típico do Cazaquistão, e o "kazi", embutido feito com carne
magra e com a gordura do animal, e cujo preço por quilo é de cerca de 25 euros
(R$ 64) nos mercados.
Beshbarmak significa "cinco dedos" (tradução livre), e indica como
deve se comer o prato: com as mãos, e não com os tradicionais talheres.
Segundo os especialistas, a carne de cavalo é a que tem maior
porcentagem de proteínas (25%). Além disso, contribui para reduzir o nível de
colesterol no sangue, e possui grande quantidade de vitaminas, potássio, sódio,
ferro e fósforo.
Por isso, o seu consumo é indicado para os atletas, devido à baixa
concentração de gordura e ao seu nível calorórico; e também para as grávidas,
os anêmicos e as crianças, por ser rica em ferro.
Mesmo assim, é preciso tomar alguns cuidados ao consumí-la, pois se
estiver mal passada existe um grande risco de contrair doenças como a
triquinose, verminose que pode causar até insuficiência cardíaca, e
salmonelose, infecção alimentar causada por uma bactéria.
As "más línguas" dizem que a "lenda" da carne de
cavalo tem origem nos soldados de Napoleão, que quando retornaram à França,
após a fracassada invasão da Rússia, tiveram que comer seus próprios cavalos, e
utilizaram pólvora para temperá-los.
Nota: dos países da Ásia Central (Cazaquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tadjiquistão), os turcomenos não consomem carne de cavalo, por darem muito valor a este animal.
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