Buzkashi (ou Kokpar) é o esporte mais barra pesada do mundo. É muito parecido com o polo, no qual os jogadores, de cima de seus cavalos, batem em uma bola com tacos e tentam marcar gols na área adversária. Um elitismo só. Buzkashi é praticamente igual. As únicas diferenças são que, em vez de uma bola, é usada a carcaça de uma cabra sem cabeça. E no lugar dos ricaços, temos jogadores, digamos, rústicos.
As regras variam, mas, em geral, os jogadores têm de agarrar a cabra decapitada, arrastá-la pelo campo e atirá-la em um determinado local, o "gol" adversário. Os outros atletas, chamados "chapandaz", tentam pegar o bicho de volta. No Afeganistão, onde é considerado o esporte nacional (o esporte é , a federação local determinou que é contra as regras atacar ou derrubar os outros de seus cavalos deliberadamente, mas é claro que, para um esporte que é disputado com chicotes e paus em punho, fica difícil fazer um "gol" sem apanhar no trajeto. Bater nos cavalos dos adversários com os chicotes, tudo bem, é liberado pelas regras.
Não raramente morrem "chapandaz", cavalos e espectadores que assistem a uma certa distância, mas, sem querer, acabam atropelados durante os confrontos.
O Afeganistão é o "país do buzkashi". Se um jogador de futebol com 40 anos já não serve para partidas profissionais de alto nível, aqui é o contrário: os "chapandaz" mais habilidosos costumam ser quarentões. Os prêmios são imensas quantias de dinheiro, terrenos ou lotes de AK-47.
O que é muito curioso é que, no Afeganistão, o buzkashi foi banido quase totalmente em 2002. Foi quando o grupo político extremista Talibã assumiu o poder e decretou que o esporte era imoral. Mas, tão logo o regime caiu, para o azar das cabras, o buzkashi voltou.
Esta versão sangrenta do polo começou a ser jogada 800 anos atrás, quando o exército de mongóis de Gengis Khan dominou boa parte da Ásia. De lá para cá, o buzkashi ficou bem mais profissional. Há times de várias regiões que se reúnem em locais dotados de arquibancadas, onde o público pode torcer. Os cavalos normalmente pertencem a militares ou governantes poderosos.
"Buzkashi Boys"
Este foi o esporte que inspirou o cinegrafista americano Sam French a produzir, em 2012, o documentário Buzkashi Boys. O trabalho foi indicado ao Oscar naquele ano.
French contou que foi para o Afeganistão atrás de uma garota em 2008 e acabou se apaixonando pelo país, e não por ela. "Eu imediatamente vi que havia uma desconexão entre o que nós víamos nas notícias e o que eu via todos os dias. Não são apenas bombas, balas e burcas", disse o cinegrafista em uma entrevista concedida em 2012.
O documentário foi gravado em Cabul, capital do Afeganistão, e mostrou as histórias de dois garotos: um mendigo que sonhava com uma vida melhor e um que queria seguir os passos do pai, um ferreiro. French se disse inspirado pelos dois meninos porque, nos Estados Unidos, eles sonhariam em ser estrelas do basquete ou do futebol americano. Ali, o sonho deles era jogar buzkashi e conseguir uma vida melhor.
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