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O Natal é uma das celebrações mais difundidas no mundo, tanto pelo Cristianismo quanto pelo sistema capitalista. Mesmo assim, ainda causa controvérsia em diversos países, onde é vista como ameaça a outras religiões ou a tradições locais.
Nos últimos anos, em alguns países da Ásia, as celebrações natalinas e até as de Ano Novo têm sido desencorajadas, reguladas ou totalmente proibidas - mesmo para as comunidades cristãs que vivem nestes países.
Em meio a crescentes tensões com as potências ocidentais, o governo da Coreia do Norte se tornou mais hostil em relação ao Natal. O regime de Kim Jong-un não permite nenhuma celebração religiosa para os cristãos e, no dia 24 de dezembro, diz que a população deve celebrar o nascimento da "Mãe Sagrada da Revolução", a mãe do ex-líder Kim Jong-il. Em 2013 e 2014, as Coreias do Norte e do Sul trocaram farpas depois que a segunda ergueu uma enorme árvore de Natal na fronteira entre os países. O governo do Norte chegou a ameaçar um conflito por causa da prática.
Em 2016, Kim Jong-un chegou a proibir qualquer celebração também para os cristãos. E em novembro desse ano, estabeleceu uma nova regra que proíbe "quaisquer reuniões que envolvam álcool e cantoria", segundo a agência de inteligência sul-coreana.
Na China, o maior aliado da Coreia do Norte, os cristãos comemoram o Natal apesar de a festa - bem como o próprio Cristianismo - ser proibida no país desde a revolução socialista.
Apesar de clandestina, a igreja católica chinesa tem apoio do Vaticano, e o número de fieis cristãos se multiplicou na última década, segundo estimativas não-oficiais. E a festa de Natal tem se tornado mais popular entre famílias afluentes nas maiores cidades do país.
A cidade de Wenzhou, na província rica de Zhejiang, proibiu atividades natalinas em escolas e jardins de infância há cerca de três anos.
E segundo o jornal britânico The Telegraph, associações estudantis de uma universidade no Nordeste da China proibiram feriados como Natal e Ano Novo em 2017 para evitar a "corrosão da cultura religiosa oriental".
A Liga da Juventude Comunista na Universidade Farmacêutica Shenyang escreveu uma nota online dizendo aos estudantes que a proibição tinha o objetivo de desenvolver sua própria "confiança cultural".
"Nos anos recentes, influenciados pela cultura ocidental e por negócios individuais, assim como por opiniões públicas errôneas expressadas na Internet, alguns jovens estão cegamente excitados pelos feriados ocidentais, especialmente feriados religiosos como a véspera de Natal e o dia de Natal", diz a nota.
Papai Noel proibido
Há dois anos, a Somália, o Tajiquistão, na Ásia Central, e Brunei, no sudeste asiático, chamaram a atenção do mundo com duras restrições aos símbolos e tradições natalinas.
No Tajiquistão, que tem maioria muçulmana, mas é, a rigor, secular, a lista de proibições inclui:
- Árvores de Natal (naturais ou artificiais);
- Fogos de artifício;
- Ceias natalinas;
- Troca de presentes;
Nos anos anteriores, a figura do "Papai Gelo", o equivalente russo do Papai Noel, foi proibida nas televisões do país. Antes disso, outra festa folclórica popular no Ocidente, o Dia das Bruxas também foi proibido no país. Em 2013 e 2014, policiais chegaram a prender pessoas vestidas de zumbis e vampiros, segundo a imprensa internacional.
Brunei também proibiu celebrações em público - que rendem multas e prisão aos que forem pegos até mesmo usando chapéus de Papai Noel, cantando hinos religiosos e colocando decorações temáticas.
Líderes religiosos do país, que vem adotando a sharia (lei islâmica), disseram que violar a proibição, que inclui usar símbolos religiosos como cruzes, acender velas, cantar músicas religiosas e até dizer "Feliz Natal", pode render até cinco anos de prisão.
Pessoas não muçulmanas ainda podem celebrar a festa, mas não devem fazê-lo "excessivamente e abertamente", segundo o governo. Lojas também tiveram que retirar suas decorações.
Também em 2015, a Somália proibiu o Natal com a justificativa de que, por ser um país muçulmano, não precisaria da festa. O governo justificou a proibição dizendo que o Natal e o Ano Novo "não têm nada a ver com o Islã".
Na época, o Ministério da Religião disse ter mandado cartas para a polícia, para a agência de inteligência e para autoridades na capital, Mogadishu, instruindo-os a "impedir celebrações de Natal".
As autoridades também afirmaram que as comemorações de fim de ano poderiam atrair ataques do grupo extremista islâmico Al-Shabaab.
Na Arábia Saudita, o Natal não chega a ser oficialmente proibido, mas as celebrações são desencorajadas, até mesmo para expatriados que vivem no país. Uma regulamentação anual proíbe "sinais visíveis" da festa.
Em 2012, 41 cristãos chegaram a ser detidos pela polícia religiosa árabe acusados de "conspirar para celebrar o Natal".
No Ocidente
A festa cristã também chegou a ser proibida, ainda que temporariamente, em países ocidentais.
A Inglaterra proibiu a celebração natalina em 1647, depois que o líder político e militar Oliver Cromwell derrubou a monarquia e executou o rei Charles 1º. Mercados natalinos foram fechados e a população foi às ruas de Londres para protestar.
O Natal só voltou a ser permitido em 1660, depois da morte de Cromwell e da restauração da monarquia.
Governos puritanos de estados americanos também ameaçavam punição a pessoas que celebrassem o Natal entre as décadas de 1620 e 1680. E o regime socialista de Fidel Castro em Cuba proibiu as comemorações de 1969 até 1998 - quando o Papa João Paulo 2º persuadiu o líder cubano a declarar o dia de Natal como feriado nacional.
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